O Intervozes denunciou a Rede Record (e o apresentador Marcelo Rezende) e a TV Bandeirantes (e o apresentador Datena) à Procuradoria dos Direitos do Cidadão e à Defensoria Pública pela veiculação, ao vivo, de imagens de um policial atirando contra suspeitos durante uma perseguição em São Paulo. As cenas foram exibidas nesta terça-feira, 23 de junho, nos programas Cidade Alerta e Brasil Urgente. A denúncia também será formalizada junto ao Ministério das Comunicações, responsável pelo conteúdo transmitido pelas concessionárias de rádio e TV.
Não bastasse a violência da imagem veiculada ao vivo, sem qualquer alerta aos espectadores – num horário em que muitas crianças estão em frente à TV -, o apresentador Marcelo Rezende ainda incentivou a ação da Ronda Ostensiva Com Apoio de Motocicletas da Polícia Militar de São Paulo (Rocam) com declarações como “Atira, meu filho. É bandido” e “Fez muito bem, sensacional!”.
Em países como França e Inglaterra, com órgãos reguladores dos meios de comunicação, as emissoras de TV não podem transmitir ao vivo cenas como estas em função do forte impacto que podem causar na audiência. Vale lembrar como foi a difusão das cenas do caso do atentado ao jornal Charlie Hebdo, em Paris, em janeiro deste ano. Os vídeos vieram a público, mas com imagens borradas e após os canais informarem, repetidas vezes, que cenas fortes iriam ao ar. A transmissão ao vivo de uma perseguição policial é considerada uma violação das normas em vigor justamente pelo risco evidente de trazer ao público cenas como esta, transmitidas – e elogiadas – pelos canais brasileiros.
Na semana passada, a ANDI, em parceria com o Intervozes, a Artigo 19 e o Ministério Público Federal, lançou duas publicações focadas nas violações de direitos humanos praticadas cotidianamente pelos chamados programas policialescos.
Os guias estão disponíveis nos links abaixo:
Guia de monitoramento: Violações de direitos na mídia brasileira I
Guia de monitoramento: Violações de direitos na mídia brasileira II
Fonte: Coletivo Intervozes
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