Três anos depois, a Intersindical Central da Classe Trabalhadora volta a reunir suas lideranças sindicais e populares de todo o país para realizar seu Congresso Nacional. Neste ano, marcado pela consolidação do Golpe de 2016, a ofensiva contra os trabalhadores e o avanço do imperialismo sobre o Brasil e a América Latina, os eixos do Congresso são “Democracia, Direitos e Soberania”.
Além da delegação da Intersindical, participaram da abertura do Congresso representantes de diversos partidos políticos, centrais sindicais e movimentos populares, incluindo a presença de dirigentes sindicais de 11 países, marcando a presença da Federação Social Mundial (FSM). Depois de um minuto de aplausos para Marielle Franco, Nilza Pereira, da direção nacional da central, declarou aberto o 2º Congresso da Intersindical.
“Marielle, presente! Hoje e sempre!”, homenagearam todos os presentes no auditório do hotel San Raphael, centro de São Paulo. Pereira lembrou que, apesar de jovem, a Intersindical mostrou seu valor nas lutas contra o Golpe de 2016 e as reformas trabalhista e previdenciária. “Onde tínhamos representação, fomos às ruas com nossas bases”, recordou.
O primeiro convidado a falar foi Gilmar Mauro, do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). O dirigente refletiu sobre a crise organizativa que afeta os instrumentos de luta dos trabalhadores, que não conseguem englobar grande parte da classe. Ainda assim, Mauro se disse otimista com a conjuntura. “Vamos derrotar o governo Bolsonaro de uma tacada só”, afirmou. O dirigente do MST, que participou do Congresso de Fundação e do 1º Congresso da Intersindical, ainda reforçou a parceria do movimento com a central para todas as lutas necessárias.
Natália Szermeta falou em nome do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST) e da Frente Povo Sem Medo (PSM). Destacou a atuação da Intersindical dentro FPSM e a necessidade de se enfrentar a Reforma da Previdência e se defender dos ataques do governo Bolsonaro aos movimentos populares e sindical.
Secretário de Relações Internacionais da Central dos Trabalhadores Cubano (CTC), Ismael Drullet conclamou pela “unidade do povo da América Latina, que precisa vencer nosso inimigo em comum que, há consenso, é o imperialismo”. Drullet saudou a Intersindical e finalizou com a saudação revolucionária da ilha caribenha: “hasta la victória!”. O chileno Ricardo Maldonado representou a seção latino-americana da Federação Sindical Mundial (FSM).
Maldonado saudou o 2º Congresso da Intersindical e elogiou o 1º Seminário Internacional, realizado nas últimas quarta e quinta-feira, que superou suas expectativas ao gerar um “profundo debate político e ideológico”. O desafio agora, para Maldonado, é encaminhar as ações concretas, que devem começar por demonstrações de apoio dos trabalhadores latino-americanos ao povo venezuelano.
A dirigente peruana Carmela Sifuentes representou as mulheres da FSM. Pediu para que no Congresso haja debate e não antagonismo, pois “o inimigo está fora”. Sifuentes também conclamou por maior participação das mulheres, chegando à paridade em todos os espaços. Por fim, lembrou da mártir peruana Micaela Bastidas e de Marielle Franco.
O argentino Sérgio Gonzalez representou a FSM Cone Sul e enviou a saudação do Secretário Geral da FSM Mundial, o grego George Mavrikos.
Ernesto Freire, em nome da FSM América, enviou a saudação dos trabalhadores cubanos ao 2º Congresso e avaliou como estimulante a mesa de instalação do evento.
Adilson Araújo, presidente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), declarou que a “Intersindical é parte muito importante da resistência no país”. Araújo destacou que vivemos uma profunda crise do capitalismo mundial e a imposição, de forma muita acelerada, de um processo de restauração neoliberal. “É hora voltarmos a pensar com radicalidade”, defendeu Araújo.
Nalú Faria, da Marcha Mundial das Mulheres (MMM), definiu a conjuntura como a “agudização do conflito capital x vida, que é mais do que o conflito capital x trabalho”. Faria destacou a importância de as organizações da classe trabalhadora assumirem que o “patriarcado e o racismo são estruturantes do capitalismo, e não apenas questões ideológicas”. Por fim, defendeu a centralidade das campanhas pela libertação do ex-presidente Lula e pela paz e soberania da Venezuela.
O presidente do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), Juliano Medeiros, destacou que a Intersindical já é uma realidade para a classe trabalhadora brasileira e agradeceu a atuação da central nos últimos cinco anos, que “balançaram o Brasil”. “Tenho certeza que vou seguir encontrando os companheiros da Intersindical nas principais lutas do povo brasileiro trabalhador”, assegurou Medeiros.
O presidente da Fundação Lauro Campos e Marielle Franco (FLCMF), Francisvaldo Mendes, defendeu que o 2º Congresso da Intersindical deve servir para discutir a luta não para melhorar, mas para acabar com o capitalismo.
Representando o grupo Brasil Nação, a jornalista Eleonora de Lucena definiu que há, sim, um projeto no governo Bolsonaro: a destruição do país. “É um governo subalterno e lambe-botas”, definiu.
Davi Lobão, da agrupação Resistência, destacou a “ação pesada da extrema-direita no país” e denunciou a prisão política do ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva e a falta de garantias que fizeram o deputado Jean Willys deixar o país.
Edmilson Costa enviou as saudações classistas do Partido Comunista Brasileiro (PCB) e, Onassis Matias, do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (DIAP), ao 2º Congresso da Intersindical.
A Central Única dos Trabalhadores (CUT), o Partido dos Trabalhadores (PT) e o Partido Comunista do Brasil justificaram suas ausências, mas enviaram seus cumprimentos ao 2º Congresso da Intersindical. Secretário-geral da Intersindical, Edson Carneiro Índio fechou a cerimônia. “O 2º Congresso da Intersindical acontece em momento de encruzilhada histórica.
O governo Bolsonaro assume uma agenda de desmonte do Estado, de associação direta ao imperialismo e de desregulamentação das leis trabalhistas”, caracterizou. A tarefa da classe trabalhadora, por outro lado, é defender uma agenda civilizatória enraizada no povo brasileiro e isso começa pela defesa da aposentadoria e da Previdência Social. “Vamos conversar com o povo em todos os cantos e chacoalhar esse país para derrotar a Reforma”, garantiu.
Texto: Matheus Lobo
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