A desindustrialização brasileira não é um fenômeno. Seu início remonta a primeira matade da década de 90, com a aprovação do Plano Real, o preço pago pela população pelo controle da inflação foi o pagamento de juros altos. Os bancos saíram ganhando e a indústria, que teve protagonismo na urbanização e criação da classe trabalhadora urbana do país, entrou em seu processo de decadência.
Segundo estudo o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), coordenados pelos economistas Paulo Morceiro (USP) e Joaquim Guilhoto (OCDE), o Brasil registrou a terceira maior desindustrialização entre os 30 países analisados, ficando atrás apenas do Reino Unido e Austrália. Porém, diferente destes dois países, a redução da atividade industrial não foi acompanhada de aplicação de renda per capita e do PIB per capita. Eles dominam o fenômeno como “desindustrialização precoce”, ou seja, antes de atingir seu potencial industrial o Brasil abriu mão de ampliá-lo.
A desindustrialização é acompanhada pela migração do capital para o setor financeiro e para a produção de commodities agrícolas e minerais. Desde 2002 o setor financeiro cresce em média 4,1% ao ano e o extrativismo e a agropecuária 3,5% ao ano.
A financeirização e reprimarização da economia é acompanhada da elevação da concentração de renda e riqueza no país. Em 2018 (dado mais recente), a renda dos 1% mais rico da população, que já possuem 30% de toda a riqueza do país, teve sua renda elevada em 8,4% enquanto os 5%¨mais pobres dos brasileiros tiveram diminuição de 3,2%.
A desindustrialização tem como efeito a migração da força de trabalho para o setor de serviços, que possui salários mais baixos, menos direitos e um maior nível de informalidade. Metade da população economicamente ativa já está no mercado informal.
A neoliberal do Ministro da Economia, Paulo Guedes, tem como base a retirada de direitos, fim do processo de valorização do salário mínimo e manutenção do congelamento das obras públicas. Logo, a massa salarial cai ainda mais, o desemprego aumenta e a informalidade assume patamares catastróficos.
É por esta razão que a Intersindical Central da Classe Trabalhadora, em conjunto com as demais centrais sindicais, tem priorizada a luta em defesa da indústria nacional e dos direitos adquiridos pela classe trabalhadora. Sem um projeto industrial e proteção ao trabalhador o Brasil se tornará um país de bancos e bois.
Texto: Pedro Otoni
→ 03/02: Em defesa de empregos, centrais fazem PROTESTO NA FIESP
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