A socióloga da Unicamp, Andreia Galvão, fez uma síntese das mudanças sociais e culturais que culminaram com a aprovação da reforma trabalhista, a eleição de Bolsonaro e que agora ameaça a Previdência pública e a assistência social no Brasil.
“A lógica neoliberal de uberização das relações de trabalho como modelo se converteu na nova forma de trabalho, que é aceita e almejada por trabalhadores que sonham em ser patrões de si mesmo, que sonham com a possibilidade de fazer seu próprio horário, definir seu salário. Essa ideia pegou. Nesse processo vemos o fortalecimento da perspectiva neoliberal no plano das políticas e da ideologia em geral”, lembrou.
Uma pesquisa Datafolha de 2018 indicou que metade dos entrevistados prefere ser autônomo pagando menos imposto, ainda que sem benefícios. “A maior parte do mercado brasileiro já é informal. Para quê as pessoas vão defender direitos se não têm direitos?”, questionou.
Além de pontuar a mudança nas condições do trabalho, a pesquisadora enfatizou os obstáculos à ação sindical, fincada nos trabalhadores formais, e propôs a incorporação dos informais como saída para a organização da classe trabalhadora de agora em diante.
A MP 873/19, segundo ela,é uma clara intervenção do Estado sobre o movimento sindical. “Não fala só sobre imposto sindical, mas também sobre outras contribuições, é uma intervenção do Estado na sua forma de se organizar, o Governo interfere na autonomia sindical que já não é plena”.
Diante desse contexto torna-se ainda mais urgente que o sindicato mostre seu valor e aumente suas filiações. “O sindicato tem que mostrar sua importância, tanto para quem está organizado e no trabalho formal quanto para quem não está organizado e é informal precarizado. Só vamos dinamizar de fato o sindicalismo no Brasil se a gente conseguir contar com nossas próprias forças e incluir os excluídos”, disse.
CLIQUE E ACOMPANHE A INTERSINDICAL NAS REDES
Tópicos relacionados
Comentários