intersindical
Índice
Apresentação
É com muito orgulho que neste ano comemoramos 10 anos de fundação da Intersindical Central da Classe Trabalhadora, e para marcar esse momento lançamos o Caderno de Formação n° 1 - Intersindical: História, Concepção e Desafios. Este documento é dirigido a todos e todas que desejam conhecer um pouco mais sobre a concepção e prática da Intersindical.

Este é um material de síntese, que aponta os aspectos fundamentais da política da Intersindical, construído coletivamente ao longo de uma década de trabalho intenso da militância sindical e popular. Seu conteúdo é produto da experiência política vivida no calor dos acontecimentos recentes do nosso país; é o olhar de quem luta, resiste e não desanima diante dos mais árduos desafios apresentados à classe trabalhadora brasileira.

Esperamos que este Caderno possa motivar espaços de diálogo e formação sobre a Intersindical pelo país afora e estimule a filiação de novas entidades e movimentos à central. Convocamos a militância a organizar encontros de estudo deste material, aprofundando seu entendimento sobre a história, a concepção sindical e os desafios colocados para nossa classe.

Desejamos a todas e todos uma ótima leitura!

São Paulo, julho de 2024
Décimo aniversário da Intersindical
Introdução
A Intersindical - Central da Classe Trabalhadora é uma central sindical brasileira fundada em 2014, nascida no contexto de uma profunda crise econômica, social e política. Desde a sua fundação, a Intersindical se destacou como uma alternativa combativa, coerente e autônoma para o movimento sindical brasileiro, mantendo-se fiel aos princípios do sindicalismo classista e de base que marcaram o novo sindicalismo dos anos 1980.

A criação da Intersindical foi motivada pela necessidade de responder às mudanças no perfil da classe trabalhadora no Brasil e no mundo. A intensificação da exploração capitalista e as transformações econômicas, tecnológicas e produtivas resultaram no surgimento de novos perfis e demandas dentro da classe trabalhadora. Para enfrentar esses desafios, tornou-se essencial atualizar as formas de luta e organização, superando a estrutura sindical tradicional, que muitas vezes se mostra antiquada e com baixa capacidade de mobilização e intervenção política.

Desde os anos 80 e 90, militantes sindicais que formaram a base da Intersindical já defendiam uma nova estratégia para o movimento sindical, reconhecendo que as lutas dos movimentos sociais e populares são intrinsecamente ligadas às lutas da classe trabalhadora e devem ser unificadas. Além disso, a Intersindical defende a inclusão de trabalhadores autônomos e informais no movimento sindical, garantindo que todos os segmentos da classe trabalhadora sejam representados e tenham voz nas lutas coletivas.

Ao longo de seus 10 anos de existência, a Intersindical se destacou por sua atuação combativa e mobilizadora. A central participou de diversas lutas importantes, como as greves gerais contra a Reforma Trabalhista e da Previdência, as mobilizações contra a terceirização e os ataques aos direitos dos servidores públicos, além de ser uma das organizações que atuaram na luta em defesa da democracia.

Este caderno tem como objetivo apresentar a Intersindical, destacando sua história, seus princípios e suas conquistas, além de incentivar a filiação de sindicatos e movimentos populares à nossa central. Acreditamos que, juntos, podemos construir um movimento sindical mais forte, combativo e representativo, capaz de enfrentar os desafios atuais e futuros da classe trabalhadora em todas as suas dimensões e diversidade.
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Breve histórico da intersindical

Linha do tempo da Intersindical:
10 anos de resistência

Onde estava a Intersindical?

Setores da militância e entidades, que dariam origem à Intersindical, participam da esquerda da CUT entre outras, defendendo um sindicalismo combativo, classista e estreitamente vinculado às entidades e movimentos de base da classe trabalhadora em consonância com os princípios fundantes do novo sindicalismo.
Anos
80 e 90
2014

Fundação da Intersindical

O bancário de São Paulo, Edson Carneiro Índio, é eleito o Secretário Geral da central. O Congresso fundacional reuniu sindicalistas do setor público, bancário,químicos, entre outras categorias e lideranças populares de diferentes trajetórias e tradições políticas em torno do desafio de criar uma central independente, coerente e combativa.

No mesmo mês se inicia a farsa da Operação LAVA JATO, que é denunciada pela central como um instrumento dos EUA que busca controlar as reservas de petróleo do pré-sal. Dilma Rousseff é eleita presidenta pela 2°vez, mas o candidato derrotado não reconhece o resultado das urnas e inicia uma campanha de desestabilização do governo.

Frente Povo Sem Medo

A Intersindical, o MTST e várias outras entidades e movimentos fundam a Frente Povo Sem Medo com o objetivo de criar um campo de mobilização permanente contra o golpismo e em defesa da democracia. No campo da política sindical enfrentou o projeto de a terceirização irrestrita e todas políticas de ataques aos direitos da classe trabalhadora, como maiores restrições ao seguro desemprego, atuação contra o PL 555 privatização das estatais e abertura do capital da Caixa Econômica Federal.
2015
2016

Golpe e a PEC do Fim do Mundo

A Intersindical atua de maneira decidida contra o golpe sobre a presidenta Dilma e a democracia, e luta contra a Emenda Constitucional 95, a PEC do Fim do Mundo de Michel Temer, que congelou os gastos públicos por 20 anos, encerrando qualquer ampliação de serviços como saúde, educação, segurança, obras públicas, etc. Realização do 1° Congresso Nacional da Intersindical.

Ataque aos Direitos

A Intersindical faz a resistência contra a Reforma Trabalhista de Temer que retirou direitos dos trabalhadores e legalizou a terceirização irrestrita, destruindo a CLT. Da mesma forma, 2017 foi o ano em que participamos de forma decisiva na construção da greve geral (28 de abril) que derrotou o projeto de contrarreforma da previdência do governo Temer.
2017
2018

Lula Livre e Campanha "Ele Não"

Lula é preso injustamente e impedido de concorrer às eleições presidenciais de 2018, da qual era favorito. A Intersindical participa da resistência democrática em defesa de Lula e se soma à luta das mulheres na Campanha Ele Não, que denunciou o caráter fascista e misógino de Bolsonaro durante as eleições presidenciais daquele ano.

Primeiro Ano do Governo Bolsonaro

Realização do 2º Congresso Nacional
da Intersindical. A Intersindical se soma às entidades do campo democrático na mobilização permanente contra as medidas do governo fascista, em especial, participa da luta contra a Reforma da Previdência, que atacou a
aposentadoria do povo trabalhador. No final deste ano, os processos contra Lula são anulados e o ex-presidente é libertado.
2019
2020

Auxílio Emergencial e Luta contra a PEC 32

A pandemia do COVID -19 chega e se agrava. A Intersindical atua pela liberação do Auxílio Emergencial para população mais pobre. A Intersindical se soma à luta contra a Reforma Administrativa, que pretende precarizar a situação dos servidores públicos.

