O inferno do trabalhador norte-americano, terceirizado há décadas

Imagem: Comunicação da Intersindical
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“Hoje em dia não é difícil que uma pessoa a caminho do trabalho receba um telefonema do contratante dizendo que ele ou ela não precisam mais ir trabalhar naquele dia”.
 
Assim começa o texto do economista Robert Reich, que foi secretário do trabalho durante a primeira administração de Bill Clinton, publicado em seu site (link abaixo). “E não importa que a pessoa já tenha gastado para contratar quem ficasse com seu filho, o trabalho não está mais disponível e o empregador não precisa mais que ela vá”, continua ele.
 
Reich explica que o cenário atual para o trabalhador americano é esse. “Tudo foi desenhado para que o custo do negócio seja mantido nos menores níveis”, escreve ele. “Dessa forma o empregador não precisa gastar com o funcionário a não ser que ele seja extremamente essencial naquele dia, e assim as empresas evitam gastar com trabalhadores que, quando não necessários, apenas ficam por ali”.
 
Reich conta que alguns empregadores pedem para que o empregado telefone ou mande uma mensagem de texto pela manhã para saber se ele é necessário naquele dia. Se não for, não recebe por isso, claro.
 
O método leva o nome de “just-in-time-scheduling” e é mais uma evolução da flexibilização – que podemos chamar de “terceirização” – da economia americana.
 
O “just in time scheduling” é objeto de desejo dos demais empresários do mundo, escreve Reich. “O único problema é que o ‘just in time scheduling’ não deixa que o trabalhador tenha uma vida”, escreve o economista.
 
O trabalhador fazia parte da folha de pagamento da empresa, explica Reich, e entrava nos custos fixos. Isso garantia a ele a segurança de saber quanto ganharia por ano, de que horas a que horas trabalharia e de poder se programar. Além de não saber mais nada disso, o trabalhador americano continua a ter seus custos fixos: aluguel, financiamentos, escola do filho, plano de saúde, supermercado etc. Empresas como a Gap e a Target estão fazendo uso do “just in time scheduling”.
 
Ele diz ainda que uma pesquisa divulgada na semana passada mostrou que 42% dos americanos ganham menos do que 15 dólares por hora, e um salário desses, sem nenhuma garantia trabalhista, não é suficiente para que uma pessoa leve uma vida decente.
 
Reich conclui que a salvação do trabalhador está na criação de uma lei federal que o proteja.
 
Talvez possamos mandar para eles essa CLT da qual estamos prestes a abrir mão no Brasil.

Fonte: texto de Robert  Reich (original: “How the New Flexible Economy is Making Workers’ Lives Hell” (“Como a nova flexibilização da economia está fazendo os trabalhadores viverem o inferno”)).

 

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