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Luciete Silva: racismo continua latente e escravidão ainda é tema do século 21

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O racismo continua latente na sociedade brasileira, produzindo profundas desigualdades econômicas, sociais e culturais. “E a elite insiste em propagar uma invisibilidade ou até mesmo naturalizar a condição de desvantagem da população negra”, lembrou Luciete Silva, do Círculo Palmarino, durante a mesa de abertura do 1° Encontro de Mulheres da Intersindical Central da Classe Trabalhadora.

 “O Brasil foi último país a abolir a escravidão. Sofremos com esse atraso de uma escravidão muito tempo alongada. Os 388 anos de escravidão deixaram raízes cruéis em todas as bases da sociedade brasileira. Isso porque o povo negro continua sem acesso a direitos básicos, sujeito às crueldades de uma polícia militarizada, que o enxerga como suspeito e alvo preferencial”, diz Luciete.

”A diferença entre o negro e o branco no Brasil não está só na cor da pele, está na igualdade em termos de poder financeiro. Só são livres aqueles que puderam frequentar boas escolas e que puderam disputar vagas de trabalho qualificadas”, afirma.

Mulheres ganham 30% menos do que os homens, mesmo com a mesma qualificação e no desempenho das mesmas funções. Mulheres negras ganham menos de 40% do que recebem os homens brancos no mercado de trabalho, segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA). “Saúde, educação, poder econômico, ainda estamos batendo na porta para termos uma remuneração justa como mulheres, como negras, como pessoas”, diz Luciete.

E, para piorar, o Congresso Nacional ainda tenta flexibilizar o conceito de trabalho escravo em pleno século 21, legalizando a servidão por dívida.

“O racismo está na base da consolidação do capitalismo em nosso país, portanto, a sua superação passa por mudanças estruturais em nossa sociedade. Neste sentido, é fundamental que essa luta ganhe corações, mentes e se enraíze no povo”, conclama a militante do Círculo Palmarino. “É necessário que tenhamos ações mais ousadas de distribuição de renda. Precisamos de políticas públicas que garantam o direito à cidade e à cidadania, que assegurem outro modelo de segurança pública e a representativa negra nos espaços de poder”.

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