As recentes queimadas na região amazônica ganharam repercussão internacional, se somando à histórica discussão em torno do aquecimento global, consequência do atual modelo produtivo. O impacto da ação humano sobre o clima já chega, para alguns especialista, à situação de não retorno, ou seja, não será mais possível – com medidas de diminuição e controle de atividades que promovem o aquecimento – retornar aos padrões de temperatura típicos do planeta.
A questão climática é um tema que possui relação com um conjunto enorme de fatores, entre eles os sociais e econômicos. Na dimensão social, indica que a ampliação da concentração de riqueza e redução de direitos dos trabalhadores e trabalhadoras vividas nos últimos anos, produz a ampliação da degradação ambiental e ainda a ampliação dos seus efeitos sobre os mais pobres.
Ou seja, em razão do desemprego e da pobreza, um contingente enorme de pessoas, em todo o mundo, sé levado à realizar ilegalmente atividades extratoras de recursos naturais, entre elas o corte de florestas, a caça e o garimpo. Ao mesmo tempo, tais práticas, somadas ao modelo produtivo e energético estabelecido no mundo, associado à ação das grandes empresas, em praticamente todos os ramos produtivos, gera a elevação da temperatura, destruição dos rios e alteração do comportamento das chuvas, que consequentemente tem feito aumentar a desertificação de terras agricultáveis, nas quais, os mais pobres, apoiam sua subsistência.
Já na dimensão econômica, os impactos na temperatura do planeta estão diretamente associados ao padrão capitalista de produção e de extração do recursos naturais. A mineração, o agronegócio e o padrão energético baseado na queima de combustíveis são os principais responsáveis pela o processo de degradação das condições de vida do planeta.
Diante deste entendimento uma rede de centenas de entidades, distribuídas em dezenas de países organizaram um ato de denúncia mundial que acontecerá no dia 20 de setembro, chamado de Greve Global pelo Clima.
CONTINUA APÓS O VÍDEO
A mobilização do 20 de setembro no Brasil foi iniciada pela Coalizão pelo Clima, um coletivo composto por aproximadamente 70 entidades ligadas a pauta ambiental. As centrais sindicais e as frentes Povo Sem Medo e Brasil Popular se somaram na esta construção agregando pautas relacionadas à Reforma da Previdência e o desemprego.
A discussão entre as centrais sindicais e a Coalizão pelo Clima caminharam para um entendimento comum sobre o projeto do governo Bolsonaro, definido como um ataque integral ao povo brasileiro. A forma como ele tem enfraquecido as instituições fiscalizadoras da legislação ambiental e na prática incentivando crimes contra o meio ambiente, em benefício do agronegócio e das mineradoras, é demostração cabal de um projeto mais amplo. O de transformar o país em uma área de extração de recursos naturais e humanos. É parte do mesmo projeto acabar com os direitos sociais e trabalhistas ampliando a exploração da força de trabalho no país.
A crise social leva à intensificação de crimes ambientais, sem alternativa de trabalho uma massa de desempregos procuram qualquer atividade que lhe garanta algum rendimento, como o garimpo ilegal em territórios indígenas, desmatamento e aumento da produção ilegal de carvão em áreas da Mata Atlântica e do Cerrado. Ou seja, são temas que estão diretamente interligados e exigem uma resposta unitária de toda a sociedade civil brasileira frente à barbárie bolsonarista.
A programação do dia 20 começará cedo, como atividades nos locais de trabalho realizadas pelos sindicatos e movimentos sociais. O objetivo é denunciar o governo e sua agenda de destruição total do país: ataque aos direitos e ao meio ambiente.
Na parte da tarde, a programação está a cargo da organização do ato em cada cidade. A Coalizão pelo Clima tem priorizado atividades culturais e educativas em especial com a juventude, comunidades tradicionais e setores que tem sofrido diretamente como o impactos dos crimes ambientais, como agricultores familiares, atingidos pelas barragens e população indígenas. O movimento sindical realizará atividades de mobilização nas categorias.
No final da tarde, já estão programados atos da Greve Global Pelo Clima em São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre, Brasília, Belo Horizonte, Fortaleza e Recife.
Texto: Pedro Otoni
ASSISTA TAMBÉM:
Tópicos relacionados
Comentários