Estudantes e professores de escolas da rede estadual se uniram na tarde de terça-feira (20) em uma manifestação contra a suposta “reestruturação da rede de ensino” que o governo paulista pretende implantar a partir do início de 2016, o que implica no fechamento de escolas e na separação total dos alunos das escolas estaduais por ciclo – fundamental I, fundamental II e médio.
Vanessa Gravino, professora, militante do Bloco de Oposição da Apeoesp e da Intersindical Central da Classe Trabalhadora, analisa que “o que a Secretaria da educação e o governo Alckmin estão chamando de reorganização, é uma desorganização das escolas no estado de São Paulo. Por que transfere cerca de 1 milhão de estudantes, professoras e professores para outras unidades sem diálogo com a população”.
Para compreender um dos problemas da reorganização, ela cita o exemplo de crianças pequenas que vão para escola com irmãos mais velhos e que seus pais ou responsáveis trabalham. Essas crianças vão ficar em uma escola e os mais velhos em outra. “Isso acaba gerando em distanciamento entre a criança e o aluno mais velho “, explica.
“O governo Alckmin tem o cinismo de chamar a reestruturação das escolas de política pública. Fechamento de escolas e turnos são características de políticas de enxugamento da máquina estatal. As opções do governo precisam ser colocadas como são, de modo honesto e verdadeiro. Alckmin falta com a verdade por mais uma vez”, explica Sérgio Martins Cunha, diretor Executivo de Organização para o Interior da Apeoesp e membro da Direção Nacional da executiva da Intersindical.
“O ato de hoje é extremamente importante, ocupamos as ruas para denunciar o extermínio da educação pública paulista”, afirma Angela Meyer, presidente da União Paulista dos Estudantes Secundaristas.
Bonecos infláveis representando o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), e o secretário de Educação, Herman Voorwald, “caminharam” lado a lado com um caixão levado pelos estudantes secundaristas representando o extermínio do ensino público.
O ato começou na Praça da República, no Centro de São Paulo, em frente à sede da Secretaria de Estado da Educação, passou pela Câmara Municipal de SP e terminou na frente da Catedral da Sé.
Segundo a Apeoesp, cerca de 10 mil pessoas participaram da passeata. A Polícia Militar não divulgou estimativa de público.
Protestos em série
Nas últimas semanas uma série de protestos vem eclodindo em diversas localidades contra os desmandes de Alckmin.
O fechamento de escolas implicará no aumento do número de alunos por sala. E este raciocínio é justamente contrário à melhoria da qualidade do ensino. Por isso os estudantes reivindicam mais escolas e menos alunos por sala.
O Ministério Público do Estado abriu um inquérito civil para apurar a reorganização das escolas estaduais. A promotoria do órgão quer saber se de fato unidades serão fechadas e quais os benefícios que o governo paulista espera obter com a mudança. A Defensoria Pública de São Paulo também já pediu explicações à Secretaria Estadual de Educação. A sociedade civil exige explicações e transparência no processo.
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