A 1ª Marcha das Mulheres Negras, realizada quarta-feira (18) em Brasília, é o retrato da truculência e do avanço das forças conservadoras sobre os direitos das minorias e a forma como negros e negras são tratados no País. Tumulto, confusão, gás de pimenta e muito bate boca foram usados na tentativa de calar a voz de cerca de 50 mil mulheres negras que exigiam respeito à vida, igualdade de gênero e democracia social.
Dois policiais foram presos por dispararem tiros para o alto. Um grupo representando forças conservadoras, que estava acampado na frente da Esplanada dos Ministérios com faixas pedindo a intervenção dos militares no Brasil, não se conteve e partiu para cima das ativistas negras.
Para a militante do Movimento Negro e representante da Marcha das Mulheres Negras, Yêda Leal, houve clara manifestação de intolerância. “Nós chamamos isso de racismo. Queremos punição para as pessoas que agrediram não apenas uma mulher negra, mas que agrediram 50 mil mulheres que participavam da marcha para dizer que nós não aguentamos mais esse tipo de violência. A organização do evento vai fazer um boletim de ocorrência e buscar justiça pelo que houve”, afirmou.
A confusão do lado de fora do Legislativo repercutiu dentro do Congresso. Deputados governistas e oposicionistas se alternavam na tribuna para reclamar ou defender o acampamento de manifestantes conservadores que foram autorizados a se instalar na Esplanada dos Ministérios pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), bem na data já marcada para a Marcha das Mulheres Negras.
Impossível não se emocionar com tantas mulheres vindas de diferentes regiões deste pais, ocupando as ruas da organizada Brasília, terra de muitos e diversos imigrantes, e de muito desmando, legitimação de opressores, ocupamos Brasília gritando palavras de ordens, cantando músicas que nos enaltecem enquanto mulher negra que somos, e não apenas mão de obra de um sistema que explora, ignora e exclui.
Foi uma experiência maravilhosa, gratificante e que sem dúvida deve se repetir, porque enquanto houver machismo, opressão e negação de direitos, pessoas usando o poder institucional ou a força, nós não nos deixaremos intimidar. 18 de Novembro de 2015, marcou o começo de uma luta que só termina quando a sociedade deste país entender que as mulheres negras não marcham apenas, as mulheres negras marcham para que haja justiça para todo@s, marcham para que a liberdade não seja apenas para alguns, e lutam para que a vida e o acesso a saúde, a liberdade de decidir seus próprio caminhos não sejam objeto negociados sem nosso consentimentos, Marchamos por justiça e liberdade de ser mulher, mulheres negras.
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