Número de demissões representa um aumento de 58,4% em relação ao número de postos fechados no mesmo período de 2015
Foi divulgada na quarta-feira, 28, a pesquisa do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados do Ministério do Trabalho e Emprego (Caged). O estudo aponta que de janeiro a outubro de 2016 os bancos brasileiros fecharam 10.009 postos de trabalho no Brasil, uma quantia que supera o total fechado em 2015, que foi de 9.886. O número de 2016 representa um aumento de 58,4% em relação ao número de postos fechados no mesmo período no ano passado, que foi 6.319.
A análise por Setor de Atividade Econômica revela que os Bancos Múltiplos com Carteira Comercial, categoria que engloba grandes instituições como Banco do Brasil, Itaú Unibanco, Bradesco e Santander fecharam 7.302 postos de trabalho (78,9% do total de postos fechados). A diretora do Sindicato dos Bancários/ES, Goretti Barone, destaca que com o desmonte anunciado pelo governo golpista de Temer a redução no quadro de funcionários no BB pode aumentar.
“A diminuição no número de bancários se deu por causa das aposentadorias e demissões. Em virtude delas, vagas foram abertas e o banco não as cobriu. Com o desmonte anunciado recentemente, além de reduzir a quantidade de agências e transformar outras em postos de atendimento, há previsão de redução de cerca de 9 mil postos de trabalho. Isso significa o caos no atendimento à população e a sobrecarga de trabalho para os bancários e bancárias que ficarem, acarretando, inclusive, doenças ocupacionais”, diz Goretti.
Segundo a pesquisa do Caged, a Caixa Econômica Federal foi responsável pelo corte de 1.992 postos de trabalho (21,5%). Assim como no BB, na Caixa também há um cenário de desmonte que acentuará a redução no quadro de funcionários. “O presidente da Caixa anunciou mais de 11 mil demissões. Já temos um quadro defasado de funcionários e a situação tende a piorar. Diante desses números, fica evidente o encolhimento da categoria bancária, principalmente nos bancos públicos”, afirma a diretora do Sindibancários, Lizandre Borges.
Do total dos desligamentos ocorridos nos bancos, 62% foram sem justa causa. Os desligamentos a pedido do trabalhador representaram 28% do total e totalizaram 7.719.
No momento do desligamento observou-se, praticamente, a mesma diferença na remuneração entre homens e mulheres. As mulheres que tiveram o vínculo de emprego rompido nos bancos no período recebiam R$ 5.360,73, o que representou 71,6% da remuneração média dos homens desligados dos bancos, que foi de R$ 7.483,89.
As 8.699 mulheres admitidas nos bancos nos primeiros 10 meses de 2016 receberam, em média, R$ 3.123,68. Esse valor correspondeu a 71,5% da remuneração média auferida pelos 8.717 homens contratados no mesmo período, que foi de R$ 4.370,31.
“A desigualdade salarial entre bancários e bancárias ocorre porque as mulheres são pouco promovidas nas instituições financeiras por causa do machismo. Um dos empecilhos para a promoção feminina é o papel atribuído às mulheres na sociedade, que é o de cuidar da casa e dos filhos. É preciso rever esse papel, que deveria ser partilhado pelo casal. Além disso, existe, em muitos homens, o preconceito de não querer a mulher como chefe, o que também impossibilita que ela se torne gestora”, declara a diretora do Sindibancários, Claudia Garcia de Carvalho.
Os desligamentos se concentraram nas faixas etárias superiores a 25 anos e, especialmente, na de 50 a 64 anos, que registrou um corte de 6.071 postos de trabalho (61% do total de postos fechados). Observa-se que o corte dos postos nos bancos se deu principalmente entre aqueles com maior tempo de casa, sendo compatível com o fato de serem os trabalhadores mais velhos. Entre os 27.425 desligados, a maior parte tinha 10 ou mais anos no emprego (9.379 cortes que correspondem a 34,2% do total). Outros 6.048 tinham entre 5 e 10 anos no emprego (22,1%).
“Os banqueiros querem reduzir o número de agências físicas e implementar agências digitais. Por isso, os funcionários mais velhos, que dedicaram suas vidas inteiras para a empresa, estão entre os mais demitidos, pois os mais jovens estão ligados à questão das novas tecnologias, além de ter custo menor”, declara o coordenador geral do Sindibancários, Jonas Freire.
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