Privatização, Inflação, Fome e Morte

A pandemia tem o período mais letal. Reforçamos a campanha pela vacinação urgente para todos, e defesa da ciência como forma de salvar vidas.

Foi o ano em que as forças populares, através da campanha Fora Bolsonaro, realizaram manifestações massivas contra as políticas anti povo e as ameaças golpistas do bolsonarismo. A Intersindical participou ativamente destas mobilizações.

Bolsonaro mobiliza atos golpistas e avança na privatização das empresas públicas, o desemprego e a inflação dispararam e a fome retornou com força no país. A Intersindical intensifica sua atuação em defesa da democracia e das empresas públicas.
2021
2022

Comitês Populares de Luta e Mobilização Fora Bolsonaro

A Intersindical aposta na mobilização e organização de base em defesa da democracia e apoia a criação de Comitês Populares. Apoia a candidatura de Lula que vence as eleições presidenciais.

A extrema-direita mobiliza sua base que realiza acampamentos às portas dos quartéis do Exército e ensaia um golpe de estado em dezembro, inclusive com uma fracassada tentativa de bomba no aeroporto de Brasília.

Golpismo da Extrema-Direita e Reconstrução do País

No dia 08 de janeiro, a extrema-direita invade e depreda as sedes dos Três Poderes em Brasília.

A Intersindical se soma à luta pela reconstrução do Brasil e atua em diferentes pautas como a redução dos juros, regulamentação do trabalho por aplicativo, valorização das negociações coletivas e pela reindustrialização socialmente e ambientalmente sustentável.
Realização do 3° Congresso Nacional da Intersindical, em março deste ano. A trabalhadora da Indústria química de Osasco, Nilza Pereira de Almeida, é eleita a Secretária Geral da Intersindical, sendo a primeira mulher a presidir uma central sindical no Brasil.
2023
2024

A Intersindical Comemora 10 Anos

A Intersindical completa uma década de fundação, sempre com a classe trabalhadora e do lado certo da história. Ao completar 10 anos, reafirma seu compromisso em seguir contribuindo em defesa da democracia, da soberania e dos direitos do povo trabalhador.
...
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Concepção
da Intersindical
A Intersindical - Central da Classe Trabalhadora nasceu em 2014 com uma missão audaciosa: representar a classe trabalhadora em seu conjunto, tanto no campo quanto na cidade. Foi criada com a proposta de ser um espaço de aliança entre os setores sindical e popular, abrangendo todos os trabalhadores e trabalhadoras, com ou sem carteira assinada, terceirizados, autônomos e lutadores e lutadoras que atuam pelos direitos à terra, à moradia e garantias fundamentais e contra todas as formas de preconceito e discriminação.
Quem somos e o que queremos
A Intersindical é uma central sindical classista de representação máxima de trabalhadores e trabalhadoras no âmbito nacional.

Nosso principal objetivo é articular, organizar e mobilizar a classe trabalhadora, no campo e na cidade, por conquistas de direitos econômicos, trabalhistas, sociais e políticos.

Nosso projeto estratégico é a construção de uma sociedade socialista, democrática, livre e igualitária, sem exploração ou opressão.
A concepção da nossa central é que a classe trabalhadora é formada por uma diversidade de situações de trabalho e possui em seu interior muitas formas de organização, no entanto, é identificada por sua característica principal: ser composta por quem vive do próprio trabalho.
Você sabe a origem da palavra sindicato?
A palavra “sindicato” tem origem no idioma grego, “syndikos” é uma combinação de “syn-” (juntos) e “dike” (justiça ou direito), significando alguém que defende a justiça ou os direitos coletivos. Originalmente, “syndicus” em latim referia-se a um representante ou defensor de um grupo.

No contexto moderno, a palavra evoluiu para designar uma organização que representa os interesses de um grupo de trabalhadores, lutando por melhores condições de trabalho e outros direitos coletivos. O sindicato funciona então como organizador da vontade coletiva.
Independente das condições econômicas, contratuais e organizativas que cada parcela da classe possui, seus interesses gerais e estratégicos são sempre os mesmos: melhores condições de vida, mais direitos, o fim da exploração e uma maior participação política na sociedade.
A Intersindical foi criada para...
1) Ser combativa, porque somente por meio da luta conquistamos e defendemos direitos. Lutar todos os dias contra os desmandos dos patrões e governos.
2) Ser autônoma em relação aos partidos, governos, estado e patrões, se orientando pelos interesses próprios da classe.
3) Ser coerente com seus princípios, ser democrática em seus métodos e buscar a unidade nas lutas.
Assim é a Intersindical e é com essa concepção que procuramos apoiar os sindicatos e movimentos filiados à central.
2.1 Classismo
O sindicalismo classista é o alicerce da concepção da Intersindical. Significa que s ações do movimento sindical e popular devem sempre se orientar pelos interesses gerais e próprios da classe trabalhadora como um todo. Significa ainda que os interesses gerais de quem trabalha estão em conflito com os interesses dos patrões (classe burguesa), que vivem da exploração do nosso trabalho. A esse conflito, damos o nome de luta de classes.
Ser classista é...
1) Entender e analisar a realidade a partir da perspectiva
e dos interesses dos trabalhadores e trabalhadoras.
2) Organizar os trabalhadores e trabalhadoras na base e apostar
na ação direta, conscientização, mobilização e luta sempre.
3) Se orientar pela unidade e pelos interesses de toda a classe e não apenas de uma categoria ou setor específico, combatendo o corporativismo e a fragmentação. Lutar sempre para unir o que o capital separa.
Mesmo que importantes e necessárias, as lutas no interior das categorias profissionais são insuficientes para construir direitos universais para a classe trabalhadora; conquistas são produtos da luta conjunta dos trabalhadores e trabalhadoras, independente da categoria ou forma de organização que assuma.
2.2 Concepção de Movimento Sindical
Para a Intersindical, o movimento sindical é a classe trabalhadora organizada e em luta não pode ser confundido com a estrutura sindical estabelecida pela legislação. O movimento sindical precisa de estruturas sindicais, ou seja, dos sindicatos, federações e confederações, mas não se resume a elas. Muitos movimentos populares e organizações informais que surgem por pautas específicas também fazem parte do movimento sindical, na medida que suas demandas e sua composição estão relacionadas à classe trabalhadora.

