O ódio das Organizações Globo à Petrobrás é tão grande que a empresa teve de veicular matéria paga quando recebeu o prêmio equivalente ao “Nobel” da indústria do petróleo, pela terceira vez, em 2015. No entanto, a estatal tem sido manchete diária na rádio, TV e jornal da família Marinho quando as notícias servem para detonar a sua imagem.
A campanha sistemática contra a Petrobrás já confere à Globo o título de inimiga número 1 da empresa. Resta entender os motivos. Seria por conta da corrupção?
É pouco provável. O “portfólio” da Globo não recomenda. A emissora estaria envolvida em vários escândalos de corrupção. Gente ligada à Globo, Band e Folha de S. Paulo é citada nas contas do HSBC, na Suíça, em investigação sobre lavagem de dinheiro e sonegação fiscal.
A TV Globo também está sendo investigada como suspeita de sonegação do Imposto de Renda, na Copa do Mundo de 2002.
A rede dos Marinho estaria ligada à corrupção da Fifa. A Globo monopoliza transmissões esportivas há décadas. Um de seus sócios na TV TEM, em São Paulo, José Hawilla, já fez a “mea culpa” e devolveu à justiça US$ 151 milhões. Mas a poderosa rede de comunicação continua ilesa e ainda tem a cara de pau de fazer acusações a terceiros, no escândalo da Federação de Internacional de Futebol.
Essa, aliás, é uma diferença crucial entre os atos de corrupção que envolvem o nome da Petrobrás e da Globo. Enquanto os desvios na estatal estão sendo investigados e noticiados dia a dia, há mais de um ano e enquanto quatro diretores corruptos da companhia já estão na cadeia, gerentes estão sendo investigados e parte do dinheiro roubado está voltando aos cofres da empresa, os crimes da Globo continuam impunes.
Se a razão de tanto ódio não está centrada nos atos de corrupção, seriam razões políticas e econômicas?
A Globo sempre fez campanha aberta pela privatização da Petrobrás. Nos governos Collor-FHC a estatal era comparada a um paquiderme e seus trabalhadores chamados de marajás.
Nas privatizações dos governos Collor-FHC, com a cumplicidade da mídia, estatais eram vendidas a preço de banana. As tarifas dos serviços eram propositalmente congeladas, com o objetivo de onerar as estatais, reduzir seu valor de mercado, criando facilidades para os compradores, em geral empresas estrangeiras multinacionais.
O Sistema Petrobrás foi fragilizado pelas políticas neoliberais, mas suportou a pressão. Em 2006, a companhia deu a volta por cima. Anunciou as riquezas do pré-sal, considerada a maior descoberta petrolífera da atualidade, o que só foi possível graças à dedicação dos trabalhadores petroleiros que desenvolveram tecnologia inédita no mundo.
Acostumada a vencer desafios, a Petrobrás atravessou um período de grande crescimento. Basta dizer que, em 2003, valia R$ 15,4 bilhões no mercado. Em 2014, passou a valer R$ 214 bilhões. Portanto, houve um crescimento de mais de 300% no período Lula-Dilma. Por que será que a Globo omite essa informação dos seus leitores, ouvintes e telespectadores?
Estariam o PSDB e a grande mídia, Organizações Globo à frente, nessa campanha descarada para desqualificar a Petrobrás, empenhados em derrubar as ações da empresa para vendê-las mais barato? Forçar a venda de ativos, achatando seu valor de mercado?
Continua a pergunta, sem resposta. Mas por que logo a Petrobrás? Trata-se da maior empresa do país, responsável por 17% do PIB, empregadora de cerca de 400 mil trabalhadores. Financiadora maior das principais obras em andamento no país (PAC), através de seus impostos. A empresa é estratégica. Há 62 anos assegura o abastecimento de combustível em todas as regiões do país.
Ora, por que tanto ódio? Quem sabe porque a Globo seja ligada ao Grupo Time Life, norte-americano. Quem sabe o grau dos compromissos assumidos pelo senador José Serra (PSDB) com a petrolífera Chevron, norte-americana, para além do que já foi divulgado pela Wikileaks? Quem sabe…
Existem tantos mistérios a serem desvendados nesse obsessivo ódio da Globo/PSDB à Petrobrás quanto são enormes os desafios que a empresa brasileira ainda tem pela frente, para superar mais essa onda de ataques.
Emanuel Cancella é coordenador do Sindicato dos Petroleiros do Estado do Rio de Janeiro e da Federação Nacional dos Petroleiros (FNP)
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