Os fazendeiros (na verdade, seus pistoleiros) estão no alto de um morro de onde têm ampla visão do acampamento e disparam a esmo em direção ao mesmo. Com retro escavadeira abriram uma enorme vala (chamam de trincheira!) que separa os acampados do que dizem ser terras deles.
Esse acampamento há mais de 6 anos aguarda uma decisão judicial no supremo. O estado do Pará já negou solicitação de despejo e decretou que são terras da união, disponibilizando-as ao INCRA para reforma agrária.
Os fazendeiros apelaram ao Supremo que em todo esse tempo não finaliza o processo. Esses bandidos agora estão apelando para o tudo ou nada e tentam retirar os acampados pela violência. Estivemos lá ontem boa parte do dia.
Do lado de cá, vimos trabalhadoras e trabalhadores, mãos calejadas e rostos queimados de sol, que lutam por seus direitos, vimos crianças que, com todas as dificuldades, são mantidas numa escola materialmente precária mas pedagogicamente superior a outras que conhecemos, idosos que exprimem nos rostos a esperança da terra que alimentará seus netos.
Do outro lado, bandidos armados, salafrários amparados pela polícia e por um judiciário corrupto. É necessário que se faça ampla divulgação e os que estiverem na região, organizem caravanas de apoio. Ficaram felizes com nossa chegada (um micro ônibus com cerca de 20 pessoas), pois isso mostra que não estão sós! Toda solidariedade aos acampados do Frei Henri! Em breve divulgaremos imagens!
Acampamento FREI HENRI está consolidado contra a grilagem de terras da União. Assentamento definitivo pelo INCRA é medida mais que urgente!
Desde a última terça-feira, fazendeiros com jagunços armados tem intimidado e reprimido os acampados com tiros de armas de grosso calibre, os trabalhadores ainda relatam que suas plantações foram motivo de ataque por parte dos fazendeiros que jogaram veneno na plantação de hortaliças, mamão e mandioca.
Apesar de ser apenas um acampamento e não um assentamento, as famílias que ali residem já produzem bastante alimento que é fornecido para as feiras de Parauapebas e Curionópolis.
Grilagem de fazendeiros impera na região
A região amazônica sempre viveu um processo intenso de grilagem, fazendeiros e mineradoras, sempre aportados pelo dinheiro do povo, através do bancos públicos, se utilizam do dinheiro da nação para financiar a grilagem e o desmatamento, sem falar na morte de milhares de trabalhadores rurais vítimas do processo escravocrata que se instalou nos seios da nossa região.
Assassinatos de trabalhadores marcam o sudeste do Pará
A região sudeste do Pará sempre se destacou por vários conflitos sangrentos, sempre regados com sangue de sem terras e garimpeiros. Em 29 de setembro de 1987, na cidade de Marabá, tivemos a morte dos garimpeiros de Serra Pelada, na ponte da estrada de ferro, e conflito com os interesses da VALE. Em 17 de abril de 1996, teve o Massacre da Curva do S, em Eldorado dos Carajás, com 19 trabalhadores rurais sem terras assassinados.
Onalício Barros e Valentim Serra
Os episódios se sucedem e não se apagam da memória, assassinatos como os de Onalício Barros (Fusquinha) e Valentim Serra (Doutor) estão presentes mais do que nunca na sociedade do município de Parauapebas, ainda assim, está longe de se ver os conflitos pela terra terminarem na região.
Fácil constatar
Hoje, no acampamento Frei Henri, se constata mais uma vez que famílias de trabalhadores rurais sem terras são vítimas do estado e de suas forças repressoras, de forma inexplicável, sempre solícitas em atender “pedidos” de grileiros de terras públicas, ajudando a intensificar os conflitos no campo.
Fonte: Blogue Sol do Carajás
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