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A política salarial nos programas dos candidatos à Presidência

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O processo eleitoral pelo qual passa o Brasil de hoje assume duas marcas fundamentais. Por um lado, tornou-se uma fábrica de mentiras, pelas denominadas “fake news”, que junto com um esquema forte de comunicação digital (e ao que tudo indica, também ilegal – ver denúncia aqui) levou o candidato Jair Bolsonaro a quase ganhar as eleições no primeiro turno.

Por outro lado, a ausência do debate assume uma característica também fundamental. O candidato Bolsonaro esconde suas propostas ao não aceitar debater com o candidato Fernando Haddad, deixando evidente seu intuito de ocultar seu programa político e econômico para os trabalhadores brasileiros.

É como se o Brasil não tivesse afundado numa profunda recessão econômica, com 27 milhões de trabalhadores desempregados e desalentados. As soluções para a crise não aparece no embate público.

O Olhar de Classe analisou o programa dos candidatos sob uma ótica apenas: a ótica do salário. No programa de Jair Bolsonaro, composto de 81 páginas, aparece uma menção apenas ao salário, fora do contexto de sua valorização (na página 58, quando defende o regime de capitalização da previdência ao defender a redução da tributação sobre salários).

Já o programa de Fernando Haddad faz 10 menções ao salário, todas elas no sentido de sua valorização, desoneração e fortalecimento (link ao final – ver páginas 4, 5, 8, 39, 40 e 42).

Vale ainda dizer, que o deputado Jair Bolsonaro votou contra o aumento do salário mínimo enquanto deputado. E como tem defendido abertamente o retorno as bases do regime militar inaugurado na ditadura de 1964, vale conferir abaixo o gráfico que apresenta uma série histórica dos últimos 60 anos do salário mínimo.

Como visto, no regime militar o salário sofreu quedas dramáticas, o que impactou diretamente no poder de compra do trabalhador brasileiro e, portanto, nas suas condições de existência. Portanto, é mito a ideia comumente vendida de que a ditadura do passado incorreu em melhorias econômicas (ainda que tenha havido certa modernização nos padrões de consumo), bem como é mito a ideia de que Jair Bolsonaro tem algo de bom a oferecer para o trabalhador, tendo em vista seu histórico de votações e na flagrante ausência de uma política de valorização real do salário mínimo em seu programa.

Fica ainda evidente nos programas dos candidatos a envergadura de classe de cada um: Bolsonaro se volta para o andar de cima, os mais ricos que vivem de renda e privilégios. Já Haddad se volta aos mais pobres, a partir da noção de preservação dos direitos e da soberania, para atacar as desigualdades. O gráfico abaixo trata da concentração de renda nos últimos 60 anos.

Neste momento delicado pelo qual passa o país é preciso ressaltar as diferenças e dizer que o pano de fundo da disputa presidencial guarda interesses de classes antagônicos, que o trabalhador brasileiro esteja alertado para as diferenças e vote de modo consciente.

Fonte: Olhar de Classe


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