É por essa razão que a Intersindical é uma central diferente, pois compreende que um dos seus objetivos é agir como um espaço de unidade das diferentes formas de luta e organização da classe. A concepção intersindical, que dá nome a nossa central, significa exatamente defender e desenvolver uma proposta de convergência de toda a diversidade organizativa do movimento dos trabalhadores e trabalhadoras.
2.3 Princípios da Intersindical
Conforme estabelece o Estatuto da Intersindical (art.3°), a central possui cinco princípios que orientam a prática da entidade e das organizações filiadas.
Nossos princípios são...
Democracia: Promover a participação ativa e democrática da base nos debates e decisões para construir consensos e fortalecer a unidade na ação.

Autonomia: Garantir que os sindicatos operem de forma independente e autônoma, sem interferências externas de patrões, governos e partidos.

Ação Direta: Valorizar a mobilização e a luta direta como método para a conscientização de classe e a conquista de direitos.

Unidade: Construir democraticamente consensos progressivos e políticas comuns, respeitando a autonomia das entidades filiadas.

Solidariedade: Fortalecer a cooperação e apoio mútuo entre trabalhadores/as para enfrentar desafios comuns nos níveis nacional e mundial.
A seguir, falaremos um pouco sobre cada um deles.
I. DEMOCRACIA E UNIDADE DE AÇÃO DOS TRABALHADORES E TRABALHADORAS

A Intersindical se destaca por ser uma central democrática e com estratégia socialista, promovendo a participação ativa dos trabalhadores e construindo consensos para ações unitárias com entidades e lideranças.

Compreendemos que no movimento sindical e popular precisa ter como centro a participação ativa dos trabalhadores e trabalhadoras e isso se dá quando temos espaços de debate de ideias e compreensão de que precisamos considerar a diversidade de opiniões para construir consensos e lutas unitárias.

A unidade na ação é produto do debate e não de imposições burocráticas, por isso é preciso desenvolver cotidianamente o trabalho de base sindical e popular, aproximando a base da compreensão da realidade e da definição das agendas de luta.

Para a Intersindical, o movimento sindical deve ser um espaço de aprendizagem da classe trabalhadora, no qual constrói consciência e ganha experiência de organização e combate. Por isso, quanto mais democráticos forem os espaços, mais agregadores e formativos serão os debates e mais sólida será a unidade em torno das decisões tomadas, seja em uma reunião de direção, uma conferência, uma eleição sindical ou uma assembleia de base.

II. LIBERDADE E AUTONOMIA SINDICAL

A liberdade sindical é essencial para que os sindicatos atuem de forma independente, representando os interesses dos trabalhadores e negociando coletivamente por melhores condições de trabalho. A autonomia sindical permite que os sindicatos governem a si mesmos, desenvolvendo estratégias de luta e organização adaptadas às necessidades específicas de suas bases, sem interferências externas.

A liberdade sindical refere-se ao direito dos trabalhadores de se organizarem em sindicatos sem interferência ou repressão por parte do Estado ou dos empregadores. Os trabalhadores e trabalhadoras têm o direito de formar e se filiar a organizações de sua escolha sem interferência do Estado e dos patrões, bem como o direito de redigir seus próprios estatutos e regulamentos, eleger livremente seus representantes, organizar sua administração e suas atividades e formular seus programas, conforme estabelece a Convenção nº 87 da OIT sobre a Liberdade Sindical e a Proteção do Direito de Sindicalização (1948).

Outra convenção relevante é a Convenção nº 98 da OIT sobre o Direito de Sindicalização e de Negociação Coletiva, adotada em 1949. Esta convenção complementa a Convenção nº 87, protegendo os trabalhadores contra atos de  iscriminação sindical e garantindo a proteção das organizações sindicais contra interferências dos empregadores. A  Convenção nº 98 enfatiza a importância de permitir que os sindicatos funcionem de maneira autônoma, sem controle ou influência externa, assegurando que possam negociar livremente e defender os interesses de seus membros.

A autonomia sindical, por sua vez, diz respeito à capacidade dos sindicatos de governarem a si mesmos, determinando suas próprias políticas, estrutura e liderança sem intervenção externa. Essa autonomia é crucial para garantir que as decisões sindicais reflitam verdadeiramente a vontade e os interesses dos trabalhadores, em vez de serem influenciadas  por agendas externas. A autonomia também permite que os sindicatos desenvolvam estratégias de luta e organização que sejam mais eficazes e adaptadas às necessidades específicas de suas bases. A intervenção estatal ou patronal nos assuntos sindicais tende a enfraquecer a representatividade e a eficácia dos sindicatos, minando sua legitimidade e capacidade de  mobilização.

Historicamente, a luta pela liberdade e autonomia sindical tem sido uma constante nos movimentos operários em todo o mundo. A resistência a ditaduras e regimes autoritários, que frequentemente reprimem a atividade sindical, é um exemplo claro dessa luta. No Brasil, por exemplo, o movimento sindical enfrentou grandes desafios durante o período da ditadura militar (1964-1985), quando muitos sindicatos foram colocados sob intervenção estatal. A redemocratização trouxe um renovado impulso para a autonomia sindical, mas a luta continua, especialmente diante de uma maior ofensiva do capital que busca enfraquecer as organizações de trabalhadores. Portanto, a defesa contínua da liberdade e autonomia  indical é vital ampliar a força da classe trabalhadora e com isso exercer plenamente seus direitos e influenciar os rumos da economia e da política.

III. DEFESA DA AÇÃO DIRETA DOS TRABALHADORES E TRABALHADORAS

A luta é educativa e transformadora, pois é através dela que trabalhadores e trabalhadoras ganham consciência de classe e  criam uma nova compreensão do mundo.

A Intersindical tem, portanto, a luta, a ação direita da classe, como princípio fundamental de sua atuação. Acreditamos que toda negociação deve ser precedida por uma ação envolvendo a base sindical, pois este é um método que cria consciência de que nenhum direito ou conquista vem sem luta e esforço. A negociação é uma parte da luta e não substitui as assembleias, paralisações, greves e atos. Os melhores acordos coletivos são aqueles em que a classe se movimenta.

IIV. UNIDADE POLÍTICA DAS POSIÇÕES, RESPEITANDO A AUTONOMIA DAS ENTIDADES DE BASE E SEUS FÓRUNS

A Intersindical atua criando consensos progressivos e construindo posições unitárias através da democracia interna, sem imposições ou burocracias.

A Intersindical é uma central que atua criando consensos progressivos e construindo posições unitárias sobre a sua atuação política. Não há imposições ou formas burocráticas de manipular o debate, pois a melhor posição é aquela em que todos/as são responsáveis por sua formulação e execução, e isso não se alcança sem democracia interna.

Da mesma forma, a relação com as entidades filiadas segue o mesmo princípio, buscar a unidade e o envolvimento da base sindical mas sempre respeitando as decisões dos fóruns das entidades. A busca por unidade é um processo de construção de políticas comuns e convencimento dos sindicatos sobre o que deve ser feito, nunca uma ordem imposta.

