Em 2013, investimento de R$ 90 bilhões representou mais que o dobro dos investimentos da Vale do Rio Doce mais 72 empresas nacionais de grande porte; estudo ajuda a avaliar impacto da Lava Jato
Tese de doutorado do economista Marcelo Sartorio Loural, defendida no Instituto de Economia da Unicamp (IE), mostra que os investimentos da Petrobras adquiriram uma proporção inimaginável com a descoberta do pré-sal. Em 2013, último ano da pesquisa elaborada na tese “Investimentos industriais no Brasil: uma análise setorial do período 1999-2013”, os investimentos da empresa chegaram a R$ 90 bilhões, representando mais que o dobro dos investimentos da Vale do Rio Doce, em torno de R$ 25 bilhões, e de mais 72 empresas nacionais de grande porte, com R$ 20 bilhões.
“O investimento é uma variável importante da economia, tanto para o progresso técnico como para a geração de empregos. Em torno da Petrobras há toda uma cadeia de indústrias, como a naval e de máquinas e equipamentos, que também seria prejudicada por sua paralisia”, diz Marcelo Loural, referindo-se ao impacto que a operação Lava Jato, iniciada em 2014, causou nos investimentos da empresa. Em 2014, esse recuo foi de 22%.
“Os dados a partir de 2014 não estão em minha pesquisa, mas já confirmam acentuada queda da dinâmica econômica – e o revés da petrolífera talvez responda por isso. A tese mostra a relevância da Petrobras para o investimento no país, primeiramente no auge mais recente desta variável em nossa economia, de 2006 a 2008, e depois na crise internacional, segurando o nível de investimento do setor industrial”, diz ainda o pesquisador.
“No período anterior ao pré-sal, a disparidade não era tão grande: R$ 25 bilhões da Petrobras e menos de R$ 20 bilhões das demais somadas, excluindo a Vale”, diz o pesquisador. “De 2009 em diante, a petrolífera continuou expandindo seus investimentos, ao passo que as outras indústrias retraíram seus gastos em virtude do cenário de crise. Como esta variável econômica visa a uma renda futura, dependendo de expectativas quanto aos ganhos, as empresas não investem”, declarou o economista ao Jornal da Unicamp.
Marcelo Loural afirma que a variável do investimento geralmente é estudada por uma abordagem macroeconômica e, por isso, o diferencial de sua tese de doutorado está na desagregação por setores da indústria brasileira e mesmo por empresas. “É como adotar uma visão de lupa para identificar diferenças entre os setores. Conceitualmente, o investimento é um gasto realizado (no caso pelo empresário) visando ao aumento da riqueza, a uma renda futura. O investimento que tratamos em economia é aquele que gera capacidade produtiva, promovendo mudança estrutural e progresso técnico; e, principalmente, respondendo pela dinâmica da geração de empregos e impactando diretamente na vida cotidiana.”
Fonte: Rede Brasil Atual
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