Para Ricardo Saraiva (Big), secretário de Relações Internacionais da Intersindical, “a cobertura da ComunicaSul estreitará relações e disponibilizará informações sobre o que realmente está acontecendo”
“A solidariedade e a mobilização da sociedade são fundamentais para derrotar o narcogoverno colombiano de Iván Duque, servil ao imperialismo estadunidense, e seus tentáculos fascistas”, afirmou Ricardo Saraiva, secretário de Relações Internacionais da Intersindical – central da classe trabalhadora. Na sua avaliação, “as eleições presidenciais de 29 de maio são um momento ímpar para transformar o país vizinho, em uma democracia de fato”.
De acordo com Big, que também é secretário-geral do Sindicato dos Bancários de Santos e Região, “com a coligação Pacto Histórico tendo candidatos à altura de Gustavo Petro e Francia Márquez, poderá ser apresentada uma pauta real de transformação estrutural da sociedade colombiana”. “Precisamos mudanças econômicas e sociais, de salário, emprego e direitos, de ações que rompam com a cartilha da submissão. São milhares de homens e mulheres mortos, lideranças sociais, sindicais e comunitárias abatidas, massacradas impunemente pela lógica de extermínio para atender os interesses do capital estrangeiro”, acrescentou.
Para o dirigente da Intersindical, é preciso aprender com as experiências, acertos, erros e limitações que vêm de fora, e citou o exemplo das eleições francesas, “a fim de fazermos uma análise mais ampla e aprofundada do que estamos vivendo e por viver na América Latina”. “Infelizmente, por lá, as esquerdas e as forças progressistas não tiveram a capacidade de se unificar. Se atuassem de forma mais aberta, se estivessem unidas, teriam 31%, superariam o atual presidente Emmanuel Macron, e iriam para a disputa com a neofascista Marine Le Pen. Agora há riscos e pode ocorrer da extrema-direita assumir a França, que é uma país emblemático para a democracia, que não é uma nação qualquer”, alertou.
“Por que estou falando isso?”, questionou, “porque assim como as eleições francesas para a Europa. as eleições de Petro na Colômbia, assim como de Lula no Brasil podem mudar o paradigma da América Latina e não podemos deixar que sectarismos que só levam ao isolamento facilitem a vida da direita. Isso seria o pior dos mundos”.
O fato de ter havido uma tentativa de pacificação em 2016, após mais de 50 anos de guerra civil, em que morreram mais de 200 mil colombianos e mais de seis milhões foram deslocados, resultou ser extremamente tenso e traumático. “Os Acordos de Paz de Havana foram resultado de um extenso processo construído pelas Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) que, infelizmente, vem sendo descumprido pelo governo. Desde que as Farc depuseram as armas, conforme a cientista política Ana Prestes, morreram mais de 2.000 ativistas sociais e lideranças dos direitos humanos, sem contar ex-guerrilheiros que assumiram o processo de pacificação e não foram incluídos na sociedade, ficaram à margem. Enquanto isso, o Exército e os paramilitares continuaram matando”, recordou.
“Agora há uma tomada de consciência entre a população sobre quem foi que deu o seu sangue e pagou com a sua vida cada palavra empenhada e quem, oportunisticamente, traiu tudo o que foi acordado. O resultado disso é que saímos de uma eleição em que o Pacto Histórico obteve a maior bancada, demonstrando que a sociedade está compreendendo o que está em jogo. São trabalhadores rurais e urbanos, pequenos e médios empresários que passam a entender que não há outra alternativa além de Gustavo Petro e Francia Márquez para trazer esperança e mudar a realidade colombiana”, frisou Big.
O secretário de Relações Internacionais da Intersindical recordou ter estado em dois momentos dialogando francamente com os companheiros colombianos sobre os Acordos de Paz e seus possíveis desdobramentos. “Um foi em Havana, quando debatemos na sede da Central de Trabalhadores de Cuba (CTC) e outro na própria Colômbia, durante um encontro dos bancários da Federação Sindical Mundial (FSM), quando expressamos nossa preocupação com o resultado da deposição das armas”, contou Big. “No final desta última reunião em que esteve Gustavo Petro, me impressionei com a sua capacidade de argumentação, quando deixou claro que as Farc somente viraram um exército popular pela obrigação de defender o povo colombiano. Muita gente era cotidianamente assassinada, massacrada sem julgamento, sem qualquer acusação, esta era uma realidade. Mas a outra era que não havia outro caminho além da paz”, relatou. “Então perguntamos: mas podemos confiar neste governo?”. E nos respondeu: “É um risco que temos de correr”.
Segundo o líder sindical, “o fato é que com o governo descumprindo o acordado, inocentes continuam sendo abatidos para que as forças militares sejam promovidas, os chamados ‘falsos positivos’. Ainda somem militantes e não se consegue sequer ter o paradeiro dessas pessoas. Com isso, cresce na população a revolta contra Iván Duque”.
“Reafirmo que a hora é de dar esperança às pessoas e eleger governos progressistas em toda a América Latina. Precisamos apresentar programas que mobilizem a população e lhes dê condições de reagir contra o programa deliberado da cartilha de Washington e avançar. Por isso a disputa política e ideológica tem papel chave e a informação, graças ao jornalismo independente, ocupa um lugar central. Foi o que a ComunicaSul fez na Bolívia, trazendo informações, dando elementos para a reflexão e a ação. E será assim na Colômbia: para avançarmos na construção da Pátria Grande!”, concluiu.
Por Leonardo Wexell Severo, para o ComunicaSul
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