Mais de 27 milhões de pessoas amargam o drama do desemprego ou a humilhação de só encontrar bico pra sobreviver.
No debate da Band, Alckmin defendeu a reforma trabalhista para, segundo ele, combater o desemprego, modernizar a legislação e acabar com a ‘mamata’ do imposto sindical.
Muito menos cuidadoso com as palavras, Bolsonaro também defendeu a mesma reforma trabalhista votada no ano passado, mas sem o refinamento do ex-governador. “Sensibilizado” pelos empresários, Bolsonaro, afirmou que o trabalhador deve escolher entre ficar desempregado ou ter um emprego sem nenhum direito.
Claro que, além de perder direitos, o trabalhador terá de aceitar salários ainda menores que os atuais.
Ceder à chantagem do capitão significaria perder o 13º, férias remunerada, fundo de garantia, folga semanal etc e continuar com índices alarmantes de desemprego, pois o que gera emprego é crescimento econômico. No máximo, serve pra aumentar o lucro do patrão, mas não gera um só emprego!
A afirmação de Bolsonaro, tão trágica quanto falsa, como falsa é a empulhação do tucano, tem o potencial de abalar sua imagem junto ao setor da população trabalhadora que vê no capitão a possibilidade de ‘colocar ordem nessa bagunça toda que tá aí’. A declaração de Bolsonaro tem o potencial de deixar em mau lençóis inclusive Alckmin e os demais tons de Temer. Como convencer as pessoas de que vai melhorar a vida delas acabando com os direitos trabalhistas no Brasil? Como dizer que no natal ninguém terá mais o 13º? Como convencer de que a pessoa demitida não vai mais receber o fundo de garantia?
A corrida entre as direitas por uma vaga no segundo turno promete. O capitão não tem os mesmos meios e recursos que o PSDB e o centrão-mais-direitão-que-nunca para escamotear o principal problema do Brasil: a fúria do capital financeiro e do 1% em reduzir fortemente o valor da força de trabalho.
Sem perceber, Bolsonaro desmontou o falatório mentiroso de Alckmin e da mídia sobre o significado da reforma. Lembro que os quase 350 tons de Temer que aprovaram o texto na Câmara e no Senado ajoelharam no milho garantindo que a reforma não mexeria em nenhum direito, pois o texto votado não alterou a redação do artigo 7° da Constituição Federal.
Alckmin, o centrão e os parlamentares que votaram a favor do desmonte da CLT vão reafirmar, à exaustão, seus pomposos e falsos argumentos na tentativa de jogar areia nos olhos do povo. Quando perguntada sobre reforma trabalhista, a turma do Temer fala de modernização e imposto sindical, escamoteando que agora você terá de escolher entre ficar desempregado ou tentar encontrar um bico ou um emprego sem nenhum direito.
Para atingir o intento, o capital financeiro e oligopólios internacionais contam com suas versões vira-latas, como a Globo e o grupo das seis famílias da comunicação manipulada. Contam também com Moro, com o TRF-4 e com ‘o supremo, com tudo’.
Agitar que a corrupção durante os governos petistas é o responsável por todos os males do Brasil ó caminho escolhido. Escandalizar seletivamente antigas práticas na forma de um falso combate à corrupção já garantiu dar o golpe, prender Lula, papagaiar a lorota de que a privatização é pra acabar com cabides de empregos e a corrupção dos políticos e, de quebra, tentar convencer a população a aceitar passivamente as agruras decorrentes.
Por ser o candidato do mercado financeiro e da continuidade do golpe, Alckmin é o principal inimigo a ser abatido. Desmascarar o principal tom de Temer disfarçado de picolé de chuchu deve ser o foco da esquerda. Já Bolsonaro, capitão do mato disfarçado de defensor da moral, deve ser enfrentado no terreno da economia, do desemprego, das desigualdades sociais e não no pântano do seu disfarce moralista.
No debate da Band, Guilherme Boulos demonstrou ser o candidato disposto a enfrentar toda essa patifaria e já começou a desmascarar os 50 tons de Temer na primeira esfrega televisiva. Defendeu a anulação da deforma trabalhista, o legítimo direito de Lula ser candidato, a reforma tributária progressiva, o enfrentamento ao rentismo, a redução drástica dos juros. De quebra, desconcertou Marina na resposta à jornalista sobre o aborto.
O campo popular e de esquerda está chamado a desmascarar a falsa disjuntiva ou emprego ou direitos. Basta observar o comportamento do desemprego nos anos de 2010 a 2014.
Boulos lidera um movimento notabilizado por organizar pessoas que não aceitam fazer escolhas como a prometida por Bolsonaro. Milhares de pessoas têm de escolher entre pagar o aluguel ou comprar alimentos para os filhos e escolhem a luta e a organização popular. O líder do MTST vai demonstrar que com enfrentamentos ao andar de cima é possível criar empregos com direitos e propiciar vida digna ao povo.
Medidas como expansão dos investimentos públicos em infraestrutura social, fortalecimento dos bancos públicos e outras estatais, como a Petrobrás e demais riquezas do país articuladas a um projeto de desenvolvimento orientado pelo pleno emprego, com redução dos juros e reforma tributária progressiva. Além disso, é preciso adotar um plano de emergência com potencial de gerar milhões de empregos, principalmente para os mais pobres, reduzir a jornada máxima de 44 para 40 horas de trabalho semanais e valorizar o salário mínimo.
É necessário combater as desigualdades e atender as carências do povo e do país como indutores do desenvolvimento e da reindustrialização da economia e dos empregos, sem precarização. Com o povo mobilizado, enfrentar, sem medo, os privilégios e interesses do 1% que tunga e concentra as riquezas do país. Para isso é necessário abater, ainda no primeiro turno, a candidatura Alckmin, preferida do capital financeiro.
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