V. SOLIDARIEDADE ENTRE OS TRABALHADORES, EM ÂMBITO LOCAL, NACIONAL E INTERNACIONAL

A solidariedade entre trabalhadores, em âmbito local, nacional e internacional, é essencial para conquistar direitos e  transformar a realidade. A Intersindical promove a cooperação entre sindicatos para enfrentar desafios comuns, combater a exploração e promover a dignidade no trabalho, conectando lutas globais e criando uma rede de apoio e resistência.

Os sindicatos e movimentos devem se apoiar mutuamente, pois nenhuma entidade sozinha é capaz de conquistar direitos e transformar a realidade. A emancipação dos trabalhadores e trabalhadoras é uma tarefa conjunta e depende da solidariedade de classe. Este princípio baseia-se na ideia de que a união e a cooperação entre trabalhadores são  fundamentais para enfrentar desafios comuns, combater a exploração e promover a dignidade no trabalho. A  solidariedade não apenas une os trabalhadores em um contexto imediato, mas também conecta lutas e reivindicações em um âmbito global, criando uma rede de apoio e resistência que fortalece a organização da classe.

No âmbito nacional, a solidariedade assume uma dimensão mais ampla, onde sindicatos e organizações populares colaboram para influenciar políticas públicas e legislações que beneficiem a classe trabalhadora como um todo. Entidades  como a Intersindical permitem que os trabalhadores consolidem forças, compartilhem estratégias e coordenem ações em defesa de direitos comuns. Um exemplo disso é a atuação da nossa central na mobilização de trabalhadores em atos  nacionais contra as reformas trabalhistas e da previdência e a terceirização irrestrita.

A Intersindical compreende que as lutas nacionais e internacionais são formas de resistência necessárias frente aos patrões, que também se organizam mundialmente. Boa parte das empresas hoje atuam em diferentes regiões do país e do mundo, o capital está internacionalizado; portanto, devemos atuar para que as lutas saiam do isolamento e ganhem força a partir da coordenação de iniciativas de solidariedade ativa.

Internacionalmente, a solidariedade entre trabalhadores é crucial para enfrentar as práticas de exploração globalizadas e as políticas econômicas que afetam trabalhadores em diferentes países. Por essa razão a Intersindical é filiada à Federação  Sindical Mundial (FSM), uma entidade que promove a cooperação entre sindicatos de diversos países,  defendendo normas laborais internacionais, direitos humanos e a autodeterminação dos povos. A solidariedade internacional é frequentemente demonstrada através de campanhas globais contra o imperialismo, contra empresas  multinacionais que violam direitos trabalhistas e apoio a trabalhadores e trabalhadoras em luta em diferentes países.

A luta anticapitalista deve ser uma luta antiimperialista e apoiar a resistência de todos os povos oprimidos. Destacamos assim a luta em defesa do povo palestino, cubano, latino-americano e africano, que desde o Sul Global, enfrentam as  piores práticas imperiais e as consequências mais perversas do capitalismo globalizado.

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Dez desafios estratégicos da Intersindical
Depois de uma década de luta, a Intersindical se sente orgulhosa de sua trajetória, mas compreende que a missão estabelecida em sua fundação não tem fim, e que nossos direitos devem ser defendidos a todo o momento. Neste sentido, é preciso persistir na organização e mobilização da classe trabalhadora para conquistar mais e melhores direitos e para transformar a sociedade.

Neste sentido, apresentamos os 10 desafios estratégicos da Intersindical no período atual.
01
Fortalecimento do movimento sindical e da pauta do trabalho
Sem sindicatos não há democracia, nem direitos.

Sindicatos fortes são essenciais para assegurar melhores condições de trabalho, salários dignos e a proteção de direitos  trabalhistas. É crucial valorizar as negociações coletivas e defender a autonomia sindical na escolha de sua organização e financiamento e com isso possibilitar o aumento da taxa de sindicalização e o grau de participação da base nas lutas. Por outro lado, quanto mais fracos os sindicatos, mas débil será a democracia. A luta democrática inclui combater práticas antissindicais nos locais de trabalho, nos legislativos, no judiciário e nos governos. Não há democracia, nem direitos, sem sindicatos fortes.

Porém, existem desafios internos a serem enfrentados. O movimento sindical precisa se atualizar e considerar a diversidade da classe trabalhadora, construindo formas de incluir pautas de parcelas da população politicamente  esorganizadas. Isso implica em articular a pauta do trabalho às questões étnico-raciais, juventude, LGBTQIA+, mulheres, pessoas com deficiência, etc. Da mesma forma, a maior parte dos movimentos populares - como, por exemplo, a luta por moradia, terra, mobilidade, direitos humanos, combate ao racismo, etc. - tem pelo menos uma dimensão relacionada à exploração da força de trabalho e, portanto, é parte do movimento sindical, independente do tipo de organização que assuma.

A questão do trabalho é transversal a todas as lutas, porque todas as condições, identidades e necessidades encontram no tema do trabalho e da exploração do trabalho um elo de ligação. É papel do sindicalismo, e a Intersindical assumiu esse compromisso, é atuar pela convergência das diferentes resistências, transformando o movimento da classe trabalhadora em um espaço de unidade e luta.

02
Direitos para os trabalhadores autônomos e terceirizados
Garantir direitos e proteção social para todos os trabalhadores e trabalhadoras.

O trabalho autônomo, predominante na classe trabalhadora brasileira, é marcado pela precarização e falta de cobertura legal. Muitos trabalhadores estão na informalidade ou são vítimas da pejotização, disfarçada como “empreendedorismo”. Defendemos a regulamentação do trabalho autônomo, garantindo direitos laborais e previdenciários. Além disso, apoiamos o fomento da economia solidária e a criação de políticas públicas que atendam às necessidades desses(as) trabalhadores(as).

As categorias profissionais tradicionais estão em declínio, enquanto o trabalho terceirizado cresce em diversos setores, frequentemente com menos direitos e salários inferiores. A Intersindical luta para que os(as) trabalhadores(as) terceirizados(as) possam se organizar em sindicatos combativos e tenham os mesmos direitos de trabalhadores(as) da categoria preponderante. Defendemos que os trabalhadores terceirizados tenham acesso a salários justos, condições de trabalho dignas, proteção contra demissões arbitrárias e benefícios sociais equivalentes. Não admitimos a existência de trabalhadores de segunda classe e atuamos na promoção da solidariedade entre todos os trabalhadores, independente da situação contratual.

03
Regulamentação do trabalho por aplicativo
Nem escravo, nem empresário, quem entrega, transporta e atende por aplicativo é trabalhador e deve ter seus direitos respeitados.

