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Vitor Hugo Tonin | Cara de Pato

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O pomposo Paulo Skaf é um sindicalista profissional, sem nenhuma indústria e sustentado por verbas públicas desviadas para fazer agitação em defesa dos patrões.

  • Vitor Hugo Tonin*

A atual situação política brasileira é devastadora. Sequer as expressões populares mais enraizadas passarão incólumes. É popularmente designado como “cara de pau” a pessoa que é ou apresenta comportamento desavergonhado, não no sentido ágil, valente, articulado e corajoso, mas no sentido mentiroso, cínico, descarado.

A depender das espalhafatosas ações de Paulo Skaf, presidente da FIESP (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) a expressão será suplantada pela sua criatura, o pato amarelo. “Poser de industrial, Skaf é, na verdade, um sindicalista. Isto mesmo, um sindicalista dos patrões. Assim como sua entidade, a aparentemente ilustrada e garbosa Fiesp não é nada além de uma federação de sindicatos.

Mas Skaf vai além. Não é um simples sindicalista, é um sindicalista PROFISSIONAL. Não tem uma mísera indústria sob seu comando. Não cria, portanto, nenhum posto de trabalho. Vive apenas e tão somente de fazer agitação para os patrões que o escolheram para aumentar seus lucros em detrimento dos direitos do povo. Se fosse submetido à mesma lógica a qual julga os representantes dos trabalhadores como deveríamos qualificá-lo? Será que ele já ouviu um “vai trabalhar, vagabundo” na vida?

Eu sei, você deve estar surpresa ou surpreso. Nunca deve ter ouvido falar em “sindicatos patronais”. Mas certamente você já ouviu falar nos “representantes” da indústria, da agricultura ou do comércio. Ou então já deve ter visto as suas siglas por aí: FIESP, FIRJAN, CNI, CNA e CNC. Em cada estado do país há uma federação patronal para cada setor da economia, assim como há em nível nacional as suas confederações. Haja vagabundos, não? Mas como eles são sustentados?

Na base destas federações e confederações estão os simples sindicatos patronais. Estes sindicatos patronais só tem acesso ao “imposto sindical” dos patrões, uma quantia equivalente ao capital social da empresa. Muitas empresas, no entanto, não contribuem seja porque estão no sistema “Simples” e portanto desobrigadas, seja porque simplesmente não pagam. O calote dos patrões aos seus sindicatos parece ser bem alto, mas ninguém arrisca sugerir que existe uma crise de representatividade da burguesia brasileira, como não cansam de fazer com os dirigentes das entidades dos trabalhadores.

Isso torna os sindicatos patronais, os da base, extremamente frágeis, sua situação financeira respira por aparelhos. Já as suas estruturas superiores, as Federações e Confederações, são extremamente “rycas”. Como isso é possível? A diferença é que estas contam com recursos bilionários desviados do chamado “sistema S”(Sesc, Senai, Senac, Sest, Senat, etc). Criado para oferecer cursos e serviços de qualificação, cultura e lazer aos trabalhadores o sistema S recebeu 16 bilhões do governo federal só em 2016. Graças a total falta de transparência na utilização desses recursos, parte deles são desviados para sustentar os sindicatos e os “vagabundos” que defendem os patrões.

Skaf é um sindicalista profissional sem indústria e sustentado por verbas públicas desviadas. Mas é também um grande cara de pau. Diante da atual proposta de acabar o imposto sindical dos trabalhadores, divulgou nota apoiando a medida e para “ser coerente” defendeu o fim do imposto sindical dos patrões. O que ele não disse é que diferente dos sindicatos dos trabalhadores, os sindicatos patronais não dependem dessa forma de financiamento. Se quer ser coerente mesmo deveria deixar de desviar parte do dinheiro sistema S. Esse filé que representou 61% do orçamento da FIESP e 72% da FIRJAN. Mas nessa hora ele faz cara de pato!

Nenhuma surpresa vinda de alguém que teve a pachorra de transformar em símbolo de uma campanha contra corrupção que ele mesmo é acusado de praticar, uma obra de arte plagiada.

*Vitor Hugo Tonin é economista e membro da direção nacional da Intersindical – Central da Classe Trabalhadora.

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