Organizações internacionais pedem que Comitê Olímpico rompa contrato com israelense; o Rio já vive uma situação de extrema violência e pode sofrer ainda mais com a influência desses mecanismos de guerra, apontam especialistas.
Os moradores e moradoras do Rio de Janeiro convivem há décadas com um grande aparato militar: caveirões, fuzis, cassetetes fora dos padrões internacionais, gás lacrimogêneo com teor acima do permitido e táticas de execução de pessoas de forma indiscriminada. Essa situação pode piorar ainda mais após a participação da empresa de segurança israelense ISDS (International Security and Defense Systems) na realização dos Jogos Olímpicos. Ela será responsável pelo sistema de monitoramento e comunicação do setor de segurança do evento.
Essa empresa participa ativamente do conflito entre Israel e Palestina, no Oriente Médio. Uma guerra que já dura mais de 100 anos e deixou mais de 200 mil mortos. Só no ano passado Israel foi responsável pela morte de mais de dois mil palestinos, em sua maioria civis, vítimas de bombardeios na Faixa de Gaza.
Portanto, a participação da ISDS nas Olimpíadas preocupa organizações de Direitos Humanos e movimentos sociais. O Rio de Janeiro já vive uma situação de extrema violência e pode sofrer ainda mais com a influência desses mecanismos de guerra.
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“A ISDS é o braço internacional do modelo de repressão que Israel aplica contra o povo palestino. Ela é o símbolo dessa política de segurança dos israelenses”, explica Maren Mantovani, coordenadora das relações internacionais da Stop the Wall, uma organização que luta pela derrubada da grande muralha construída pelo Estado de Israel na fronteira com a Palestina.
Baseadas nessas informações, diversas organizações internacionais lançaram, no Rio, semana passada, a campanha “Olimpíadas sem apartheid”. O objetivo é pressionar o Comitê Olímpico a romper o contrato com a ISDS. Entre essas organizações estão a BDS (que defende o “boicote, desinvestimento e sanções” contra Israel), Stop the Wall, Comitê Popular da Copa e das Olimpíadas, entre outras.
Israelense vende armas de guerra para a PM do Rio
A ISDS é acusada de treinar “esquadrões paramilitares” em Israel e na América Latina
Em 2013, o governo Pezão renovou a frota de “caveirões”. Foram comprados oito veículos blindados modelo Fort 1, desenvolvidos por essa mesma empresa, a ISDS, em parceria com a outra israelense, a Global Shield. O surpreendente foi que o governo do Rio pagou apenas R$ 6,150 milhões, 28% do preço inicial que era estipulado em R$ 22 milhões. O super desconto foi atribuído ao fato de que a empresa israelense vê a Copa de 2014 e as Olimpíadas de 2016 como duas grandes vitrines para mostrar ao mundo seus equipamentos de guerra.
Quase dois anos depois, no final de 2014, o consulado de Israel de São Paulo anunciou que a Rio 2016 firmou contrato de patrocínio com a ISDS. “A empresa israelense terá sua marca exposta no site da Rio 2016, na entrada dos estádios olímpicos e nas salas de imprensa”, diz o site do consulado.
Segundo o coordenador da campanha contra o muro de Israel, o palestino Jamal Juma, a ISDS quer usar as Olimpíadas para “limpar sua imagem”. “Essa empresa é a máxima representante da política sangrenta, da violência sistemática contra o povo palestino. Existem 14 grupos paramilitares israelenses, treinados por empresas como a ISDS, para matar e expulsar palestinos de seus territórios, na fronteira com Israel”, denuncia.
O fundador da ISDS, Leo Gleses, um veterano de guerra, também treina homens do Bope, no Rio, desde 2010. O que mais preocupa essas organizações é que, depois das Olimpíadas, esses equipamentos de guerra e o treinamento letal da PM serão usados contra as comunidades carentes do Rio, contribuindo para aumentar ainda mais a violência policial.
Fonte: Brasil de Fato / Fania Rodrigues
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