A terceirização surgiu na Toyota, no Japão, após a Segunda Guerra Mundial. O modelo de contratar empresas terceirizadas foi rapidamente exportado para todos os cantos do mundo. As consequências foram ruins em todas as experiências.
Enquanto no Brasil, os empresários querem generalizar a terceirização como única forma de contratação de trabalho, alguns países estão revendo esse processo, como é o caso do Equador, Venezuela e até o Japão, berço da terceirização, que está rediscutindo o sistema da terceirização, por conta das consequências nefastas para a sociedade.
Emprego vitalício deveria voltar para garantir estabilidade econômica, diz estudo
A desregulamentação do setor de trabalho no Japão resultou no aumento de mão de obra terceirizada e de desigualdade social. A conclusão é do Relatório da Economia Trabalhista do ano fiscal de 2010 divulgado dia 3 pelo Ministério da Saúde, Trabalho e Bem-Estar Social. Para garantir salários maiores e estabilidade, seria importante efetivar esses trabalhadores, diz o estudo.
O documento aponta o aumento da proporção dos empregados que ganham entre 1 milhão (R$ 20.590) e 2,5 milhões de ienes (R$ 51.475) por ano entre 1997 e 2007. Segundo estimativa feita pela Agência Nacional de Tributação do Japão (equivalente no Brasil à Secretaria da Receita Federal), entre os 45,43 milhões de trabalhadores assalariados do Japão, o número dos que tiveram renda anual de até 2 milhões de ienes (R$ 41.180) em 2007 foi de 10,32 milhões. Desse grupo, 3,66 milhões de pessoas ganharam menos de 1 milhão de ienes (R$ 20.590).
Em comparação com o resultado do ano anterior, o número dos trabalhadores com renda anual de até 2 milhões (R$ 41.180) aumentou cerca de 100 mil. Por outro lado, 2,33 milhões de pessoas ganharam mais de 10 milhões de ienes (R$ 205.900) em 2007, ou 84 mil pessoas a mais ante o resultado do ano anterior.
Mais terceirizados
Uma das principais causas do aumento da desigualdade salarial indicada pelo relatório é o aumento da mão de obra terceirizada no Japão. Com a política de desregulamentação adotada pelo governo na década de 2000, as grandes empresas elevaram o número de empregados não efetivos no quadro funcional a fim de conter custos. Hoje eles representam cerca de 30% dos trabalhadores no país. O relatório critica a indústria por ter aumentado a proporção de terceirizados, que são os primeiros a ser cortados na hora da crise, contribuindo com a aceleração da desigualdade salarial e a redução do consumo. Para reverter essa situação, o estudo ressalta a importância da atuação do governo central em estabilizar a economia. Assim as empresas começariam a investir mais na capacitação dos empregados e a contratar de forma planejada funcionários efetivos.
Emprego permanente
Ainda de acordo com o relatório, será necessário focalizar o investimento nas áreas promissoras para gerar empregos no país. Os setores com grande potencial de crescimento citados no estudo são os de energia renovável, biotecnologia, ecologia, saúde e assistência social. Além disso, o estudo defende a retomada do sistema de trabalho anterior, baseado no emprego vitalício, e o aumento salarial conforme o tempo de serviço, para qualificar os recursos humanos no longo prazo.
Boa parte dos empregadores concorda com a ideia. Segundo uma pesquisa feita em janeiro com cerca de 3 mil empresas, 49,7% delas reconhecem que o sistema de emprego permanente trará mais benefícios.
O estudo apontou também a mudança da postura das companhias em relação à estratégia de recrutamento, citando que agora há mais interesse em funcionários com potencial de crescimento para serem treinados após a contratação, em detrimento dos profissionais qualificados e experientes que vinham sendo preferidos nos últimos anos.
Fonte: Portal NippoBrasil
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