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20 anos sem Florestan Fernandes

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“Um pensador que vai sobreviver ao longo do tempo, sua obra é atual e transformadora”, diz o jornalista Vladimir Saccheta sobre Florestan.

“Um homem que deu a vida para construir um projeto socialista para o Brasil. Alguém que queria justiça social, liberdade, igualdade e, como ele acrescentava, felicidade.” Assim, o jornalista Vladimir Sacchetta define o sociólogo Florestan Fernandes, com quem tinha uma grande amizade, herdada de seu pai, Hermínio Sacchetta.

Para Sachetta, um dos principais legados deixados pelo sociólogo foi a Escola Nacional Florestan Fernandes, criada pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e que, no último 10 de agosto, dia em que se completou 20 anos da morte de Florestan, prestou uma homenagem ao mestre em sua página em rede social com a frase “teu exemplo nos inspira na luta!”.

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Trajetória

Nascido em 1920, Florestan Fernandes foi um dos maiores intelectuais marxistas que o Brasil já teve. Considerado o fundador da sociologia crítica no país, realizou uma rica produção, que não ficou confinada aos muros da universidade.

De origem humilde, filho de mãe solteira que prestava serviços domésticos, Florestan, ainda criança, teve que abandonar os estudos para trabalhar. “Afirmo que iniciei a minha aprendizagem sociológica aos seis anos, quando precisei ganhar a vida como se fosse um adulto e penetrei, pelas vias da experiência concreta, no conhecimento do que é a convivência humana e a sociedade”, dizia o sociólogo.

Retornou os estudos apenas aos 17, para concluir uma espécie de curso supletivo. Em 1941, com 21 anos, ingressou na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, concluindo o curso de Ciências Sociais.

Em 1945, obteve seu título de mestre na Escola Livre de Sociologia e Política, com a dissertação “A organização social dos Tupinambá”. Em 1951 defendeu, na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP, sua tese de doutorado “A função social da guerra na sociedade Tupinambá”, que posteriormente foi considerada um clássico da etnologia brasileira. Conquistou a cátedra de sociologia na USP em 1964.

Luta

Desde os anos 40, Florestan sempre esteve ligado aos movimentos populares, às organizações políticas de esquerda legais ou ilegais. “Ele era o meu guru, a minha referência na política, na ética de fazer a política. Ele era um socialista pleno. Foi uma convivência muito rica”, disse Vladimir Saccheta sobre a experiência na política que teve ao lado do sociólogo.

Florestan Fernandes foi exilado durante a Ditadura, quando retornou, em 1986, se filiou ao Partido dos Trabalhadores (PT). Exerceu o cargo de deputado federal por duas vezes, entre os anos de 1987 e 1995.

Para Sacchetta, Florestan Fernandes “está na mesma prateleira em que está o Caio Prado, o Sergio Buarque de Hollanda, o Antonio Cândido. Ele é um pensador que vai sobreviver ao longo do tempo, sua obra é atual e transformadora.”

Assim como alguns destes grandes pensadores brasileiros, ele teve sua obra e vida homenageada na série de documentários Realidade Brasileira, produzidos pela TV E-Paraná, Escola Nacional Florestan Fernandes e Fundação Darcy Ribeiro, com o apoio do Ministério da Cultura. Assista ao vídeo aqui.

Florestan Fernandes faleceu em São Paulo, no dia 10 de agosto de 1995, vítima de problemas do fígado, depois de um transplante mal sucedido.

Fonte: Brasil de Fato / Nadine Nascimento

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