A ONG Repórter Brasil e a BBC divulgaram na segunda-feira (20) uma auditoria realizada pelo Ministério do Trabalho e Previdência que revelou a utilização de mão de obra infantil e escrava em uma das fábricas da Brooksfield Donna, localizada na Zona Leste de São Paulo.
Cinco bolivianos, incluindo uma adolescente de 14 anos, foram encontrados na pequena oficina no bairro de Aricanduva, cuja produção era 100% destinada à grife Brooksfield Donna.
Sem carteira assinada ou férias, eles trabalhavam e dormiam com suas famílias em ambientes com cheiro forte, onde os locais em que ficavam os vasos sanitários não tinham porta e camas eram separadas de máquinas de costura por placas de madeira e plástico.
A marca nega ilegalidades, mas será processada pelo Ministério Público do Trabalho. A empresa preferiu não explicar como funciona sua cadeia de produção, nem a finalidade da subcontratação de oficinas de costura como a encontrada pelos fiscais.
Flagrante
Os salários dos trabalhadores bolivianos dependiam da quantidade de peças produzidas – R$ 6,00, em média, por roupa costurada. Na cozinha, perto de pilhas de retalhos e muita sujeira, foram encontradas panelas com arroz e macarrão para a alimentação de famílias inteiras.
Vínculo
Com valores unitários que podem ultrapassar R$ 500,00 nas lojas, todas as peças apreendidas tinham etiquetas da Brooksfield Donna. Segundo o Ministério do Trabalho, a empresa se recusou a pagar os direitos trabalhistas dos resgatados – o valor total estimado pelas autoridades, somando os cinco trabalhadores, seria de R$ 17,8 mil.
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