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Inflação e mais recessão: a combinação mortal do Bolsonaro para os trabalhadores e trabalhadoras

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Mesmo diante de uma inflação que não tem origem em excesso de demanda – muito pelo contrário, o Banco Central optou por elevar novamente a taxa de juros SELIC, dos atuais 11,75% para 12,75% em uma clara demonstração de que tanto a equipe econômica como a presidência não têm a menor ideia de como debelar a alta ininterrupta dos preços no país, mesmo em um cenário de estagnação econômica, alto desemprego e queda da renda.

O processo inflacionário recente tem causas muito claras, destacando-se a política de preços da Petrobras que eleva os preços dos combustíveis e do gás de cozinha e por compor os custos de todas as cadeias produtivas, dissemina essa elevação para toda economia. A excessiva variação cambial; o aumento dos preços internacionais dos alimentos; redução da área plantada para gêneros alimentícios; o desmonte dos estoques reguladores; a desorganização da política de promoção da agricultura familiar; e o aumento de custos financeiros devido ao aumento dos juros.

Pode-se até argumentar que a inflação é um fenômeno nesse momento presente em vários países, mas ao contrário de outros países, o governo federal e a equipe econômica ao invés de agirem para debelar as causas do aumento de preços preferem promover o receituário de privatizações, cortes orçamentários e aumento de juros. Além de se tratar de uma receita que foi abandonada pelos principais países do mundo, antes mesmo da pandemia, ainda aprofunda os principais problemas do país: inflação e desemprego.

O aumento de juros não soluciona a atual inflação porque a origem da elevação de preços não é o excesso de atividade econômica. Desse modo, quando o governo aumenta os juros, ele está desestimulando ainda mais os investimentos produtivos, fundamentais para a geração de empregos e renda e retomada do crescimento econômico, posto que é muito mais vantajoso ganhar dinheiro aplicando no mercado financeiro. Ou seja, ao mesmo tempo em que este aumento de juros irá impedir uma melhora substancial na economia e no emprego, há pouco efeito sobre as reais causas da atual elevação da inflação.

Ademais, é importante salientar que a alta da Selic tem efeitos sobre as demais taxas de juros de mercado, ou seja, quando o Banco Central aumenta a Selic normalmente as instituições financeiras elevam ainda mais as taxas de juros das demais modalidades de crédito, como por exemplo, cartão de crédito, empréstimo pessoal, cheque especial, financiamento imobiliário etc…tendo como resultado o agravamento o endividamento e aumento da inadimplência das famílias e dos pequenos negócios, principalmente.

Instabilidades econômicas sempre existiram. Os preços internacionais sempre oscilaram: o petróleo já atingiu mais de US$ 100 em outras oportunidades, inclusive recentemente. O que mudou foram os instrumentos disponíveis de defesa da economia nacional, cada vez mais dependente da produção externa. Mesmo diante de cenário complexo, a resposta desse governo, de aumento dos juros, somente irá promover mais recessão sem equacionar os problemas, jogando nas costas de trabalhadores e trabalhadoras do Brasil as consequências da completa ausência de estratégia econômica do atual governo.

Este cenário deve suscitar a discussão não somente da necessidade de interrupção desse modelo econômico, mas também o que fazer com toda sua “herança” de destruição. No caso da política monetária, a independência do Banco Central era vista como fundamental para estabilidade inflacionária: mesmo aprovada nos moldes desejados pelos seus defensores, hoje em dia temos a maior inflação já registrada desde a implantação do Plano Real em 1994. Os que acusavam governos anteriores de serem perdulários, inflacionistas e populistas, e que hoje tem total comando da economia do país, apresentam como produtos inflação recorde, alto desemprego, queda na renda do trabalho, estagnação econômica e déficit fiscal recorde. E o que oferecem é mais recessão.

É urgente que tenhamos um novo norte em termos de política econômica, que ofereça solução para os grandes problemas da população e não um conjunto de promessas feita para agradar apenas uma ínfima parte do país. Desenvolvimento econômico com emprego de qualidade, renda e investimento e justiça social devem nortear a lógica da política econômica, revertendo assim o cenário de estagnação e inflação, crescimento da miséria e da precarização do trabalho.

Sérgio Nobre
Presidente da Central Única dos Trabalhadores

Miguel Torres
Presidente da Força Sindical

Adilson Araújo
Presidente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil

Oswaldo Augusto de Barros
Presidente da Nova Central Sindical de Trabalhadores

Antônio Fernandes dos Santos Neto
Presidente da Central dos Sindicatos Brasileiros

Ricardo Patah
Presidente da União Geral dos Trabalhadores

Luiz Carlos Prates (Mancha)
Secretaria Executiva Nacional da CSP-Conlutas

Edson Carneiro da Silva (Índio)
Secretário Geral da Intersindical Central da Classe Trabalhadora

José Gozze
Presidente Pública Central do Servidor

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