Trabalhadoras e trabalhadores da saúde em Santa Catarina associados ao SindSaúde/SC lotaram as cadeiras do auditório da Fetaesc para dar início ao primeiro congresso da história do Sindicato, que começou nesta quarta-feira (29/11) e vai até sexta-feira (1º/12).
A presidente do SindSaúde/SC, Simone Bihain Hagemann, comandou a mesa de abertura saudando aos delegados e delegadas de todas as regiões presentes no I Congresso do SindSaúde, à comissão organizadora e aos representantes de entidades parceiras. Lembrou da realização de mais de 50 plenárias para eleição desses delegados e agradeceu o empenho da equipe organizadora do evento.
Simone destacou também a importância deste momento histórico para a luta da categoria da saúde. “Esse Sindicato de luta, reconhecido em Santa Catarina, faz seu primeiro Congresso em 66 anos de história em um momento crucial para a luta de toda a classe trabalhadora. Nesses 3 dias nós vamos reforçar nossa luta, vamos traçar nosso plano de lutas para os próximos anos e fortalecer a categoria da Saúde”, analisou a presidente.
A mesa de abertura foi composta por representantes de entidades convidadas que compareceram para cumprimentar a categoria da Saúde.
Estiveram presentes Edson Fortuna (Associação dos Praças de Santa Catarina), Leandro Vidal (Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras do IBGE), Nilza Pereira (Intersindical Central da Classe Trabalhadora), Anna Julia Rodrigues (Central Única dos Trabalhadores), Marcio Fortes (Fórum Catarinense em Defesa do SUS e Contra as Privatizações), Adriano da Cunha (Federação dos Trabalhadores na Agricultura), João Paulo Silvestre (Sindicato dos Trabalhadores em Saúde e Previdência) e Antônio Martins (Sindicato dos Trabalhadores no Transporte de Florianópolis e Região).
Representantes das centrais sindicais Intersindical e CUT, Nilza e Anna Júlia coincidiram em defender a unidade da classe trabalhadora e de que os sindicatos fortaleçam suas lutas filiados a Centrais.
Fortuna e Vidal, da Aprasc e Assibge, respectivamente, parabenizaram o SindSaúde/SC pela vanguarda desempenhada na luta dos trabalhadores em Santa Catarina nas últimas décadas. “SindSaude/SC é referencia para os trabalhadores do nosso estado, exemplo de força, raça, sempre na linha de frente”, disse o representante da Assibge.
O vice-presidente da Fetaesc, Adriano da Cunha, também defendeu a união dos trabalhadores. “Aqui está uma categoria que me identifica. Junto com a categoria dos trabalhadores rurais, a saúde pode parar a sociedade. Esses laços entre categorias são fundamentais. Que a gente trabalhe e lute para defender os trabalhadores urbanos e rurais”, argumentou.
No mesmo tom, João Paulo, do Sindprevs/SC, criticou as reformas pretendidas e praticadas pelo governo federal e pediu articulação. “As reformas em curso não são para nós, para a maioria trabalhadora. Não é um projeto para nós porque entrega tudo aquilo que poderia garantir o direito da população. Precisamos organizar nosso contragolpe”, defendeu o sindicalista.
Antônio Martins, do Sintraturb, lembrou emocionado do dia em que os trabalhadores do transporte fizeram um dia de paralisação em apoio à greve histórica do SindSaúde/SC em 2012. “Fomos criticados na sociedade por isso, e hoje me orgulho de estar aqui com vocês”, comentou Martins.
Por fim, o representante do Fórum Catarinense em Defesa do SUS e Contra as Privatizações, Marcio Fortes, arrancou aplausos da plenária ao afirmar que é necessário que a categoria saia deste Congresso convicta de que é preciso mudar essa realidade inaceitável de desmonte do SUS. “Precisamos defender um SUS de qualidade e o serviço público, com toda nossa força e vigor”, afirmou o militante.
Fundado por trabalhadoras e trabalhadores do Hospital Florianópolis em 1996, mais uma vez o Coral do HF se apresentou em eventos do SindSaúde/SC. Regidos pelo maestro Fernando Tadeu, as cantoras e cantores interpretaram canções de Chico Buarque, Vinícius de Morais, o Rancho de Amor à Ilha, e temas locais de compositores como Daniel Lucena.
Ao final da apresentação, a surpresa. Um dos integrantes do coral e trabalhador do Hospital Florianópolis, Jorge Tadeu Dutra, compôs uma música em homenagem às lutas do Sindicato. Foi a estreia em apresentações da canção chamada Por nenhum direito a menos.
“A primeira coisa que eu pensei foi na luta, porque Sindicato é luta. Luta por direitos, por liberdade, por justiça social. Em cima disso eu fiz a letra”, contou o compositor e trabalhador da saúde há 38 anos.
Após esclarecimentos e a aprovação unânime pela plenária do regulamento do Congresso, a assistente social Elsa Roso foi convidada a falar sobre caminhos de organização da classe trabalhadora na defesa do SUS (Sistema Único de Saúde).
De início, Elsa falou sobre o que considera uma distorção de compreensão que é difundida no Brasil. “Essa história de que defender a saúde é coisa de comunista é pura bobagem. Saúde não é coisa de comunista. São direitos básicos, fundamentais. Inclusive a burguesia fez questão de implementar esses direitos em diversos países, justamente para criar condições para que os trabalhadores produzam mais”, argumentou, para em seguida tratar do ataque da burguesia nacional e internacional à saúde brasileira.
A trabalhadora e pesquisadora fez um resgate histórico da trajetória de construção do SUS, desde sua criação em 1988. Criticou a inclusão do que chamou de lógica privatista dentro do SUS, incentivada sobretudo com o último ciclo de expansão do Sistema, nos anos 2000. Segundo ela, essa lógica contribuiu para que hoje, com a conjuntura desfavorável, haja possibilidade de implantação de lógicas privadas ainda mais profundas e, com isso, de um desmonte total do SUS.
Por fim, Roso defendeu a necessidade da organização da classe trabalhadora para além das categorias, com a formação de uma grande unidade em defesa de direitos. Segundo ela, não há mais margem de negociação por dentro da estrutura institucional. O principal desafio para a categoria no momento consistiria em articular a luta para além das bandeiras históricas dos movimentos de defesa pelo SUS. “Este Congresso é o espaço propício para a organização desta luta”, concluiu a palestrante.
Após a palestra, as trabalhadoras e trabalhadores presentes na plenária promoveram uma discussão sobre suas experiências no trabalho cotidiano da saúde e na defesa do SUS.
A programação do I Congresso do SindSaúde/SC continua nesta quinta-feira (30/11) logo pela manhã, às 9h, com o debate “De que lado você está? Reflexões sobre a conjuntura brasileira”, com o dirigente nacional do Movimento de Trabalhadores Sem Teto Guilherme Boulos.
Pela tarde, está programada uma mesa de debate sobre a reorganização da classe trabalhadora e filiação à Central Sindical, além da apresentação das 10 teses inscritas no Congresso. O dia termina com a realização de grupos de trabalho para a discussão das teses.
Fonte: SindSaúde-SC
INTERSINDICAL – Central da Classe Trabalhadora
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