A Fundição Progresso recebeu nesta segunda-feira (6) ampla frente da esquerda brasileira para o lançamento da campanha Se é público, é para todos!, criada pelo Comitê Nacional de Defesa das Empresa Públicas Brasileiras. Combate aguerrido e popular pelo patrimônio brasileiro e repúdio ao governo golpista de Michel Temer deram a tônica do dia de luta.
O Sindicato dos Bancários/ES compôs o evento com uma delegação de aproximadamente 30 pessoas. “A defesa do patrimônio público é uma luta de todos nós. Precisamos construir saídas unitárias para enfrentar esse momento de ataque aos trabalhadores”, afirma Lizandre Borges, diretora do Sindicato.
A Intersindical – Central da Classe Trabalhadora e outras seis centrais sindicais e entidades filiadas participaram do lançamento da campanha. A defesa da Caixa e do Banco do Brasil fortes e operadores das políticas de desenvolvimento cidadão do povo brasileiro marcaram as falas das diversas lideranças bancárias.
“As empresas e serviços públicos garantem o compartilhamento universal das riquezas produzidas pelo país, eles são as principais promotores de cidadania. Com a campanha vamos conversar com o povo brasileiro sobre a importância de lutar pelo nosso patrimônio e contra qualquer reforma que retire direitos dos trabalhadores. A luta é de todos nós! “, explicou Rita Lima, diretora do Sindicato, integrante do Comitê Nacional e representante da Intersindical na abertura do evento.
A FUP (Federação Única dos Petroleiros) somou à narrativa do golpe que afastou a presidente Dilma Rousseff o lobby das petroleiras internacionais e os interesse estadunidense pelas reservas energéticas brasileiras. Mote da campanha Se é público, é para todos!, a defesa da Petrobrás e do pré-sal para os brasileiros foi colocada em destaque na campanha pelas estatais.
Guilherme Estrela, geólogo e ex-diretor da Petrobras, também articulou a agenda financeira neoliberal à crise política e econômica experimentada pelos brasileiros.
“O que está em jogo não são as empresas públicas e estatais, ou ainda as privadas, o que está em jogo é o salvamento do Brasil. Querem vender nosso patrimônio e transformar o povo em escravos do sistema financeiro internacional. Precisamos ir para a rua juntos defender o Brasil”, afirmou Estrela.
Presentes no ato, funcionários da EBC (Empresa Brasil de Comunicação) colocaram em questão o papel das corporações de comunicação no momento político, exigindo democratização e regulamentação econômica, e denunciaram o desmonte do sistema de comunicação pública operado por Temer nas últimas semanas.
Professores, técnico-administrativo, portuários, jornalistas, artistas, carteiros e outras categorias do funcionalismo público engrossaram as falas em defesa do patrimônio e denunciaram as ações de desmonte do estado brasileiro operado na última semana pelo governo golpista.
Durante o ato de encerramento, Maria Rita Serrano, bancária da Caixa e coordenadora do Comitê Nacional, lembrou a luta dos trabalhadores contra o PLS 555 e afirmou a continuidade da defesa das empresas públicas contra o PL 4918 e a MP 268, convidando os presentes a tomarem às ruas. A fala contextualizou o panorama de privatizações no âmbito federal, estadual e municipal articuladas pelo interino Michel Temer.
Mais cedo, membros do Comitê Nacional apresentaram a campanha Se é público, é para todos! convidando as entidades presentes a criarem comitês estaduais e municipais para engrossar os atos de rua e levar a população a defesa das empresas públicas.
A luta precisa ser feminista e começar com nossos amigos
A conversa O que é público para você? problematizou os interesses capitalistas que motivam o golpe, com destaque para o papel das corporações de mídia e a influência do capital estrangeiro através do lobby das empresas petrolíferas e da inteligência estadunidense nas instituições brasileiras, e também traçou o impacto do golpe no Brasil contemporâneo, com o embrutecimento das práticas cotidianas, a ascensão do fascismo nas ruas e no governo, com a crescente intolerância à diversidade de ideias e culturas populares.
Destaque do espaço, a filósofa e escritora Marcia Tiburi partiu do feminismo para tratar do conceito de público. Para a filósofa, a ausência de mulheres, especialmente negras, indígenas e trans nos espaços públicos e de poder do país, inclusive nas estatais, deixam ver o quanto nossa sociedade precisa avançar para atingir níveis toleráveis de cidadania.
“A luta feminista é a mais urgente, pois afirma a liberdade dos corpos mais objetificados pelo capitalismo”, explicou.
Tiburi também reivindicou a tomada dos espaços públicos com ocupações e colocou em questão as lutas travadas pelas juventudes secundaristas e artísticas que tomaram o país nos últimos meses. Tais espaços de ocupação, propõe a filósofa, aproximam a esquerda e ajudam a criar reivindicações comuns, unificando e dando visibilidade às lutas progressistas.
A ideia de retornar ao espaço público “entre amigos, para fazer política miúda, de conversa” também foi um ponto de destaque na fala da filósofa. “Precisamos intervir com diálogo nos espaços cotidianos, precisamos conversar com as pessoas próximas e buscar novos espaços para conversar. A expansão da liberdade depende do nosso esforço para fortalecer as relações entre os nossos, mas também trazer mais pessoas para a luta política. É nossa ação no espaço público que vai refundar a política. Temos que voltar às ruas e às comunidades para ampliar nossa rede de amigos”, pontuou Tiburi.
Presentes no espaço, a deputada federal Jandira Feghali, o professor da UERJ Emir Sader, o advogado Ricardo Lodi e João Antônio de Moraes, Secretário da FUP denunciaram o golpe e reivindicaram expressamente a unificação da esquerda brasileira contra o choque conservador em curso.
O campanha Se é público, é para todos! é realizada pelo Comitê Nacional em Defesa das Empresas Públicas e tem o patrocínio de Fenae, FUP, Intersindical, CUT, CTB, Contraf-CUT, CNTE, Sindibancários/ES, Bancários do ABC e outras.
Fonte: Sindicato dos Bancários do Espírito Santo
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