INTERSINDICAL – Central da Classe Trabalhadora
Após muita luta os estudantes da rede estadual de ensino tiveram uma grande vitória na tarde desta sexta-feira, 4: o Governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), conhecido pelo seu autoritarismo, recuou da decisão de seu projeto de reorganização das escolas e suspendeu a implantação do projeto para 2016.
O decreto que previa para o próximo ano letivo a separação de estudantes e professores por níveis de ensino para 754 escolas, afetando, assim, a vida de milhares de estudantes, pais e professores, já havia sido publicado no Diário Oficial da última terça-feira. A publicação acompanhou uma guerra declarada pela Secretaria de Educação do Estado, que envolveu muita violência e ilegalidades por parte da Policia Militar e das Diretorias de Ensino.
Os estudantes responderam com luta política. Manifestações paralisaram diversos pontos da cidade de São Paulo durante a semana, chegando ao seu auge na quinta-feira (3), em que registraram 11 pontos interditados por protestos estudantis na capital paulista, além de mais de 250 escolas ocupadas em todo o estado.
Suspensão, não cancelamento
Segundo Alckmin, a suspensão ocorre neste ano de 2016, para, então, ser implementado em 2017. No entanto, ele não deixou claro até quando exatamente estaria valendo a suspensão, nem questões relacionadas a estudantes, professores e apoiadores presos e processados. Também não tocou no assunto sobre as inúmeras ilegalidades cometidas pela PM, ao invadir diversas escolas mesmo após as negativas de reintegração do Tribunal de Justiça.
A coletiva concedida às 13h desta sexta foi limitada somente à grande imprensa. Diversos jornalistas e fotógrafos de mídias alternativas e independentes foram proibidos de participar do pronunciamento oficial.
Até o fechamento deste texto o Comando das Escolas Ocupadas, formado por alunos de diversas unidades de ensino, estava reunido na E.E. Prof. Antonio Alves Cruz e ainda não haviam se posicionado. A orientação até o momento é para que as escolas permaneçam ocupadas.
O Ministério Público e a Defensoria, que na quinta-feira já haviam entrado com pedido de cancelamento do projeto em todo o estado, também se reuniram após o pronunciamento do governador para avaliar a suspensão do projeto.
Secretário da Educação pede para sair
Juntamente com o recuo do governador veio a demissão de Herman Voorwald, agora ex-secretário da Educação do Estado. Ele já havia sido retirado das negociações com os estudantes pelo próprio Alckmin, que colocou em seu lugar o responsável pela Casa Civil, Edson Aparecido.
Com o anúncio pelo governador de que a reorganização estava suspensa, Voorwald solicitou seu afastamento do cargo.
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