O PIB de 2019 cresceu 1,1%, segundo o IBGE. No mesmo ano os 4 maiores bancos do país aumentam seus lucros em 13%. Não há dúvida que a estagnação econômica é um projeto e não um problema para o governo.
Nas últimas semanas dois dados econômicos se destacaram entre os demais: o anúncio do crescimento raquítico do PIB e o estratosférico lucro dos grandes bancos brasileiros no ano de 2019. Parece contraditório existir dois indicadores tão diferentes acontecendo no mesmo período, mas na realidade não é.
Segundo os dados do IBGE, divulgados neste quarta-feira (04/03), indicam o crescimento de 1,1% do Produto Interno Bruto do país, somando R$ 7,257 trilhões , o mais baixo nos últimos 3 anos. Tal desempenho coloca em xeque o discurso de que a retirada de direitos sociais, o congelamento de gastos, privatizações, a desregulamentação da leis do trabalho iriam fortalecer o investimento e ampliar a produção de riqueza. Os governos Temer e Bolsonaro tiveram amplo apoio do “mercado” e da mídia empresarial, que aplaudiu as medidas de austeridade e privatizações, mas o resultado foi nulo em termos de crescimento econômico.
O pacote de maldades foi aprovado pelo congresso, mas o PIB não cresceu e o desemprego estabeleceu-se em 13% da da população economicamente ativa, os trabalhos gerados são precários, com rendimentos muito baixos. Este é o “novo normal” da economia brasileira, gente trabalhado muito, sem direitos, em péssimas condições e recebendo muito pouco.
Enquanto isso os quatros maiores bancos no país – Banco do Brasil, Bradesco, Itaú Unibanco e Santander – acumularam em 2019 os espetaculares 81,5 bilhões de reais, 13,1% a mais que 2018, e seguem sendo os principais beneficiados pela estagnação econômica.
Estes valores serão transferidos para os acionistas destas entidades financeiras, aproximadamente 150 pessoas, que não pagarão absolutamente nem um centavos de impostos, porque o Brasil (juntamente com a Estônia) são os únicos países do mundo que não tributam os lucros e dividendos dos empresários. O dinheiro, não tributado, vai se concentrar nas mãos de pouquíssimos indivíduos, que por sua vez não irão destiná-lo à economia real, mas a mais especulação financeira.
Logo, o “pibinho” resultado da políticas de Paulo Guedes não são um problema para o Governo, ao contrário. Assim, o capital migra do setor produtivo, que hoje abandona o país (desindustrialização), para o setor financeiro, muito mais lucrativo. O projeto dos bancos não é o crescimento econômico, mas a estagnação.
Não há contradição entre economia parada, alto desemprego e recorde de lucro no setor financeiro. Este é justamente o projeto de Guedes, Bolsonaro, Maia, Alcolumbre, Globo e dos rentistas.
Não há ideologia que resista a confissão dos números, o neoliberalismo se declara tecnicamente embasado, então, a única posição coerente tecnicamente é confirmar suas intensões a partir dos dados, e se revelar o que realmente é, um projeto para enriquecer 1% da população e superexplorar os 99%.
Texto: Pedro Otoni
Charge: Nando Motta
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