“O coronavírus foi uma lupa sobre o problema social de São Paulo” afirma Gianazzi

Imagem: Comunicação da Intersindical
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Índio, Secretário Geral da Intersindical entrevistou Celso Gianazzi, vereador em São Paulo pelo PSOL e membro da Comissão de Saúde da Câmara de Vereadores. Ele fala sobre os desafios enfrentados no município diante da pandemia e afirma que o problema é a vontade política da Prefeitura e não a falta de recursos públicos.

Índio: Celso, dias atrás faleceu um médico jovem de 32 anos que atuava em um Hospital Público na Zona Leste de São Paulo, e já temos mais de quinhentos profissionais que testaram positivo para COVID, por outro lado temos diversos hospitais em colapso, como o senhor avalia a atuação do prefeito Bruno Covas e dos demais representantes na Câmara Municipal de São Paulo?

Gianazzi: Estamos vivendo um momento difícil, a cidade de São Paulo é o epicentro desta crise, já passamos por dez mil casos na cidade com mais oitocentos e cinquenta óbitos registrados até ontem. Nós enfrentamos muitas dificuldades, você falou do óbito de um jovem médico, mas também estamos acompanhando ações de vários hospitais conversando com trabalhadores e é nítida a falta de equipamento de proteção individual e é inevitável que os profissionais venham perder sua vida, o que é um absurdo, temos cobrando muito da Secretaria de Saúde, do prefeito, e inadmissível na unidade de saúde, hospital não ter os profissionais com seus equipamentos. Os hospitais estão quase totalmente tomados, foram construídos mais dois hospitais emergenciais no Pacaembu e Anhembi, somam dois mil leitos, mas não é suficiente. Então, eu como membro da Comissão de Saúde, estou fazendo o debate desde ano passado sobre as alternativas emergências possíveis; como por exemplo Hospital Sorocabano, que temos cinco andares e já solicitamos para limpar desinfetar emergencialmente porque lá comportam quase quatrocentos leitos, fizemos diligência em mais sete hospitais, eu oficiei a Prefeitura que através do decreto de calamidade ela venha instalar urgentemente equipamentos para abrir mais leitos, e isso porque temos recursos em caixa para isso, a Prefeitura tem condições de arcar.

Índio: Temos defendido que a Prefeitura abra os hotéis para abrigar as pessoas que estão em condições de rua e proteger a vida das pessoas como diversos países estão fazendo. Qual possibilidade que o senhor ver de isso acontecer?

Gianazzi: Em conversa com Padre Júlio Lancelotti, apresentamos um projeto de lei para que a Prefeitura requisite vagas em pousadas e hotéis para colocar as pessoas em situação de rua; para que elas tenham condições melhores durante a pandemia. Como eu já disse, a Prefeitura tem dinheiro para isso, essa medida também ajuda estes pequenos empresários que estão com seus hotéis parados. Outra coisa também e o projeto de pias e lavatórios em terminais, pontos de ônibus; acionamos MP e prefeito para que tome providências, para que atenda também essa população de rua que vai ser dizimada sem nenhuma proteção. Então a Câmara, além destes dois projetos apresentamos um projeto com renda básica para pessoas que estão sem emprego formal e é outro projeto que cria um seguro quarentena para microempreendedor individual, para MEI, o pequeno empresário, que agora está sem renda alguma. É um projeto chamado “Seguro Quarentena” para que as pessoas tenham no mínimo um salário para sobrevivência. Em relação as máscaras, nos acompanhamos aqui no Hospital do Servidor Público na Vergueiro, está com racionamento, somente as pessoas que estão no contato direto com paciente usam máscaras, então os outros trabalhadores estão totalmente desprotegidos.

Índio: Uma das questões é que moramos em cidade imensa e as informações que temos é que periferia está sofrendo com propagação do vírus. Queria que senhor comentasse a situação da periferia. Gostaria que o senhor também comentasse sobre os trabalhadores do serviço público que já passaram pelos concursos.

Gianazzi: Temos vários concursos com prazo para expirar. Aí apresentamos um projeto para suspender o prazo de contagem desses concursados, para que a Prefeitura possa chamar médicos, enfermeiras, psicólogos e outros profissionais que estão na linha de frente de combate a coronavírus. É importante ter chamamento para este que passaram no concurso. Profissionais de saúde estão pagando do seu próprio bolsos para compra seu próprio IPI, outros que moram afastados, para não pegarem transporte público, estão pagando carro de aplicativo, há médicos que pagam por dormitórios para não correr risco de transmitir o vírus para seus familiares. Então pedimos um abono para estes servidores que estão arcando do seu próprio bolso estas despesas. O pessoal do SAMU, estão expostos e também precisam desse abono emergencial, e Prefeitura de São Paulo tem obrigação de ajudar estes trabalhadores. Nós aprovamos na Câmara quase dois bilhões reais, que pega o Fundo da Câmara Municipal, além do grande superávit existente nas contas públicas; então recursos a gente tem para aplicar na segurança e bem-estar destes trabalhadores e das pessoas para conseguirem continuar vivendo. A questão do isolamento é difícil porque vivemos em uma cidade muito desigual, é muito difícil falar sobre isolamento social na periferia, não tem saneamento básico, e o coronavírus foi uma lupa sobre o problema social de São Paulo.

Índio: A bancada do PSOL, apresentou projeto que de reconversão industrial que e readaptar algumas empresas para produção de equipamentos, insumos necessários para enfrentamento da pandemia. O que o senhor acha dessa medida e como a prefeitura conseguiria ajudar? Como podemos colocar o estado de São Paulo, que a região mais industrializada desse pais, junto com esse projeto reconversão industrial para atender as demandas deste tempo de pandemia?

Gianazzi: Antes gostaria de colocar a aqui a irresponsabilidade da Prefeitura sobre as crianças que não estão indo para escola, mas que necessitam de um bilhete um vale alimentação, então prefeito obrigou que os gestores, profissionais de limpeza estivessem na escola, e estes trabalhadores estão pegando transporte público, e ontem tivemos a morte de uma professora por conta da irresponsabilidade do Prefeito Brunos Covas que obrigou estes trabalhadores a saírem da quarentena.

Hoje vivemos na dependência da exportação de produtos da China, acho que temos condições sim, o estado de São Paulo é muito rico e industrializado, tem muita empresa fazendo isso, só que os bancos foi setor que mais ganhou dinheiro durante a crise, e este dinheiro deveria ser investido em empresas para poderem fazer essa reconversão porque as empresas precisam desse investimento para readequarem sua planta industrial. Sem financiamento isso não é possível.

ASSISTA AQUI A ENTREVISTA COMPLETA:

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