INTERSINDICAL – Central da Classe Trabalhadora
Governo parcela salários dos servidores como tática para privatizar
Os servidores públicos do Rio Grande do Sul, incluindo policiais, delegados e professores, estão unidos na luta contra os desmandes do governador do Rio Grande do Sul, Ivo Sartori (PMDB). Eles prometem uma assembleia unificada no próximo dia 18 para decidir por uma greve geral por tempo indeterminado.
Na última sexta-feira, dia 31, os servidores foram surpreendidos com o anúncio do parcelamento dos salários. Além disso, o governo Sartori sinaliza que vai promover uma reforma da previdência dos servidores e a venda de patrimônio público para fazer caixa. Estão na mira do peemedebista a privatização do Banrisul, além das empresas de luz, gás, água e processamento de dados do Estado.
“Há um levante no Rio Grande do Sul. Várias cidades gaúchas pararam e isso pode se generalizar. Os servidores estão fazendo caravanas de manifestações de rua e atos políticos para denunciar e debater com a população os planos do governador”, informa Mário Augusto Azeredo, da Intersindical Central da Classe Trabalhadora.
No dia 31 os funcionários públicos do Rio Grande do Sul só receberam até R$ 2.150. Outra parcela, de R$ 1 mil, deve ser depositada até o dia 13 de agosto. Para os funcionários que recebem salário superior a R$ 3.150, o restante será pago até 25 de agosto.
No último dia 10 de julho policiais e escrivães do Estado fizeram uma manifestação por melhores condições de trabalho, não por salário. Faltam itens básicos como peças de reposição para viaturas, papel e tinta de impressora para o registro de ocorrências, coletes de proteção, entre outros.
De acordo com a Ugeirm Sindicato, que representa escrivães, inspetores e investigadores, está mantida a operação padrão. Policiais civis e militares também fazem parte da luta. Além disso, policiais que não tiverem uniformes e equipamentos adequados para o trabalho ficarão dentro dos quartéis.
Aulas de política
“Sabemos que a tática do governador é contar com nossa mobilização para constranger os deputados a votarem aumento de imposto e a perda dos direitos previdenciários dos servidores, por isso estamos nessas caravanas pelo Estado denunciando e trabalhando com formação política”, revela Cládio Wohlfahrt, diretor do Ugeirm Sindicato.
Na área da educação, o CPERS-Sindicato, que representa os professores da rede pública estadual, orientou os docentes a reduzirem o tempo dedicado às aulas tradicionais e reservarem esse espaço para debater com os alunos a real situação do Rio Grande do Sul e os motivos que levam os servidores a realizar as mobilizações. Dia 11 está marcada uma manifestação do movimento estudantil no Estado.
Pressão popular contra as privatizações
Apesar da PEC 94/98 que condiciona as privatizações do Banrisul e da Corsan (água e esgoto), a consulta popular via plebiscito, o dirigente da Intersindical lembra que o governador tem o apoio de 34 dos 55 deputados estaduais.
O governo federal, segundo ele, não apontou uma solução para a dívida do Rio Grande do Sul, como fez com São Paulo. Recentemente a Prefeitura de São Paulo conseguiu retirar do cálculo da dívida a aplicação do IGP-DI mais juros de 6% a 9% ao ano, pactuado durante o governo Fernando Henrique Cardoso, e introduziu na fórmula o IPCA mais juros de 4% ao ano.
“A luta popular é decisiva. Isso exige criticar e se opor ao ajuste fiscal também encaminhado pela presidente Dilma, que acabou funcionando como exemplo para governadores e prefeitos usarem o discurso da crise e da explosão dos juros e das contas públicas para implementar pautas conservadoras e privatizações”, afirma Mário Azeredo.
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