A Intersindical – Central da Classe Trabalhadora acompanha com grande preocupação o aumento no número de queimadas no Brasil, que hoje já podem ser consideradas catastróficas e intencionais. Esses incêndios criminosos devastam florestas, destroem a biodiversidade, alteram ecossistemas e comprometem a vida de milhões de pessoas nas cidades e no campo. A escassez de chuvas em diversos municípios, bem como as enormes enchentes em outros não são fenômenos climáticos naturais, mas resultado da ação humana. Agora, o ar tornou-se irrespirável em muitas cidades devido à grande quantidade inaceitável de fumaça e cinzas na atmosfera. Pessoas estão morrendo por complicações respiratórias, e isso não pode mais ser tratado como fato isolado ou uma contingência, trata-se da consequência do modelo de produção atual, que declarou guerra à natureza.
Apesar dos esforços do Governo Federal, como a criação de gabinetes de crise para enfrentar desastres climáticos, como as enchentes no Rio Grande do Sul e os incêndios e a seca em vários estados brasileiros, muitos incêndios continuam a ocorrer devido a permissividade de autoridades locais, que se omitem ou fingem não perceber a gravidade da situação. Em São Paulo, por exemplo, há uma conivência das esferas estaduais e municipais com a destruição ambiental, o que intensifica ainda mais o problema.
A Ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, destacou que “qualquer incêndio se caracteriza como criminoso” durante o período de proibição, devido à gravidade da seca e das condições climáticas extremas. No entanto, mesmo com os esforços do governo federal para mitigar os incêndios e suas consequências, como o combate direto ao fogo e o apoio às vítimas, as iniciativas precisam ser complementadas por ações rigorosas e integradas das prefeituras e estados, que muitas vezes negligenciam suas responsabilidades.
O modelo econômico dominante, baseado no agronegócio predatório e nas grandes corporações, ignora os impactos sociais e ambientais de suas práticas. A destruição da natureza pelo fogo é uma expressão clara do desprezo do capitalismo pela sustentabilidade e pela vida humana. A legislação vigente, que prevê pena de 2 a 4 anos de prisão para quem provoca incêndios em áreas e períodos proibidos, é insuficiente e raramente aplicada. Sem a adoção de medidas emergenciais mais eficazes e sem a responsabilidade dos governos locais, continuaremos a ver a destruição de nossos biomas.
A Intersindical denuncia não apenas os criminosos diretos, mas também a “cultura do fogo” presente em muitos municípios do país, que permite que esses incêndios ocorram de forma recorrente e impune. Convocamos a classe trabalhadora a agir a partir de seus territórios, denunciando todas as atividades ilícitas que ameaçam o meio ambiente. A luta pela preservação ambiental é uma luta de todos nós e deve ser organizada desde nossos bairros, comunidades, sindicatos e Comitês Populares de Luta.
Orientamos todas as nossas bases a se mobilizarem e denunciarem qualquer atividade criminosa, tanto no campo quanto nas cidades. A destruição ambiental é um crime contra o futuro do nosso povo, e devemos combatê-la com todas as nossas forças. Apenas com a pressão popular sobre os órgãos responsáveis e a ação direta das organizações sociais será possível reverter essa situação.
Viu fogo? Ligue 193
Viu alguém colocando fogo em perímetro urbano? Ligue 194
Viu alguém colocando fogo próximo a estradas? Ligue 191
São Paulo, 17 de setembro de 2024
INTERSINDICAL – Central da Classe Trabalhadora
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