“O impulso imperialista agora se faz pelo mercado e não mais com canhões. A nossa luta tem que ser mais sofisticada”, afirmou Gilberto Maringoni, professor de Relações Internacionais da Universidade Federal do ABC durante o 1° Congresso da Intersindical Central da Classe Trabalhadora.
Maringoni fez questão de pincelar algumas transformações recentes que vêm ocorrendo em países vizinhos, com o avanço da direita conservadora. Citou o governo de Mauricio Macri na Argentina, que já provocou demissões em massa, retrocessos na dívida externa e na regulação dos meios de comunicação de massa e fim de punição de criminosos da ditadura, entre outros pontos.
Na Venezuela, o professor de Relações Internacionais citou a crise seríssima vivida pelo governo de Nicolás Maduro – com três quintos do parlamento nas mãos da oposição, já em vias de realizar alterações constitucionais profundas- , e um baque econômico provocado pela queda dos preços do petróleo no mercado internacional.
“Em 2007 o preço do barril de petróleo estava em US$ 148, em 2016 está em US$ 32 e o da Venezuela, por ser de baixa qualidade, está a US$ 24 o barril”, explicou Maringoni. Isso se deve a Arábia Saudita, que começou a vender mais para quebrar a concorrência.
“No governo de Hugo Chávez o barril da Venezuela estava a US$ 66, o assessor dele, Rafael Vargas, me disse: está entrando muito dinheiro e nós estamos fazendo a revolução”, relatou.
Maringoni cita como exemplo desta revolução financeira o fato deque Chávez comprou US$ 5,5 bilhões em bônus da dívida pública da Argentina durante o governo de Cristina Kirchner, depois que o país levou adiante o calote da dívida e ficou sem crédito internacional.
“Mesmo em países em que a esquerda foi mais aguerrida, onde a esquerda confrontou o grande capital, na Argentina onde a Cristina conseguiu a estatização da empresa de petróleo, um retrocesso também está acontecendo. Em todos os países da América Latina as manifestações e denúncias de corrupção ocuparam o centro do noticiário. Na Bolívia a ex de Evo Morales estaria envolvida em negócios obscuros…essa manifestação da crise tem levado à queda dos salários, queda dos empregos, queda da atividade econômica, agravada ainda por causa da China que está comprando menos. Crescia a 10% ao ano e agora deve crescer 6%”, disse o professor.
Outra questão destacada foi a desindustrialização proposital que o Brasil vem sofrendo ao longo dos anos. Em 1955, a produção industrial respondia por 14,55% do PIB, em 1985 chegou a 27%, e hoje equivale apenas a 8% do PIB. “Só estamos vendendo commodities, regredimos em posição no mercado internacional”, afirmou.
A nova política imperialista, segundo Maringoni, está mais sofisticada. Macri assim que eleito foi visitar o presidente americano Barack Obama, Dilma refez o programa militar feito com os EUA no governo Geisel e os EUA reataram com Cuba com a perspectiva de fazer investimentos e tentar, por dentro, pela economia, fazer uma nova política. “O impulso agora se faz pelo mercado”, alertou Maringoni.
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