A regulamentação do trabalho por aplicativo é fundamental para garantir direitos básicos e condições dignas aos trabalhadores dessa modalidade. Atualmente, muitos profissionais que atuam em plataformas de transporte, entrega e  outros serviços enfrentam jornadas extenuantes, baixa remuneração e falta de proteção social, como seguro de saúde e  aposentadoria. A regulamentação deve assegurar direitos trabalhistas fundamentais, como salário mínimo, limites de jornada, descanso semanal e proteção contra desligamento arbitrário. Além disso, promove um equilíbrio no mercado de  trabalho, evitando a super-exploração e garantindo que todos os trabalhadores, independentemente do setor, tenham acesso a um padrão mínimo de segurança e bem-estar. A regulamentação é essencial para adaptar as leis trabalhistas às novas  formas de trabalho geradas pela economia digital, protegendo milhões de trabalhadores

04
Promoção de direitos para as mulheres trabalhadoras
Igualdade de gênero no ambiente de trabalho e na sociedade.

A promoção de direitos para as mulheres trabalhadoras e o fortalecimento de sua participação no movimento sindical são essenciais para alcançar a igualdade de gênero no ambiente de trabalho e na sociedade. As mulheres ainda enfrentam desafios significativos, como a desigualdade salarial, a falta de oportunidades de liderança e a precarização do trabalho. É crucial implementar políticas que garantam igualdade salarial, licença-maternidade adequada, e proteção contra assédio sexual e moral e todas as formas de discriminação. Temos ainda o desafio de implantar uma agenda sindical feministas de combater a todas as formas de violência contra as mulheres, em especial enfrentamento ao feminicídio. Além disso, incentivar a participação ativa das mulheres nos sindicatos fortalece a representação de suas demandas e contribui para a  construção de um movimento sindical mais inclusivo, humanizado e diversificado. Sindicatos comprometidos com a equidade de gênero promovem a formação de lideranças femininas, assegurando que as vozes das mulheres sejam ouvidas e respeitadas em todas as instâncias decisórias.

05
Reforma Agrária e agroecológica
Garantir trabalho digno, justiça social no campo e comida de verdade na mesa da família trabalhadora.

A Reforma Agrária e a agroecologia são fundamentais para garantir a produção de trabalho digno no campo, alimentos saudáveis, preservação da biodiversidade e do meio ambiente. A agroecologia é uma alternativa de enfrentamento às  trágicas causas das mudanças climáticas; para além da produção de alimentos, precisamos de uma transição produtiva  que coloque a vida em primeiro lugar. Os sindicatos de trabalhadores rurais (STRs) e os assentamentos de reforma agrária desempenham um papel crucial nesse processo, promovendo o acesso à terra e o uso sustentável dos recursos  naturais. A reforma agrária permite a redistribuição de terras improdutivas para agricultores familiares, estimulando a produção local de alimentos e reduzindo a dependência de grandes latifúndios e monoculturas, além disso contribui para a justiça social no campo. A agroecologia, por sua vez, integra práticas agrícolas que respeitam os ciclos naturais, o trabalho humano e a biodiversidade, contribuindo para a saúde humana, do solo e dos ecossistemas. Os sindicatos de trabalhadores rurais fortalecem a segurança alimentar, promovem a justiça social e os direitos dos trabalhadores e trabalhadoras do campo.

06
Melhoria da qualidade dos empregos no Brasil
Mais e melhores empregos para todos e todas.

Além de procurar garantir o pleno emprego, conforme determina o Artigo 170, VIII da Constituição Federal, é necessário  implementar uma política de Estado que promova a melhoria da qualidade dos empregos no Brasil, essencial para o  desenvolvimento econômico sustentável e o bem-estar dos trabalhadores. Questões fundamentais, como salários justos, jornadas de trabalho adequadas e a integração da tecnologia para aumentar a produtividade, precisam ser abordadas de  forma integrada. A incorporação da tecnologia não deve ser um instrumento de precarização e maior exploração do  trabalho, mas sim uma forma de melhorar as capacidades técnicas e aumentar o bem-estar dos trabalhadores. Gerar melhores postos de trabalho é uma condição indispensável para o crescimento econômico sustentável e socialmente comprometido com as demandas populares. Nesse sentido, a demanda pela reindustrialização do país deve considerar o incentivo à educação pública, investimento em pesquisa, tecnologia e inovação com vistas a elevar o padrão de vida de quem trabalha.

07
Valorização das servidoras e servidores públicos
Sem servidores e servidoras não há política pública para os mais pobres.

No Brasil, o serviço público é essencial para garantir direitos fundamentais, e não há política social sem servidoras e servidores públicos. Desta forma, sua valorização é fundamental para assegurar a implementação de políticas públicas e o bem-estar social para a população. É necessário a valorização salarial, realização de concursos públicos com abertura de  novas vagas, reestruturação de carreiras, capacitação e formação, combate às práticas antissindicais, regulamentação do direito de greve e garantia de benefícios e condições de trabalho dignas. Reconhecer e valorizar o trabalho dos servidores públicos é um passo crucial para construir uma administração pública eficiente, transparente e capaz de atender as necessidades da população com excelência.

08
Reindustrialização e desenvolvimento
Desenvolvimento econômico ambientalmente sustentável requer investimento e compromisso com o bem-estar social.

A reindustrialização do Brasil é essencial para promover um desenvolvimento econômico em novas bases, orientado para responder as demandas sociais e para a preservação e recuperação do meio ambiente. A modernização e diversificação da indústria é a forma de gerar empregos de melhor qualidade, impulsionando a inovação e aumentando a competitividade  do país no mercado global. Além disso, a reindustrialização deve ser orientada por princípios de sustentabilidade, integrando tecnologias verdes e práticas produtivas que minimizem impactos ambientais, contribuindo para a preservação dos recursos naturais e a biodiversidade.

Neste sentido, é fundamental a reindustrialização seja orientada para:

1) a criação de uma cadeia agroindustrial sustentável, que garanta a segurança alimentar e a democratização do acesso a terra;

2) fortalecimento do Complexo Econômico Industrial da Saúde e fortalecimento do SUS; públicas e o bem-estar social para a população. É necessário a valorização salarial, realização de concursos públicos com abertura de novas vagas,  reestruturação de carreiras, capacitação e formação, combate às práticas antissindicais, regulamentação do direito de greve e garantia de benefícios e condições de trabalho dignas. Reconhecer e valorizar o trabalho dos servidores públicos é um passo crucial para construir uma administração pública eficiente, transparente e capaz de atender as necessidades da população com excelência.

3) melhorar a vida nas cidades com o investimento na infraestrutura urbana (saneamento, habitação, mobilidade);

4) Atualização industrial brasileira com base na digitalização, aumento da produtividade, descarbonização, transição energética e soberania nacional; e

5) fortalecimento e articulação das empresas públicas à política industrial.

