Um dos mais ricos acervos de documentos do Brasil foi passado para as mãos de Fernando Padula, um dos principais investigados na fraude da merenda escolar de São Paulo e ex-chefe de gabinete da Secretaria da Educação. Ele foi nomeado pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB) como coordenador do Arquivo Público do Estado de São Paulo.
Padula deixou a chefia de gabinete da Educação em janeiro, quando passou a ser investigado pela Operação Alba Branca, que apura a fraude na merenda.
Segundo o Ministério Público, uma cooperativa de agricultores, a Coaf, assinou ao menos R$ 7 milhões em contratos com 21 prefeituras, além do governo estadual, somente entre 2014 e 2015, para o fornecimento de alimentos e suco para a merenda. Parte desse valor seria usada no pagamento de intermediários e agentes públicos que atuavam no sentido de facilitar ou fraudar as licitações para beneficiar a cooperativa.
Ex-diretores da cooperativa confirmaram ao Ministério Público que nomes de cooperados eram usados para desviar recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação, que exige que pelo menos 30% dos produtos comprados para a merenda escolar sejam adquiridos da agricultura familiar, em assentamentos da reforma agrária. Alguns assentados descobriram notas fiscais de produtos que nunca chegaram a plantar.
Em fevereiro, a Justiça determinou a quebra de sigilo bancário e fiscal de Padula e do presidente da Assembléia Legislativa de São Paulo, deputado Fernando Capez, e de Luiz Roberto dos Santos, o Moita, ex-chefe de gabinete da Casa Civil.
Padula foi citado por investigados como “o nosso homem na secretaria”. Ele já negou ter participado do suposto esquema.
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