Até agora, são poucos os detalhes sobre o anunciado acordo entre Mercosul e União Europeia. Entretanto, as informações já disponíveis são mais do que suficientes para gerar preocupação com o futuro econômico de nosso país.
É um acordo extenso, que engloba mais de 90% do comércio entre os blocos. Abaixo, listamos alguns pontos que merecem atenção desde já.
Já é de conhecimento público que o Mercosul topou diminuir ou remover tarifas em setores centrais da nossa indústria, como a automobilística, de químicos e de fármacos. Isso significaria uma enxurrada de produtores europeus e perda de mercado das indústrias nacionais.
Se boa parte de nosso parque industrial foi às traças nos anos 1990, o acordo varreria o pouco que sobrou.
Setores de tecnologia de ponta e maior valor agregado não teriam espaço. As consequências são empregos de pior qualidade e baixa produtividade econômica.
A indústria nacional perde, mas o agronegócio será turbinado. É o agro acima de tudo. Carne, gordura e soja serão os produtos privilegiados pelo acordo.
Assim, além do golpe no desenvolvimento industrial e tecnológico, o acordo entre Mercosul e União Europeia vai aprofundar a concentração de terra, os conflitos no campo, o desmatamento predatório e o consumo de agrotóxicos, sem falar nas relações de trabalho análogos à escravidão, tão características em nosso Brasil profundo. O agronegócio, cada vez mais sem limites, agradece.
O acordo não se restringe às relações comerciais. Inclui uma série de outros temas estratégicos, como serviços, investimentos, licitações públicas e compras governamentais, patentes e propriedade intelectual, questões sanitárias etc.
São amarras internacionais que vão tornar o Brasil refém institucional da União Europeia. Uma série de políticas públicas fundamentais para o desenvolvimento estão sob risco. Ou seja, perdemos soberania para decidir nossos próprios rumos.
A tendência é que, assim que ratificado o acordo, os Estados Unidos (EUA) retomem ideias similares à Área de Livre Comércio das Américas (ALCA), em voga nos anos 1990. Isso porque os EUA não vão querer ficar atrás da Europa nas relações com o que eles consideram seu “quintal”.
Enfim, devemos acompanhar com muita atenção os próximos passos do acordo e já nos preparar para organizar um amplo movimento de massas (não apenas no Brasil, mas incluindo nossos povos irmãos) para derrotar o acordo neocolonial que Bolsonaro, Macri e cia. querem levar adiante. A luta contra a ALCA nos mostra o caminho. Aqui há um povo digno, que defende a soberania da América Latina!
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