Na manhã da terça-feira, 5 de agosto, as centrais sindicais entregaram ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva um documento unitário com propostas para enfrentar os impactos da guerra comercial global. A reunião ocorreu durante a abertura do Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável (CDESS), conhecido como Conselhão, em Brasília.
Intitulado “Propostas das Centrais Sindicais diante da Guerra Comercial: Soberania, Emprego e Desenvolvimento”, o documento alerta para os impactos da escalada protecionista liderada pelos Estados Unidos, que ameaça diretamente a produção nacional e fragiliza o mercado de trabalho no Brasil. A Intersindical – Central da Classe Trabalhadora esteve representada na atividade por sua Secretária-Geral, Nilza Pereira de Almeida, representante titular do CDESS.
Em pronunciamento que representou as centrais sindicais, Clemente Ganz Lúcio, sociólogo e assessor sindical, destacou a gravidade da conjuntura internacional e a urgência de uma resposta articulada entre Estado, trabalhadores e empresariado:
“É uma honra falar aqui em nome das centrais sindicais sobre a importância de termos uma estratégia consistente de enfrentamento dessa crise comercial e dessa agressão à soberania. O governo vem adotando as medidas corretas e nós estamos num bom caminho, mas será uma crise longa”, afirmou.
Durante sua fala, Clemente destacou que as centrais apresentaram medidas de curto e longo prazo. Dentre elas, estão: fortalecimento da produção nacional, políticas de proteção ao emprego, articulação internacional com sindicatos de países como Estados Unidos, Canadá, União Europeia e México, além de mobilizações sociais em defesa da soberania.
“Queremos destacar a importância da produção nacional, a proteção dos empregos e o avanço para uma transição justa e inclusiva, com uma nova estratégia comercial. É essencial que tenhamos investimento, política de emprego, incremento da produtividade e, sobretudo, um diálogo social fortalecido”, completou.
O documento propõe medidas como a recriação do Programa de Proteção do Emprego, o fortalecimento do BNDES, a implementação de cláusulas de proteção ao emprego nos acordos coletivos, e a criação de espaços permanentes de concertação tripartite, como as Câmaras Setoriais e a reestruturação do CNDI (Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial). Também é reivindicada a participação ativa dos trabalhadores nas instâncias que definem as políticas industrial, cambial, comercial e tecnológica.
A unidade das centrais sindicais neste processo marca um momento estratégico de reposicionamento da classe trabalhadora no debate sobre o modelo de desenvolvimento nacional. A Intersindical reafirma seu compromisso com a soberania, a democracia e a valorização do trabalho como eixo estruturante da reconstrução do país.
A entrega do documento pelas centrais sindicais ao presidente Lula, durante a reunião do Conselhão, marca apenas o início de um processo contínuo de diálogo e articulação.
Já nesta quarta-feira (6), os trabalhos tiveram sequência com uma intensa agenda de reuniões no Palácio do Planalto com diversos ministérios como Casa Civil, o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), o Ministério da Fazenda e a Secretaria de Relações Institucionais, depois a agenda foi no Ministério do Trabalho e Emprego. Nessas reuniões, o foco central foi a construção de uma resposta coordenada aos efeitos do chamado “tarifaço” imposto pelos Estados Unidos, com ênfase na proteção dos empregos e da produção nacional. As centrais defenderam que qualquer pacote de crédito às empresas esteja vinculado à preservação dos postos de trabalho, e que medidas emergenciais, como compras públicas direcionadas, sejam adotadas especialmente para setores mais atingidos, como o de alimentos. O governo anunciou que prepara um conjunto de medidas a ser divulgado até o final da próxima semana. Destacou-se ainda que, embora os EUA já tenham representado 25% das exportações brasileiras, essa dependência caiu para 12%, abrindo a oportunidade para reposicionar o país em novas cadeias produtivas globais. A defesa intransigente do emprego e da soberania industrial segue sendo o eixo da ação sindical diante dessa conjuntura.
Como parte da estratégia proposta, estão previstas ações de mobilização em diversas frentes: articulação com a Confederação Sindical Internacional (CSI) para atuação na Organização Mundial do Comércio (OMC), participação em atos públicos como o Grito dos Excluídos no dia 7 de setembro, e eventos como o Ato em Defesa da Soberania realizado na Faculdade de Direito da USP, no Largo São Francisco, no último dia 25.
A Intersindical seguirá engajada na construção dessas ações e na luta por um modelo de desenvolvimento que enfrente as desigualdades estruturais do país, fortalecendo a produção nacional com justiça social e soberania popular.
Acesse o documento completo aqui: Propostas das Centrais Sindicais diante da Guerra Comercial
Seguiremos firmes na luta pela soberania nacional, pelos empregos e pelos direitos da classe trabalhadora!
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