O desenvolvimento econômico equitativo garante que os benefícios do crescimento sejam distribuídos em benefício do  povo, melhorando a qualidade de vida, bem-estar da população e a geração de empregos formais e de qualidade.  Promover um ambiente onde a indústria se alinha às necessidades sociais, ambientais e da classe trabalhadora é crucial  para construir um futuro mais resiliente e próspero para todos os brasileiros e brasileiras.

09
Estatização do sistema financeiro, juros baixos e bancos públicos fortes
Os juros precisam cair para o Brasil poder crescer com mais emprego e distribuição de renda.

O setor financeiro deve ser instrumento da produção e distribuição de riqueza e não estar a serviço da acumulação privada dos banqueiros. É necessário estatização do sistema financeiro com controle social, permitindo que o crédito exerça seu papel estratégico no financiamento do desenvolvimento e na distribuição de renda.

Imediatamente, é preciso garantir a redução da taxa Selic. Juros baixos desempenham um papel crucial no aumento da produção real e na redução da especulação financeira, promovendo um desenvolvimento econômico mais equilibrado e sustentável. Taxas de juros menores incentivam o investimento produtivo, pois as empresas encontram condições mais  favoráveis para financiar projetos de expansão, inovação e modernização, o que gera emprego e renda. Além disso, o  acesso facilitado ao crédito permite que os trabalhadores aumentem seu poder de compra, estimulando a demanda e, consequentemente, a produção. A redução da especulação financeira é outro benefício significativo, pois taxas de juros mais baixas desestimulam investimentos puramente especulativos em mercados financeiros, direcionando recursos para setores produtivos da economia.

Nesse contexto, os bancos públicos desempenham um papel fundamental ao oferecerem condições de financiamento mais acessíveis e apoiarem políticas públicas voltadas para o desenvolvimento socioeconômico. Instituições como o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), a Caixa Econômica Federal e o Banco do Brasil são essenciais para implementar essas estratégias, garantindo que o crédito barato chegue a todos os segmentos da sociedade e  impulsione um crescimento com redução das desigualdades sociais, inclusivo e sustentável.

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Defesa da democracia e luta contra o fascismo e a extrema-direita
Onde há extrema-direita a democracia corre perigo

A defesa da democracia e a luta contra o fascismo e a extrema-direita são missões essenciais do movimento sindical, que historicamente tem sido um bastião de resistência e promoção dos direitos e garantias fundamentais, entre elas as  liberdades políticas e civis. Essa luta, longe de ser uma página virada da nossa história, é hoje uma necessidade urgente diante da ascensão dos partidos e lideranças de extrema-direita em todo o mundo, que ameaça a democracia e as  conquistas políticas, civis e laborais da classe trabalhadora.

O regime democrático permitiu conquistas históricas para a classe como a liberdade de organização, direito de greve, participação dos sindicatos na elaboração de projetos e políticas que vão de encontro com as necessidades de quem vive  do próprio trabalho. Sem a democracia, as organizações de trabalhadores e trabalhadoras teriam um cenário muito mais  difícil para atuar, pois a liberdade de organização é a primeira a ser retirada da classe trabalhadora em um regime  autoritário. Sem organização, quem trabalha fica sem instrumentos para proteger-se contra abusos e a exploração sem  limites.

A Intersindical defende a unidade entre movimentos sindicais, populares e organizações da sociedade civil através de uma frente democrática ampla, congregando o máximo de força contra as ameaças autoritárias da extrema-direita Nesse contexto, a solidariedade internacional e a cooperação entre sindicatos de diferentes países são cruciais para enfrentar a ascensão do autoritarismo globalmente e promover um futuro baseado na paz, soberania, igualdade e democracia.

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Como funciona a Intersindical?
A Intersindical é governada por princípios democráticos, garantindo ampla liberdade de expressão e unidade de ação. Este compromisso com a democracia interna assegura que as decisões sejam tomadas coletivamente, refletindo os interesses e a vontade dos trabalhadores e trabalhadoras representados pela Intersindical.

Vamos conhecer um pouco mais sobre a estrutura e funcionamento estatutário da central.
4.1 Estrutura e função

A Intersindical – Central da Classe Trabalhadora, conforme estabelecido em seu Estatuto, é uma entidade associativa e pessoa jurídica de direito privado, composta por confederações, federações, sindicatos, oposições e minorias sindicais, além de associações de trabalhadores e movimentos populares. A central é organizada em diversas instâncias deliberativas e administrativas, cada uma com atribuições específicas que garantem seu funcionamento democrático e representativo.

A Intersindical é governada
por princípios democráticos,
garantindo ampla liberdade de
expressão e unidade de ação
4.2 Congresso Nacional

O Congresso Nacional é o órgão máximo de deliberação da Intersindical, realizado a cada três anos. O congresso pode ser convocado pela Direção Nacional ou por um quinto dos associados, com prazo mínimo de 30 dias de antecedência. Durante o Congresso, são definidas as diretrizes e políticas da Intersindical, além de eleger os membros da Direção  Nacional, da Diretoria Executiva Nacional e do Conselho Fiscal.

É assegurada a participação de pelo menos um delegado ao congresso por entidade filiada que esteja em dia com as contribuições financeiras com a central. Os delegados e delegadas são escolhidos/as em assembleias e plenárias nas  entidades de base, com critérios estabelecidos pelo regimento interno do congresso elaborado pela Direção Nacional.

As chapas inscritas devem respeitar a cota mínima de 30% de membros para cada gênero, sendo garantida a proporcionalidade direta e qualificada dos votos obtidos pelas chapas na composição da Direção Nacional, da Diretoria  Executiva Nacional e do Conselho Fiscal.

O Congresso Nacional é o orgão
máximo de deliberação da Intersindical,
realizado a cada três anos
4.3 Direção Nacional

A Direção Nacional é responsável por coordenar e implementar as políticas e decisões aprovadas no Congresso Nacional, bem como as ações decorrentes de seus planos de lutas conjunturais. Suas reuniões podem ocorrer de forma presencial, híbrida ou remota, conforme necessidade. Entre suas atribuições estão a formulação de políticas para diversos setores, atividades e tarefas gerais da Central.

4.4 Diretoria Executiva Nacional

A Diretoria Executiva Nacional, composta por membros eleitos no Congresso Nacional, é responsável pela execução das políticas e decisões da Intersindical no dia a dia. Conforme o Artigo 15, a Diretoria Executiva Nacional “executa as políticas aprovadas pela Direção Nacional e pelo Congresso, organiza os serviços administrativos e coordena as diversas secretarias”,  cada uma delas com funções específicas. Cada secretaria desenvolve estudos, projetos e ações voltadas para suas respectivas  áreas, promovendo a defesa de direitos e organização dos trabalhadores e trabalhadoras.

