A Intersindical Central da Classe Trabalhadora saúda as trabalhadoras e trabalhadores neste 1° de Maio, nossa data, nosso símbolo de resistência contra a exploração capitalista. Esta data pertence a cada um e a cada uma de nós que vivemos do trabalho, e por sermos maioria no planeta, essa data nos unifica, ultrapassa fronteiras e reafirma nossa dimensão mundial, enquanto classe.
Vivemos em 2020 uma situação única, o mundo é assolado por uma pandemia e as consequências para a classe trabalhadora têm sido muito graves. Além do isolamento social necessário, no Brasil estamos enfrentando a irresponsabilidade do Governo Federal, que contraria as orientações sanitárias mundialmente reconhecidas e procura forçar nossa classe a retornar ao trabalho, rompendo a quarentena e nos submetendo a risco de contágio pelo novo coronavírus. Isso é um crime contra o povo trabalhador, um crime de responsabilidade, um crime contra a humanidade.
Diante disso, o 1° de Maio de 2020 assume caráter, forma e tarefas distintas. Quanto ao caráter, lutamos pela saúde de todas e todos, pela assistência estatal necessária à manutenção da vida. Por isso, para garantir a vida, temos de lutar contra o Governo e suas medidas.
Na forma, não poderemos, pela primeira vez na história, tomar as ruas com multidões de trabalhadores e trabalhadoras e realizarmos nossos atos de 1° de Maio. Faremos transmissões via internet, estaremos juntos no tempo, mas isolados no espaço. Essa é a opção possível para demonstrarmos nossa força, mantendo nossa responsabilidade com a vida, que neste momento se impõe sobre qualquer outra necessidade.
Quanto às tarefas, temos a obrigação de lutar, nas condições dadas, para garantir nossos espaços de manifestação social e para praticar a solidariedade de classe tão necessária. É preciso ampliar a pressão sobre o poder público, exigindo o pagamento rápido e desburocratizado do Auxílio Emergencial para todos que necessitem, pressionando para que a Emenda Constitucional 95 que estabelece o Teto de Gastos Públicos seja revogada permitindo investimentos nos serviço públicos e na manutenção dos empregos. E neste sentido, fica mais evidente a cada dia que é preciso derrotar Bolsonaro, que é um obstáculo ao cumprimento destes objetivos.
Diante de tarefas de tamanha relevância é fundamental a construção unitária do Ato do 1° de Maio por parte de todas centrais sindicais, com todas as diferentes expressões políticas da classe trabalhadora. A fragmentação de forças da classe não contribui para a organização de trabalhadores, especialmente nesse momento, ao contrário, leva ao fortalecimento do projeto de Bolsonaro. Por isso a Intersindical Central da Classe Trabalhadora defende a UNIDADE DA CLASSE NO 1° DE MAIO. A unidade, na luta contra Bolsonaro e o Covid-19, não é uma opção, mas uma questão de sobrevivência física e política da classe.
Na construção do Ato Unitário do 1° de Maio nos deparamos com um problema político. SEM CONSULTA À INTERSINDICAL, algumas centrais sindicais fizeram, por conta própria, convites à participação no ato virtual deste 1º de Maio para representantes do campo político contrário aos trabalhadores. Foram convidados, nominalmente, Fernando Henrique Cardoso (PSDB), Rodrigo Maia (DEM e Presidente da Câmara de Deputados), Davi Alcolumbre (DEM e Presidente do Senado Federal) e Dias Toffoli (Presidente do STF). É importante pontuar que a Intersindical Central da Classe Trabalhadora NÃO CONCORDA COM A PARTICIPAÇÃO destes atores políticos. Os que defendem a presença destes sujeitos estranhos à classe trabalhadora, justificam que estes têm se posicionado na luta contra Bolsonaro e em defesa da democracia e de que seria necessário unir forças com estes personagens que estariam em oposição ao presidente. Portanto, o convite seria um gesto neste sentido. A grande imprensa não tardou em utilizar politicamente o convite para criar o fato consumado, publicando imediatamente a informação sobre o convite.
A posição da Intersindical é que o convite desses personagens – tanto no método, quanto no conteúdo – foi equivocado. Se é certo que temos de garantir a unidade de todos na luta contra Bolsonaro, também é evidente que estes senhores e seus partidos não têm dado provas concretas de serem oposição ao governo. Seguem tocando a agenda econômica do Ministro Paulo Guedes, que aprofunda a precarização do trabalho, colaboram para o enfraquecimento das entidades sindicais e promovem a dilapidação do patrimônio nacional. Entendemos que é preciso muito mais do que a retórica para defender a democracia. Por isso, fomos contra esta iniciativa. No entanto, as centrais que realizaram os convites, não recuaram de sua posição, e o mantiveram.
Temos tarefas fundamentais neste período dramático de nossa história. Precisamos garantir ação unitária da classe contra a crise econômica e sanitária agravadas pelas medidas do governo, além da crise política gerada pelo próprio governo. Entendemos que nos retirar do 1° de Maio, é abrir terreno para nosso adversário. Mesmo NÃO TENDO CONCORDÂNCIA com a presença destes personagens em nosso ato, decidimos por construí-lo, porque nosso compromisso é exclusivamente com a classe, e ela estará participando, mesmo que virtualmente, no 1° de Maio. Não poderíamos deixar de colocar nossa posição perante os trabalhadores e trabalhadoras neste momento.
A Intersindical apresenta à classe trabalhadora neste 1° de Maio sua posição e compromisso de luta, expressos nos seguintes pontos:
VIVA O 1° DE MAIO!
VIVA A CLASSE TRABALHADORA!
VENCEREMOS!
São Paulo, 1° de Maio de 2020
Intersindical Central da Classe Trabalhadora
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