De acordo com a Pesquisa de Emprego Bancário (PEB), divulgada pela Contraf, em 2015 os bancos brasileiros fecharam 9.886 postos de trabalho. Esse número representa quase o dobro se comparado a 2014, quando foram extintos 5.004 empregos nos bancos. Ou seja, houve um avanço de 97,6% nas demissões.
“Nos bancos privados as demissões têm origem principalmente na reestruturação do sistema financeiro, compra de bancos, fusões, inovações tecnológicas e avanço das terceirizações. No setor público, as demissões dialogam diretamente com a crise, pois o governo não autoriza a contratar mais funcionários”, afirma o diretor do Sindicato dos Bancários/ES, Carlos Pereira de Araújo, o Carlão.
Ele destaca, ainda, algumas das consequências da não contratação de funcionários por parte das instituições financeiras. “Isso acarreta a redução do número de trabalhadores nas agências e departamentos, provocando o adoecimento de bancários e bancárias. Muitos passam a ter, por exemplo, doenças psíquicas e LER. Além disso, o atendimento aos clientes fica prejudicado, pois eles passam a ter que esperar muito tempo para ser atendidos”, diz Carlão.
A pesquisa é feita em parceria com o Dieese e utiliza dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério Público (MTE). Esse mesmo estudo revela que nos últimos três anos o setor bancário permaneceu extinguindo empregos. Na comparação com 2013, quando houve o corte de 4.329 postos de trabalho, os números de 2015 representam um aumento ainda maior, de 128,4%.
Os bancos múltiplos, com carteira comercial, categoria que engloba grandes instituições, como Itaú, Bradesco, Santander, HSBC e Banco do Brasil, continuam sendo os principais responsáveis pelo saldo negativo. Eles eliminaram 7.248 empregos em 2015 (73% do total). Na Caixa, foram fechados 2.497 postos de trabalho no período (25%).
Na comparação mensal, dezembro apresentou o terceiro pior saldo, foram fechados 1.639 postos de trabalho, perdendo apenas para os meses de julho (-3.069) e novembro (-1.928). Em julho, o saldo negativo foi influenciado pelos programas de incentivo à aposentadoria implantados no Banco do Brasil e na Caixa.
Rotatividade e salário
De acordo com o levantamento da Contraf/Dieese, além do corte de vagas, a rotatividade continuou alta. Os bancos contrataram 29.889 funcionários e desligaram 39.775, em 2015. A pesquisa também demonstra que o salário médio dos admitidos pelos bancos foi de R$ 3.550,19, contra R$ 6.308,10 dos desligados. Assim, os trabalhadores que entraram nos bancos receberam valor médio 43,7% menor que a remuneração dos dispensados.
Desigualdade entre homens e mulheres
A pesquisa reforça também que as mulheres, mesmo representando metade da categoria e tendo maior escolaridade, continuam discriminadas pelos bancos na remuneração. As 14.291 mulheres admitidas nos bancos em 2015 receberam, em média, R$ 3.158,29. Valor 19,2% inferior à remuneração média dos homens contratados no mesmo período, que foi de R$ 3.909,25. A diferença de remuneração entre homens e mulheres é ainda maior na demissão. As mulheres que tiveram o vínculo de emprego rompido nos bancos entre janeiro e dezembro de 2015 recebiam R$ 5.439,40, que representa 23,4% a menos que o salário dos homens desligados dos bancos, de R$ 7.104,83, conforme o levantamento.
“Os números comprovam que as mulheres de fato estão em cargos inferiores. Sindicatos e movimentos, entre eles, o movimento feminista, , tem um longo caminho a percorrer na questão da igualdade entre homens e mulheres”, afirma a diretora do Sindicato dos Bancários/ES, Lucimar Barbosa.
Fonte: Sindicato dos Bancários do Espírito Santo
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