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Em artigo publicado na quinta-feira passada (15) no jornal O Estado de S. Paulo, um dos mais influentes militares das gerações que atuaram durante a ditadura militar, o general da reserva Rômulo Bini Pereira, ex-chefe do Estado Maior do ministério da Defesa, admite a intervenção militar como saída para a crise política que envolve os três Poderes da República.
Sob o título de “Alertar é Preciso 2”, o general diz que as Forças Armadas serão a “última trincheira defensiva desta temível e indesejável ida para o brejo”.
O general faz uma análise da situação política brasileira, critica o Congresso Nacional, cita “um grande número de parlamentares envolvidos em processos judiciais” e coloca a intervenção militar como a solução para o país.
E se baseia no “clamor popular” para legitimar o golpe: “Os adeptos da adoção de uma intervenção militar vêm crescendo visivelmente. Não se tem conhecimento se são adeptos de uma ação direta manu militari ou de um apoio total e participativo num novo governo não eleito pelo voto popular. São cidadãos de meia-idade que conviveram com o regime militar e consideram o período de proveito para a sociedade brasileira. Por terem a mesma visão, a eles se juntam jovens revoltados e sem esperanças de melhoras na crise que o País vive. Já não se intimidam com o patrulhamento e com o ‘politicamente correto’ tão apregoado no Brasil. Alegam que as Forças Armadas cultuam princípios e valores que não veem em outras instituições e que elas seriam a única solução para a crise atual”, afirma Bini.
“No cenário mundial, dois fatos políticos recentes suscitam também observações válidas: as eleições presidenciais nos Estados Unidos e o plebiscito que definiu a saída do Reino Unido da União Europeia (Brexit). As análises feitas por institutos de pesquisa mostram que a principal causa dos surpreendentes resultados é creditada aos governos centrais e suas instituições, que se afastaram das opiniões e dos interesses de suas respectivas populações”, alega ele.
General Bini considera ainda que o país enfrenta uma “desgraça sem precedentes” e tenta profetizar: “É nesse cenário de ‘desgraças’ que as instituições maiores e seus integrantes deverão ter a noção, a consciência e a sensibilidade de que o país poderá ingressar numa situação de ingovernabilidade, que não atenderá mais aos anseios e às expectativas da sociedade, tornando inexequível o regime democrático vigente”. E conclui o artigo referindo-se à intervenção militar: “É um caso, portanto, a se pensar”.
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