Na tarde de quinta-feira (07/04), famílias do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), organizadas no Acampamento Dom Tomas Balduíno, no município de Quedas do Iguaçu, região centro do Paraná, foram vitimas de uma emboscada realizada pela Policia Militar do Estado e por seguranças contratados pela empresa. O acampamento, cuja ocupação teve início em maio de 2015, possui aproximadamente 1,5 mil famílias.
O acampamento está localizado no imóvel Rio das Cobras que foi grilado pela empresa Araupel. A Justiça Federal declarou, em função da grilagem, que as terras são publicas e pertencem a União, e devem ser destinados para a reforma agrária.
A emboscada ocorreu enquanto aproximadamente 25 trabalhadores Sem Terra circulavam de caminhonete, há 6 km do acampamento, dentro do perímetro da área decretada pública pela justiça, quando foram surpreendidos pelos policias e seguranças entrincheirados. Estes alvejaram o veiculo onde se encontravam os Sem Terra, e nesse momento, para se proteger, os trabalhadores correm pelo mato em direção ao acampamento, na tentativa de fugir dos disparos que não cessaram.
No ataque da PM dois Sem Terra foram assassinados, sete estão feridos- o número exato ainda não foi confirmado – e dois foram detidos para depor e já foram liberados. O local onde ocorreu a emboscada foi isolado pela polícia militar, impedindo a aproximação de familiares das vitimas, advogados e imprensa, ameaçando as pessoas que se aproximavam. Tal atitude permite à policia destruir provas que podem esclarecer o grave fato.
A Policia Militar criou um clima de terror na cidade de Quedas do Iguaçu, tomando as ruas, cercando a delegacia e os hospitais de Quedas do Iguaçu e Cascavel para onde foram levados os feridos, impedindo qualquer contato das vitimas com familiares, advogados e imprensa.
O ataque da PM aos Sem Terra, adentrando em área federal, aconteceu após a visita, no dia 01 de abril, ao município de Quedas do Iguaçu, do Secretario Chefe da Casa Civil, Valdir Rossoni, do Secretario de Segurança Publica do Paraná, Wagner Mesquita, e representantes das cúpulas da policia do Paraná. Que determinaram o envio de um contingente de mais de 60 PMs para Quedas do Iguaçu.
O MST está na região há quase 20 anos, e sempre atuou de forma organizada e pacifica para que houvesse o avanço da reforma agrária, reivindicando que a terra cumpra a sua função social. Só no grande latifundiário da Araupel foram assentadas mais de 3 mil famílias.
O MST exige:
– Imediata investigação, prisão dos policias e seguranças, e punição de todos os responsáveis – executores e mandantes- pelo crime cometido contra os trabalhadores rurais Sem Terra.
– O afastamento imediato da policia militar e a retirada da segurança privada contratada pela Araupel.
– Garantia de segurança e proteção das vidas de todos os trabalhadores acampados do Movimento na região.
– Que todas as áreas griladas pela empresa Araupel sejam destinadas para Reforma Agrária, assentando as famílias acampadas.
Lutar, Construir Reforma Agrária Popular!
Direção Estadual do MST.
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