Trabalhadoras e Trabalhadores tomaram as ruas de Brasília nesta quarta-feira (30) em ato em defesa da soberania, direitos e emprego. Representantes do Sindicato dos Bancários/ES marcaram presença no protesto, que se concentrou pela manhã em frente ao Teatro Nacional e, em seguida, rumou em passeata até a Esplanada dos Ministérios e ao Congresso.
Rita Lima, da diretoria do Sindibancários/ES, disse que o ato foi importante por ter levado às ruas bancários, petroleiros, metalúrgicos, professores, servidores públicos, entre outras categorias, além de representantes das centrais sindicais e de movimentos sociais. “Estavam presentes os trabalhadores e as trabalhadoras atingidos pelas medidas ultraliberais deste governo”, resumiu Rita Lima.
Em sua fala (foto abaixo), Rita Lima lembrou que os trabalhadores brasileiros têm uma tradição de lutas. “Essa luta começou na escravidão, passou pelo governo de Getúlio Vargas, pela ditadura militar, pelos governos neoliberais e se mantém viva. Não vamos arredar o pé da nossa trincheira de luta”, avisou.
A diretora sindical disse ainda que Bolsonaro, que governa a serviço das elites, está disposto a entregar o Brasil para os banqueiros e para o capital especulativo internacional. “Esse governo é entreguista. Porque é isso que ele está fazendo com as empresas públicas. Esse governo não tem um pingo de patriotismo”. Mais à frente Rita Lima complementou: “Todos nós sabemos que não haverá democracia neste país sem bancos públicos, sem Petrobras, sem Correios, sem educação de qualidade e para todos”.
Nessa terça-feira (29), véspera do protesto, bancárias e bancárias discutiram o processo de privatização que ameaça os bancos públicos. O seminário “O Brasil é nosso – Em defesa dos bancos públicos e da soberania nacional”, que aconteceu no teatro do Sindicato dos Bancários, em Brasília, reuniu economistas, lideranças sindicais, parlamentares e dirigentes de entidades representativas dos trabalhadores da Caixa, Banco do Brasil e bancos Regionais, como o Banco de Brasília (BRB).
Os diretores e diretoras do Sindibancários/ES Carlos Pereira de Araújo, Rita Lima (Caixa), Jessé Alvarenga (Banestes) e Goretti Barone (Banco do Brasil) acompanharam a atividade representando os bancários do Espírito Santo. Antecipando a linha que marcou o ato desta quarta-feira, os participantes do seminário criticaram a política neoliberal do governo Bolsonaro, que mina o patrimônio dos brasileiros e retira direitos dos trabalhadores.
“Num país com tantas desigualdades sociais, a atuação dos bancos públicos é fundamental para democratizar o acesso ao crédito, fazer a gestão de programas sociais e de políticas públicas que contribuam para o desenvolvimento socioeconômico. Precisamos valorizar e fortalecer essa atuação”, destacou a diretora Goretti Barone.
Rita Lima destacou que o enfraquecimento dos bancos públicos, a exemplo do que acontece com a Caixa, cujas subsidiárias estão sendo privatizadas pelo governo federal, só atende aos interesses do mercado financeiro privado. “É um patrimônio sólido dos brasileiros que está sendo desmontado aos poucos em benefício dos grandes bancos de mercado, que são movidos apenas pelo lucro e sem qualquer responsabilidade com os direitos sociais. Preservar os bancos públicos é uma pauta que excede os limites da categoria e diz respeito a toda a população”, frisou a diretora do Sindicato.
O presidente da Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa Econômica Federal (Fenae), Jair Pedro Ferreira, também criticou o desmonte dos bancos públicos. “O que este governo tem promovido é o fatiamento de empresas como a Caixa com 158 anos de existência e que cumpre um papel relevante no desenvolvimento do Brasil. Venderam a Loteria Instantânea, na semana passada, que repassava para programas sociais em torno de 37% do que arrecadava. Querem também retirar da Caixa a centralização do FGTS”, apontou Ferreira durante o evento.
O economista Luciano Coutinho, ex-presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), destacou a importância histórica dos bancos públicos, que são essenciais para fomentar o crescimento do país. Coutinho lembrou que os bancos públicos têm importante papel em momentos de crise, porque são capazes de executar políticas anticíclicas.
O economista resgatou como exemplo a crise de 2008. Ele disse que enquanto os bancos privados “mergulharam” durante o período de turbulência econômica, Caixa, Banco do Brasil e BNDES expandiram o crédito para investimento. A recessão, que seria de longo prazo, segundo Coutinho, foi abreviada: em um semestre o país retomava o crescimento.
“Transformar a poupança interna em crédito é uma das bases da soberania nacional. Se não tem capacidade de poupança e crédito na sua moeda, o país tem que financiar o desenvolvimento com moeda estrangeira”, disse Coutinho, que acrescentou: “A lição que fica é que o desenvolvimento de um país, especialmente em infraestrutura interna, requer financiamento em moeda nacional e em longo prazo”.
Fonte: Sindibancários-ES
Tópicos relacionados
Comentários