Por Bernadete Menezes*
No dia de ontem não houve cidade grande ou média que não tenha sentido os efeitos dos movimentos chamados pelas centrais. A força desta mobilização toma uma qualidade ainda maior se levarmos em consideração os ataques anti-sindicais da justiça e da polícia, além de que mais de 50 milhões de trabalhadores estão desempregados ou subempregados, em um país de 8 milhões de Km², onde 54 milhões vivem com até R$ 400,00 por mês.
Entrou em movimento a classe trabalhadora, servidores públicos, metalúrgicos, bancários, vários setores de transportes, petroleiros, etc. Aliados importantes como o MST, MTST, a juventude, pequenos agricultores e os partidos progressistas que cumpriram também um papel muito importante.
Retirada do ataque ao BPC e aos rurais, dos estados e municípios, fim da capitalização, aumento da taxação dos bancos(ISLL), foram recuos importantes que levaram a declaração raivosa de Paulo Guedes. Três fatores levaram a desidratação da proposta de Bolsonaro no Congresso. A mobilização da construção da Greve Geral. As gravações divulgadas por Intercept que põe em cheque o prestígio de Moro e deixa de cabelo em pé a Globo, políticos, judiciário e o governo Bolsonaro. E, a “usina de crises”, segundo Maia, em que se transformou o governo Bolsonaro.
A grande mídia não teve como esconder. Em todos os meios passaram desde as primeiras horas do dia as mobilizações, piquetes, rodovias ocupadas, repressão da polícia. A Globo aprendeu com as mobilizações de 2013. Não querem romper o diálogo com uma juventude e ativistas que vão além de setores influenciados pela esquerda. Todo o esforço é para convencer de que a Reforma não foi derrotada, que as denúncias do Intercept estão sob suspeita e que a greve foi um fracasso. Como disse um post de meu amigo Maringoni, “Nunca vi um fracasso render tanta pauta”.
Mas não nos enganemos, isso aqui é luta de classes. Que o diga Paulo Guedes quando comentou o aumento da taxação dos bancos, “estão mexendo no bolso dos outros”. E a economia de mais de 1 trilhão de sua proposta imoral, mexia no bolso de quem “cara pálida”? No bolso de milhões de brasileiros. Eles vão tentar retomar os vários pontos da proposta original e tentar evitar outras alterações na Reforma. Por isso não podemos vacilar. Temos que seguir mobilizados. Novos dias de lutas e novo dia de Greve Geral devem ser convocados. Não podemos de nos esquecer que na segunda semana de agosto, provavelmente durante a votação da Reforma no Congresso Nacional, estará ocorrendo em Brasília a Marcha das Margaridas, movimento que levará milhares de mulheres guerreiras de todos os cantos do país para frente do Congresso Nacional. Não vamos desperdiçar, podemos dar um significado a mais para este dia.
Parabéns a nossa classe! Entramos na pauta política do país. Toda Greve Geral é política, mas essa em particular tem um peso muito forte contra Bolsonaro e lembremos que boa parte dos trabalhadores votaram neste governo, mas como não enxergam nenhuma medida que solucione seus problemas de emprego, salário, habitação, inflação, segurança, saúde e educação, foram à luta!
(*)Bernadete Menezes é Integrante da Executiva Nacional do PSOL e da direção da Intersindical
Fonte: Sul 21
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