A comparação dos primeiros trimestres dos 2 últimos anos do governo da ex-presidente Dilma Rousseff e o mesmo período de 2017 e 2018, depois do impeachment da petista, mostram que Temer investiu quase a metade. Nos primeiros trimestres de 2014 e de 2015, a ex-presidente Dilma investiu nas estatais R$ 40,3 bilhões (R$ 21,7 bilhões – 1,6% do PIB –, em 2014; e R$ 18,6 bilhões – 1,3% do PIB –, em 2015). Já Temer, investiu R$ 11,2 bilhões, em 2017 – 0,7% do PIB; e R$ 9,8 bilhões, em 2018 – 0,6% do PIB.
“Só há uma justificativa para a falta de investimentos nas estatais: a privatização a qualquer custo. Deixam de investir para sucatear o patrimônio público e assim vender mais barato”, critica a professora sênior da Faculdade de Economia da USP, Leda Paulani, que também é professora visitante da UFABC, em entrevista ao Portal da CUT.
“Esse governo não vê nenhum papel para o Estado. Eles querem um programa liberal privatista, que começou na era FHC, foi freado nos governos do Lula e Dilma, do PT, e agora é retomado depois do golpe”.
A coordenadora do Comitê Nacional em Defesa das Empresas Públicas e representante dos empregados no Conselho de Administração da Caixa Econômica Federal (CEF), Rita Serrano, concorda e lembra que, nos governos Lula e Dilma as estatais foram utilizadas para promover o desenvolvimento do país.
“Com a política de desmonte, a Caixa já não é a líder de financiamento habitacional e o programa ‘Minha Casa, Minha Vida’ foi drasticamente reduzido”, diz Rita.
No governo Temer, a Petrobras recebeu o menor investimento nos últimos 19 anos: R$ 8,6 bilhões no 1º trimestre deste ano. “Quem ganha é o capital privado e as grandes multinacionais como a Shell, que compram o patrimônio público brasileiro e determinam as regras do jogo”, diz Rita.
Já Eletrobras recebeu 5,2% do total dos investimentos – R$ 518 milhões – este ano. Para Felipe Chaves, engenheiro de Furnas e diretor da Associação dos Empregados de Furnas (Asef), esses índices não são nenhuma surpresa tendo em vista que o atual governo tem trabalhado para que as estatais percam relevância e possam ter seus ativos vendidos e sejam privatizadas.
Fonte: Monitor Mercantil
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