A Direção Nacional é responsável por
coordenar e implementar as políticas
aprovadas no Congresso Nacional, bem
como as ações decorrentes de seus
planos de lutas conjunturais
4.5 Conselho Fiscal

O Conselho Fiscal é responsável pela supervisão financeira da Intersindical, assegurando a transparência e a correta  aplicação dos recursos da central. Este conselho se reúne para avaliar as contas e a gestão financeira da entidade.

4.6 Instâncias estaduais e regionais

A Intersindical também está organizada em nível estadual e regional, com suas próprias direções e instâncias deliberativas. As Direções Estaduais e Regionais são responsáveis por implementar as políticas e planos de luta definidos pelas instâncias nacionais em seus respectivos âmbitos. Estes órgãos garantem a presença e atuação da Intersindical em todo o território nacional, promovendo a articulação entre as entidades filiadas e coordenando ações locais e regionais.

4.7 Direitos e deveres das entidades associadas

DIREITOS
• Participar das atividades e instâncias organizativas e deliberativas.
• Receber regularmente informações sobre as decisões e atividades da Intersindical.
• Ter assegurado amplo direito de defesa e de recurso às instâncias superiores.

DEVERES
• Cumprir e fazer cumprir o estatuto.
• Acatar e encaminhar as decisões do Congresso Nacional e da Direção Nacional.
• Manter-se em dia com as obrigações financeiras.

4.8 Financiamento e sustentabilidade

Conforme o Artigo 8º, a Intersindical é financiada por contribuições das entidades associadas, receitas provenientes de bens, doações e concessões, vendas de publicações, taxas de seminários e congressos, e subvenções e projetos de entidades nacionais e estrangeiras. As entidades associadas contribuem mensalmente com 4% da sua arrecadação, e os recursos são distribuídos entre a organização nacional e estadual.

***

A organização e funcionamento da Intersindical são estruturados de forma a garantir a representatividade, democracia e  força na defesa dos direitos dos trabalhadores e trabalhadoras.

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Lutar juntos/as!
Filie-se à Intersindical
Fortaleça a Voz do Sindicato!

A Intersindical é uma central diferente, pois aceita a filiação de diferentes formas de organização da classe trabalhadora,  desde que estejam de acordo com a concepção sindical apresentada neste documento e com o estatuto da central. Podem  se filiar à Intersindical:

• Sindicatos e associações de trabalhadores;
• Oposições sindicais;
• Minorias sindicais;
• Movimentos populares.

Filie-se à Intersindical e junte-se a uma rede nacional de sindicatos e movimentos que lutam incansavelmente pela defesa  dos direitos dos trabalhadores. A filiação à Intersindical oferece inúmeros benefícios que fortalecerão a capacidade do seu sindicato de promover a luta e conquistar vitórias.

Ao filiar-se a Intersindical, além de se somar a uma central - classista, combativa, coerente e autônoma - o sindicato ou  movimento popular se fortalece e cria melhores condições de atuação e luta. Aqui estão algumas outras razões para se filiar:

1) MAIS FORÇA, UNIDADE E SOLIDARIEDADE NA DEFESA DOS DIREITOS
A Intersindical oferece suporte às entidades filiadas em suas lutas em defesa dos direitos dos trabalhadores e trabalhadoras.

Com a filiação à Intersindical seu sindicato ou movimento não estará mais isolado, ele ganha uma rede nacional de apoio e  parcerias, fortalecendo a capacidade de ação. A central coordena esforços de diferentes setores e categorias profissionais,  articulando sindicatos do mesmo ramo em torno de lutas comuns. A unidade propiciada pela central aumenta o poder de  pressão da sua entidade nas suas lutas, como greves, campanhas salariais, negociações coletivas e muito mais.

2) MAIS INFLUÊNCIA, ARTICULAÇÃO POLÍTICA E LEGISLATIVA
A Intersindical oferece assessoria legislativa, relações institucionais e defenderá as pautas da sua entidade junto aos poderes públicos.

Com a filiação, seu sindicato terá maior influência nas esferas política e legislativa. A Intersindical atua junto ao Congresso Nacional e Governo Federal, influenciando políticas públicas em benefício dos trabalhadores. A central monitora projetos de lei em tramitação, fornecendo informações detalhadas às entidades filiadas. Esta ação é crucial na promoção de políticas que beneficiam a classe trabalhadora e tem sido uma referência para o movimento sindical brasileiro.

3) MAIS IMPACTO NA COMUNICAÇÃO SINDICAL
A comunicação sindical é uma área chave da atuação das entidades, e a Intersindical contribui para que as mensagens dos sindicatos e movimentos sejam ainda melhores e cheguem mais longe.

Na era da Internet e das redes sociais, a comunicação tornou-se um trunfo para sindicatos e movimentos. No entanto, poucas entidades exploram adequadamente as possibilidades da era digital. Ao se filiar à Intersindical, sua entidade terá  suporte para criar uma estratégia de comunicação profissional, baseada nas melhores práticas de comunicação da atualidade.

4) MAIS FORMAÇÃO POLÍTICA E SINDICAL
A Intersindical promove atividades de formação de alto nível para lideranças sindicais e populares e para as bases das entidades filiadas.

Na era da Internet e das redes sociais, a comunicação tornou-se um trunfo para sindicatos e movimentos. No entanto, poucas entidades exploram adequadamente as possibilidades da era digital. Ao se filiar à Intersindical, sua entidade terá  suporte para criar uma estratégia de comunicação profissional, baseada nas melhores práticas de comunicação da atualidade.

5) MAIS SUPORTE À DIREÇÃO DA ENTIDADE
A Intersindical oferece orientação e assessoria política às diretorias dos sindicatos e movimentos filiados, garantido o suporte necessário na análise de conjuntura, planejamento estratégico, gestão sindical e muito mais.

Ao se filiar à Intersindical, sua diretoria terá o suporte necessário para aperfeiçoar a condução da entidade, economizando tempo e recursos e melhorando sua atuação. A Intersindical oferece orientação e assessoria política às diretorias dos  sindicatos e movimentos filiados, garantindo suporte na análise de conjuntura, planejamento estratégico, gestão sindical,  campanhas de sindicalização e muito mais. Esse apoio especializado permite que as entidades filiadas desenvolvam  estratégias eficazes e bem informadas, fortalecendo sua atuação e capacidade de resposta às demandas dos trabalhadores.

***

A filiação à Intersindical oferece inúmeras vantagens que fortalecem a capacidade dos sindicatos e movimentos para defender os direitos dos trabalhadores, promover a unidade e solidariedade, formar lideranças, influenciar políticas  públicas e obter suporte na gestão da entidade, bem como nos momentos de crise e nas lutas mais acirradas. A  experiência da Intersindical demonstra como a filiação amplifica a voz e o poder das entidades filiadas, tornando-as mais  capazes na conquista de suas reivindicações e no fortalecimento do movimento sindical como um todo. Estes benefícios ressaltam a  importância da unidade e cooperação dentro de uma central sindical comprometida com os interesses da classe  trabalhadora.

