Nota das Mulheres da Intersindical – Central da Classe Trabalhadora
O que vivenciamos nos últimos meses foi um golpe de Estado! A abertura de um processo de impeachment sem fundamento para efetivá-lo só pode ser chamado de golpe. Este golpe se deu em resposta às poucas políticas sociais que favoreceram a população mais pobre, às mulheres, às negras e negros. São essas políticas que a direita elitista brasileira, formada por homens ricos e brancos, não consegue se quer conviver.
Mesmo a política de conciliação de classes levada a cabo pelas gestões petistas não serve mais. É um capitalismo extremamente dependente e reacionário o que vivemos, formado por homens que se submetem às “grandes potências” mundiais, que se pudessem acabariam até com a abolição da escravatura. É com este grupo que estamos lidando.
Somos parte daquelas que fizeram oposição ao governo federal por não concordar com a política de conciliação. Sempre estivemos nas ruas pela ampliação dos direitos de trabalhadoras (es), de mulheres, negras (os), indígenas, quilombolas, LGBTs. Sempre lutamos pela superação desta sociedade dividida em classes sociais de maneira imbricada com a luta das mulheres e da população negra. Lutamos pela ampliação dos direitos, pelo avanço de pautas progressistas que beneficiem a população mais explorada e em situação de maior vulnerabilidade. Combatendo os privilégios, a desigualdade e a violência dos de cima que estruturaram, e ainda estruturam, a sociedade brasileira.
O governo Temer já começou uma política que ataca diretamente mulheres e negras(os). Os ministérios compostos por homens ricos e brancos não é apenas um ataque simbólico, é uma evidência de qual política este governo implementará. Uma política de retrocessos aos direitos das mulheres, da classe trabalhadora, da juventude – sobretudo da população negra.
É importante destacar que durante o desgaste do governo petista (impulsionado pela mídia golpista), não foram raros os ataques à presidenta Dilma enquanto mulher – ataques (muitas vezes) desvinculados de sua atuação política. Isso não pode ser aceito! A expressão “tchau, querida” ganhou conotação machista. A ideia da presidenta como “marionete” de Lula, as imagens, os adesivos, a crítica às roupas e à aparência física evidenciam a forte presença do machismo em todo este processo. Para quê? Por quê? Isto a define como melhor ou pior governante?
O governo Temer não apresenta a “ponte para o futuro”, mas antes, uma “ponte para o passado” ao resgatar o que de mais atrasado temos na política brasileira que se expressa num conjunto de maldades e retrocessos para trabalhadoras e trabalhadores, para mulheres, para juventude, para a maior parte da população brasileira. O ministério composto só por homens brancos, ataca diretamente a nossa luta. Já dissemos, muitas vezes, que representatividade importa, é mais que necessário que mulheres e negras(os) ocupem o protagonismo nos espaços de decisão política.
Para piorar este contexto, o governo golpista apresentou um Ministro da educação que é contra as cotas. Pôs fim ao ministério das mulheres, da igualdade racial e dos direitos humanos, fato que representa o quanto esse governo é um retrocesso, já que não se permite sequer comprometer-se com as políticas para as mulheres e para negras e negros. Colocou como ministro da justiça e cidadania o Secretário de segurança da gestão Alckmin, que comanda a ação genocida da polícia militar e a criminalização dos movimentos sociais. A lista segue, com nomes totalmente vinculados a interesses políticos e econômicos das elites da Casa Grande.
Para esse governo golpista as mulheres são “belas, recatadas e do lar”. Esposas dos homens que fazem política. Aceitas, no máximo, nos bastidores. Não temos dúvidas que a agenda desse governo será de ataque aos nossos direitos. A elite sabe que avançar nessas políticas é manter a desigualdade social, a dominação e exploração. Combatê-la é mexer no que é estruturante e estrutural em nossa sociedade. Por isso, a nossa resistência faz tremer estes homens brancos e ricos!
Não reconhecemos o governo Temer como legítimo! Não sairemos das ruas. Continuaremos a lutar pelo avanço de nossos direitos, pelo fim da sociedade de classes, contra todo retrocesso que virá deste governo golpista e ilegítimo.
Por democracia!
Não ao golpe patriarcal e racista!
Não nos calamos e não nos calaremos jamais!
Mulheres da Intersindical – Central da Classe Trabalhadora
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