Na última terça-feira (03), trabalhadores foram às ruas contra a privatização da CEDAE-RJ (Companhia Estadual de Águas e Esgotos do Rio de Janeiro). Temendo por seus empregos, foi realizada uma paralisação de 24h contra a tentativa de privatização do sistema.
Mesmo após a Justiça do Trabalho ter suspendido o processo de venda na última sexta-feira (29), trabalhadores ainda temem pelas demissões e precarizações, que geralmente acompanham os processos de privatização de empresas públicas.
A decisão da juíza Maria Gabriela Nuti, da 57ª Vara do Trabalho, tem caráter liminar. A ordem determina que o estado está proibido de praticar “todo e qualquer ato de privatização da companhia”, sob pena de multa diária de R$ 500 mil.
Mas isso não traz segurança aos trabalhadores. Nélio Valadão, metalúrgico e membro da Intersindical Central da Classe Trabalhadora, no Rio de Janeiro, alerta: “nós sabemos que essa liminar pode ser cassada de uma hora para outra. Os trabalhadores precisam estar mobilizados, participando dos movimentos para que o governo saiba que estamos atentos com o que pode acontecer”.
Hoje, a CEDAE emprega cerca de 6 mil trabalhadores. Embora, em outras épocas, a empresa já tenha tido um número muito maior de trabalhadores diretos e prestadores de serviços. A diminuição do quadro já está em curso há muito tempo com o sucateamento das estatais. Por conta disso, no Rio de Janeiro a população já está sofrendo com a escassez de água.
Apesar de não ser trabalhador da CEDAE, Nélio acompanha de perto o processo de entrega que acontece em seu estado: “as privatizações estão caminhando a passos largos, aqui no Rio de Janeiro”.
“A CEDAE é uma empresa lucrativa, por isso os empresários estão de olho nela. Mas a preocupação da população é por conta do saneamento, já que água é um bem público e ela não poderia ser privatizada. Como o Petróleo”, preocupa-se, Nélio. “Em Niterói, uma parte da água já foi transferida, em forma de concessão, para a exploração do setor privado”.
A tentativa de privatização da CEDAE é mais um capítulo do PPI (Programa de Parcerias de Investimento), promovido por Michel Temer.
De caráter entreguista e ultra-liberal, o programa prevê a entrega de rodovias, aeroportos e espaço aéreo, energia e riquezas naturais estratégicas à iniciativa privada. Eletrobras, Correios, Petrobras, Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Metrô de São Paulo e até mesmo a Casa da Moeda estão na mira do governo golpista de Michel Temer e PMDB.
Paralelamente, o governo Temer perdoa dívidas gigantescas com banqueiros, como R$ 27 bilhões do Itaú e Santander, neste ano.
Atualização às 15h10 de 06/10/2017
Na tarde desta quinta-feira (05), a Procuradoria Geral do Estado do Rio de Janeiro (PGE) conseguiu derrubar a liminar expedida pela Justiça do Trabalho, que suspendia o processo de privatização da Cedae.
O presidente do Tribunal Regional do Trabalho – 1ª Região (RJ), o desembargador Fernando Antonio Zorzenon da Silva, aceitou os argumentos da PGE.
INTERSINDICAL – Central da Classe Trabalhadora
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