Mais de trezentos trabalhadores da Companhia Carris Porto-alegrense – a única empresa pública de transporte coletivo da capital gaúcha –, rejeitaram parcialmente, em assembleia independente realizada na quinta-feira (29), a proposta de Prêmio Motivacional oferecida pela direção da empresa.
A categoria denuncia que vem sofrendo um dos mais violentos ataques a seus direitos, traduzido em posturas intimidatórias e punitivas, nunca antes praticada.
“As recentes demissões cumprem, no contexto da luta de classe, um papel desmobilizador que, quando somado à cooptação de coordenadores e monitores, se apresenta em sua face mais cruel, cuja consequência prática é colocar trabalhador contra trabalhador. Acrescenta-se a isso a postura omissa e negligente do Sindicato dos Rodoviários, que reúne com a Direção e silencia ante aos interesses dos trabalhadores”, diz nota da comissão de funcionários da Carris.
Wenceslau Machado, diretor da Intersindical Central da Classe Trabalhadora, foi um dos demitidos políticos da Carris. No dia 6 de julho, a Carris demitiu seis trabalhadores alegando que eles trancaram os portões e causaram prejuízos à companhia – num dia em que Porto Alegre parou diante do calote no funcionalismo praticado pelo governador Ivo Sartori. Três deles eram ligados a centrais sindicais, um deles era Machado.
A assembleia foi uma verdadeira demonstração de maturidade política de uma categoria que já compreende a lógica da jogada ensaiada e, portanto, não se rende à intimidação.
Mais de 300 trabalhadores compareceram à Assembleia realizada em três turnos. Além de feito histórico, representa o empoderamento da Comissão de Funcionários que voltará a conversar com a direção da empresa trazendo a vontade expressa dos funcionários que querem uma negociação equânime e justa.
Em nota, a Comissão de Funcionários explica:
“O Prêmio Motivacional é um direito adquirido, garantido pelo princípio da habitualidade. É compreensível que a Direção não saiba disso, afinal eles não são da nossa Empresa e não conhecem a nossa história e o compromisso que temos com a Carris e com a Cidade de Porto Alegre. Mas, da mesma forma que já fizemos valer esse direito num passado não muito distante, não abriremos mão dele no presente, tampouco hesitaremos em recorrer aos meios que se fizerem necessários à garantia desse direito.
Se chegamos ao final de Setembro sem que tenha sido pactuado os critérios do Prêmio 2016, é porque a Direção postergou esse debate. Assim sendo, os trabalhadores reunidos em Assembleia não aceitaram arcar com o custo do descaso. Propor uma avaliação retroativa a 1° de Janeiro significa, primeiro, negligenciar as reiteradas tentativas de diálogo por parte da representação dos empregados, segundo, aceitar o alto índice de sanções disciplinares (sobretudo na unidade 2) como algo natural e justo e, por fim, cobrar resultado sem regra definida.
Com base no exposto, essa Comissão de Funcionários se apresenta à negociação, esperançosa de que a Direção da Empresa compreenda que isso reflete, indiscutivelmente, na qualidade do serviço que prestamos. No último período a nossa empresa perdeu muito em qualidade operacional, mas se ainda mantém o respeito e o reconhecimento da Cidade de Porto Alegre, é fruto do comprometimento de seus trabalhadores.
Vamos esgotar o diálogo. Não perderemos de vista qual é o nosso papel. Somos uma família de trabalhadores e lutaremos por ela”.
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