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DIAP: Atuação parlamentar pro mercado motiva doação de empresários

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Relator da Reforma Trabalhista aprovada na Câmara, o deputado federal Rogério Marinho (PSDB-RN) tem recebido altas quantias em doações de empresários por sua atuação pela aprovação do projeto que mudou a CLT — considerado benéfico para as empresas. Marinho já arrecadou R$ 822 mil até agora, 75% doados por pessoas físicas, o que o coloca em 2º no ranking de deputados que mais receberam doações até agora

Marinho não é o único candidato que recebeu doações de empresários motivados pela atuação do parlamentar em benefício do mercado. Além dele, o Estado identificou mais dois casos semelhantes, a dos deputados Tereza Cristina (DEM-MS) e Fernando Coelho Filho (DEM-PE).

A doação de empresas para campanhas foi proibida em 2015 pelo Supremo Tribunal Federal (STF), na esteira da Operação Lava Jato. Na época, o ministro Luiz Fux, relator da ação, argumentou que o poder econômico havia capturado o poder político de maneira ilícita. Apesar da proibição, empresários podem continuar a financiar campanhas, mas doando como pessoa física até o limite de 10% do seu rendimento declarado à Receita Federal no ano anterior.

Procurados pela reportagem, empresários que doaram para Marinho admitem que a atuação dele na Reforma Trabalhista motivou a doação. “Rogério Marinho foi um gigante na questão absolutamente central para o País. A principal revelação parlamentar”, disse Flávio Rocha, presidente do Conselho de Administração da Riachuelo, que chegou a fazer pré-campanha para concorrer à Presidência da República nas eleições 2018, mas desistiu de se lançar candidato. Ele doou R$ 50 mil. O pai de Flavio, Nevaldo Rocha, dono da Riachuelo, doou R$ 100 mil.

Os empresários Renato Feitosa Rique, da Aliansce Shopping Centers, doador de R$ 80 mil, e Antonio Carlos Pipponzi, da drogaria Raia Drogasil, que deu R$ 23 mil, também disseram que a mudanças nas leis trabalhistas incentivou o apoio à reeleição de Marinho. “A arcaica legislação anterior criava enormes entraves à geração de empregos no país. A forma mais eficiente para apoiar a campanha de reeleição do candidato, que considero um dos mais preparados em nosso cenário político, foi uma doação transparente e legal de R$ 80 mil“, disse Rique.

Na lista de doadores, Luiza Helena T I Rodrigues aparece como doadora de R$ 15 mil. O “T” em questão é de Trajano, sobrenome pelo qual a dona da rede de varejo Maganize Luiza é mais conhecida. Próxima da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), de quem chegou a ser cotada como ministra, a empresária doou apenas ao deputado tucano até agora. A assessoria de imprensa da empresária também atribui a doação ao trabalho do deputado na Câmara, mas que “a atuação como um todo foi muito boa para o varejo”. Sobre as iniciais, disse que a empresária apresentou o nome inteiro ao doar e que a abreviação foi feita pelo banco que intermediou a transferência bancária.

Também doaram a Marinho outros grandes empresários do País, como Sebastião Bomfim Filho, dono da Centauro (R$ 51 mil), e Antonio Alberto Saraiva, da rede Habib’s (R$ 20 mil). Para Flávio Rocha, ele e os outros empresários doaram “movidos pela sintonia com a causa que ele defende”.

Para Marinho, é natural receber contribuição pela afinidade de propostas. “O estranho seria se as pessoas que eventualmente investissem na minha candidatura discordassem”, disse.

O empresário José Salim Mattar Júnior, dono da Localiza, que doou R$ 50 mil para Marinho, também injetou R$ 200 mil na campanha do relator da Reforma Trabalhista no Senado, Ricardo Ferraço (PSDB-ES). O maior apoiador da campanha de Ferraço, porém, é o empresário Carlos Jereissatti, fundador do Grupo Iguatemi, e irmão do senador Tasso Jereissatti (PSDB-CE), que controla shoppings centers, e acionista da Oi. Ele doou R$ 500 mil. À reportagem, o empresário disse que não comentaria a doação.

Ferraço disse que as doações “foram espontâneas e feitas absolutamente dentro do que determina a lei”. “As contribuições à nossa campanha obedecem aos mais rigorosos princípios da transparência pública”, afirmou. Procurado, o dono da Localiza não respondeu atá a publicação da notícia.

Agronegócio

Candidata à reeleição para deputada federal nas eleições 2018, Tereza Cristina (DEM-MS) também recebeu doação de empresário beneficiado por sua atuação na Câmara. Ela recebeu R$ 100 mil do executivo Marcos Marinho Lutz, diretor presidente da Cosan e membro do Conselho de Administração da Raízen, gigante de produção de açúcar e etanol no Brasil.

Presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) na Câmara, Tereza Cristina liderou a defesa da nova Lei dos Agrotóxicos, projeto criticado por entidades ligadas às áreas de ciência, saúde e meio ambiente. O projeto de lei está diretamente ligado ao dia a dia da Raízen, empresa que já foi alvo de ações do Ministério Público por situações como exposição irregular de trabalhadores a pesticidas.

Marcos Marinho Lutz é, até agora, o único doador que fez repasses à candidata, além dos recursos que recebeu do fundo partidário. Questionada sobre o apoio do empresário, Tereza Cristina disse que a doação “a família Lutz possui vínculos com a família da parlamentar há 3 gerações por serem vizinhos de fazenda no Mato Grosso do Sul, independentemente de qualquer cargo ou companhia que representem”.

Procurado, Lutz confirmou a relação próxima e disse que a doação “foi realizada em caráter pessoal”. Segundo o executivo, “a Cosan, assim como as demais empresas do grupo, mantém uma posição neutra a respeito da pauta sobre eventual mudança na Lei dos Agrotóxicos”.

Outro a receber doação de empresários do setor que atuou é o ex-ministro de Minas e Energia e candidato à reeleição como deputado federal, Fernando Coelho Filho (DEM-PE). Pedro Parente, ex-presidente da Petrobrás e atual presidente da BRF Foods, colocou mais R$ 25 mil no caixa da campanha do filho do senador Fernando Bezerra (PSB-PE).

O apoio a Coelho Filho também partiu de donos de consultorias da área de energia e até de um servidor que atua numa empresa pública. Leandro Leme Júnior, atual diretor de administração, controle e finanças da Pré-Sal Petróleo (PPSA), empresa que é controlada pelo Ministério de Minas e Energia, desembolsou R$ 15 milpara Coelho Filho.

Questionado sobre os apoios, Fernando Coelho Filho declarou que as doações que recebeu “seguiram os ditames previsto na lei eleitoral em vigor”. Já Pedro Parente disse que fez a doação “porque considera Fernando Coelho Filho um excelente candidato, sério e com o qual tem afinidades ideológicas”. Leandro Leme Júnior, da PPSA, informou, por meio de sua assessoria, que preferia não se posicionar, mas declarou que “a doação foi feita com reservas pessoais, sem qualquer vinculação com a Pré-Sal Petróleo.”

Fonte: DIAP


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