A cada dia um novo escândalo, a cada semana um direito ameaçado. Esta é a síntese dos primeiros 7 meses de Governo Jair Bolsonaro. Um governo que desrespeita não apenas os direitos e a legalidade, mas a inteligência e dignidade de todos.
No meio da confusão de cada dia da política brasileira segue firme a agenda de retirada de direitos e de entrega do patrimônio público para o setor privado, com a ajuda fundamental do Congresso Nacional, do Supremo Tribunal Federal e da grande mídia.
“Brasil acima de tudo, Deus acima de todos! ” Este foi o slogan de campanha que fez Jair Bolsonaro (PSL) presidente nas eleições de 2018. Mas será que ele realmente leva a sério este lema?
A prática do governo contraria a retórica nacionalista do governo. Até o momento, todas as medidas no campo das relações exteriores vão na contramão do que podemos caracterizar como uma política soberana. Citamos algumas:
Conclusão: Sendo assim, não parece que o governo leva em conta a ideia de um “Brasil acima de todos”, mas um Brasil sob as botas dos interesses dos EUA e da União Europeia. Não há nacionalismo quando se toma uma postura submissa frente nações estrangeiras, não há soberania quando se abdica de objetivos nacionais próprios.
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A segunda parte do lema de campanha de Bolsonaro foi “Deus acima de todos”, e neste ponto é fundamental compreender que o viés religioso procura dialogar com a base ética cristã da população brasileira.
O presidente diz que as medidas no campo da moral e dos costumes pretende defender a família brasileira. Porém, neste ponto, o discurso é repleto de contradições insolúveis.
Como é possível defender a família, se pretende, com a Reforma da Previdência atacar o direito à seguridade de órfãos e viúvas? Como é possível defender a família se propõe cortes profundos no orçamento da educação pública? Sem aposentadoria, sem educação, sem emprego, sem recursos para políticas públicas de inclusão social e garantia de direitos, como poderá a família ser protegida?
Conclusão: As políticas propostas pelo governo aumentam a vulnerabilidade dos núcleos familiares, piora a qualidade de vida dos que mais precisam do estado e abre caminho para a indigência, o recrutamento pelo crime, o abandono da infância, e a vulnerabilidade na velhice.
O programa do governo é anti-família, da forma mais violenta possível, aquela que degrada as condições de existência digna da mesma. Nada mais longe da ética cristã do que as medidas implementadas por Bolsonaro.
Mas existe método na desastrada conduta do governo, não é recomendável subestimá-la. As declarações de mau gosto e de forma violenta dirigidas a diversos setores sociais visam a polarização social e a garantia de apoio da sua base social, o presidente da república é um mero capitão do mato, para que a oligarquia financeira, Casa Grande e a Casa Branca atinjam seus objetivos. Ele é o condutor de ataques contra os direitos dos trabalhadores e a soberania nacional, os beneficiários estão nos 1% mais rico da população.
Trata-se de um governo atípico, diferente de outros governos de direita no Brasil; Bolsonaro se fortalece por meio da polarização, não pela construção de uma narrativa de consenso, ou seja, a bases para um projeto de hegemonia. Governa para dividir, e dividir para governar, assim procura consolidar sua base reacionária, sem a preocupação de ceder algum ponto para outros setores diferentes do que o apoio no momento, para isso amplia o ódio contra os que se opõe a sua agenda entreguista e contra os trabalhadores.
A questão central desse governo e a destruição pura e simples dos instrumentos concretos de manifestação da soberania no país, com vistas a atender às demandas da Casa Branca e da oligarquia financeira. As empresas públicas estratégicas, as reservas minerais, as reservas energéticas, os sistemas nacionais de logística são os alvos prioritários do executivo, inclusive com apoio da maioria no parlamento e no judiciário.
Paralelo a destruição da soberania, o governo e a maioria no Congresso atacam os direitos sociais, trabalhistas e de organização da classe trabalhadora. Isso porque ao deteriorar as condições de vida das camadas populares e enfraquecer suas organizações, o governo pretende reduzir a capacidade de resistência “dos debaixo” frente sua agenda de desmonte do estado. Por outro lado, redireciona para o setor financeiro a parcelas importantes do orçamento público que são destinados para a garantia de direitos sociais, a PEC 06/2019 (Reforma da Previdência) é exemplo disso.
O governo de Bolsonaro não é um governo de direita brasileira típica, seu comportamento é de enfrentamento aberto a pactuação política nacional institucionalizada na Constituição de 1988. É um governo anti-88, em todos os sentidos, isso é expresso tanto na agenda econômica como no padrão de relação conflitivo que estabelece com as instituições e organizações da sociedade civil.
Não procura, ser um governo de maioria, mas age como um representante dos 30% mais conservadoras da população brasileira, um setor heterogêneo constituído de todo tipo de frustrações, aí está a base social na qual se apoia para desenvolver sua agenda.
Porém, Bolsonaro não age orientado por uma agenda própria, ele opera os interesses estrangeiros, em especial estadunidenses, é portanto um governo lacaio do imperialismo yanque, um governo antinacional.
Na dimensão econômica e social é ultraliberal, pretende dilapidar o patrimônio público (agenda de desinvestimento e privatizações) e responder aos interesses de acumulação do setor financeiro-especulativo, neste sentido é um antipopular.
Na agenda dos costumes, de maneira jocosa, imoral e criminosa, enfrenta ideologicamente os setores democráticos, procura desmantelar os sistemas de garantias de direitos e abre conflito aberto com todo e qualquer personalidade, instituição ou projeto que lhe oponha, assim é um governo autoritário, antidemocrático.
Em síntese é um governo associado e subalterno aos EUA, reacionário nos costumes, autoritário na condução política e ultraliberal na agenda econômica.
Neste sentido, a agenda de resistência dos setores de oposição real ao governo, deve assumir a defesa da soberania, da democracia e dos direitos como prioridades máximos do processo de resistência do povo brasileiro.
Alexandre Caso
Manoel Elídio Gabeira
Pedro Otoni
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