Faça parte
da intersindical!
Anexo 1 - Ficha de Filiação de entidade
Ficha de Filiação à Intersindical
1. Dados Cadastrais da Entidade/Razão Social da Entidade
Endereço
Contatos
2. Dados da Diretoria da Entidade
Presidente
Tesoureiro
Mandato da Diretoria
Número de Trabalhadores
Em quais canais devemos retornar o contato?
Anexo 2 - Roteiro Para Oficina de Formação
Oficina de Formação Inicial para Lideranças Sindicais da Intersindical

Esta Oficina de Formação Inicial - OFI visa fornecer um primeiro contato entre lideranças sindicais e populares com o pensamento, história, desafios e organização da Intersindical promovendo a compreensão e a aplicação prática dos seus princípios. As atividades e dinâmicas foram pensadas para estimular a leitura deste caderno (material referência desta oficina) a participação ativa, a troca de experiências e o desenvolvimento de estratégias para fortalecer a luta sindical na sua  categoria.

Objetivo: Formar lideranças sindicais sobre os princípios, história, e desafios estratégicos da Intersindical.

Público-Alvo: Dirigentes de sindicatos e movimentos populares.

ENCONTRO 1: BREVE HISTÓRIA DA INTERSINDICAL

Objetivo: Apresentar a Intersindical, sua fundação, e trajetória ao longo dos anos.

Duração: 2 horas

ATIVIDADES

1) Abertura e Boas-Vindas (15 min)

- Apresentação do/a formador/a e dos participantes.
- Objetivos da aula.
- Apresentação do vídeo de 10 anos da Intersindical. Vídeo abaixo:

2) EXPOSIÇÃO DIALOGADA SOBRE A INTERSINDICAL (30 MIN)

- História da fundação da Intersindical.
- Linha do tempo das principais lutas.
- Discussão sobre a relevância da Intersindical no contexto atual.

3) DINÂMICA DE GRUPO: LINHA DO TEMPO (30 MIN)

- Divida os participantes em grupos.
- Cada grupo recebe um período específico da história da Intersindical para discutir e apresentar os principais eventos ocorridos naquele contexto dentro do seu sindicato/movimento e no país.
- Apresentação dos grupos e discussão.

4) ENCERRAMENTO E REFLEXÃO (15 MIN)

- Resumo dos pontos principais discutidos na aula.
- Perguntas e respostas

ENCONTRO 2: PRINCÍPIOS E CONCEPÇÃO SINDICAL DA INTERSINDICAL

Objetivo: Entender os princípios que orientam a Intersindical e sua concepção de movimento sindical.

Duração: 2 horas

ATIVIDADES

1) RECAPITULAÇÃO E ABERTURA (15 MIN)

- Breve recapitulação da aula anterior.
- Apresentação dos objetivos da aula.

2) EXPOSIÇÃO DIALOGADA:
PRINCÍPIOS E CONCEPÇÃO SINDICAL (30 MIN)

- Explicação dos cinco princípios da Intersindical (Democracia, Autonomia, Ação Direta, Unidade, e Solidariedade).
- Explicação sobre a concepção sindical da Intersindical.
- Discussão sobre como esses princípios e concepção se aplicam no dia a dia das lideranças sindicais.

3) DINÂMICA: CRIAÇÃO DE HISTÓRIAS (60 MIN)

- Divida os participantes em grupos.
- Cada grupo representa um princípio e a concepção sindical da Intersindical e deve criar uma pequena história  mostrando a aplicação prática desse princípio e da concepção.
- Apresentação e discussão sobre as histórias.

4) ENCERRAMENTO E REFLEXÃO (15 MIN)

- Resumo dos pontos principais discutidos na aula.
- Perguntas e respostas.

ENCONTRO 3: DESAFIOS ESTRATÉGICOS

Objetivo: Identificar os desafios estratégicos da Intersindical e a importância da filiação à central para enfrentá-los.

Duração: 2 horas

ATIVIDADES

1) RECAPITULAÇÃO E ABERTURA (15 MIN)

- Breve recapitulação das aulas anteriores.
- Apresentação dos objetivos da aula.

2) EXPOSIÇÃO DIALOGADA:
DEZ DESAFIOS ESTRATÉGICOS (30 MIN)

- Apresentação dos dez desafios estratégicos da Intersindical.
- Discussão sobre a importância de cada desafio e seu impacto na classe trabalhadora.

3) ATIVIDADE DE GRUPO: ANÁLISE DE DESAFIOS (60 MIN)

- Divida os participantes em grupos.
- Cada grupo analisa um dos desafios estratégicos, discutindo suas causas, consequências, possíveis soluções e como  enfrentá-lo a partir do seu sindicato ou movimento.
- Apresentação das análises e discussão em plenária.

4) DEBATE: IMPORTÂNCIA DA FILIAÇÃO (30 MIN)

- Debate guiado sobre a importância e os benefícios da filiação à Intersindical.
- Compartilhar experiências de sindicatos já filiados.
- Perguntas e respostas.

5) ENCERRAMENTO

Agradecimentos

Agradecemos pelas contribuições de todas as
secretarias da Executiva Nacional da Intersindical
para construção deste caderno.

Ficha Técnica

Intersindical Central da Classe Trabalhadora
Sede Nacional: Rua Riachuelo, 122 - CEP: 01007-000
Praça da Sé - São Paulo - SP | Fone: +55 11 3105-5510
E-mail: [email protected]
intersindicalcentral.com.br

Sistematização e Redação
Pedro H. Otoni

Revisão e Aportes ao Texto
Amauri Soares, Edson Carneiro Índio,
Manoel Elidio Rosa e Rita Lima

Fotos
Alexandre Maciel, Fernando Diegues,
Nelson Ezídio e Arquivos da Internet

Projeto Gráfico
Ricardo Pessetti

Adaptação Web
Alexandre Maciel

Intersindical Central da Classe Trabalhadora
São Paulo, julho de 2024

direção nacional da intersindical
mandato 2023-2026
INTERSINDICAL Central da Classe Trabalhadora | 2014-2024. Sede Nacional: Rua Riachuelo, 122 - CEP: 01007-000 | Praça da Sé - São Paulo - SP | Fone: +55 11 3105-5510 | E-mail: [email protected] Sindicatos e movimentos sociais. Permitida a reprodução dos conteúdos do site, desde que citada a fonte. Esse site é protegido por reCAPTCHA. Políticas de Privacidade e Termos de Serviço se aplicam
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