Um dia depois de anunciar o pacote de medidas que prevê privatizações, a extinção de nove fundações, demissão de 1.200 servidores, fusão de secretarias, o aumento da alíquota previdenciária e o fim da exigência de plebiscito para privatizar empresas estatais, o governador do Rio Grande do Sul, José Ivo Sartori (PMDB), decretou estado de calamidade financeira para o Estado, em publicação no Diário Oficial de terça-feira (22).
Rapidamente, servidores públicos – que estão os salários parcelados há dez meses – iniciaram uma vigília em frente ao Palácio Piratini. Eles não aceitam que o governo use a crise financeira do Estado como desculpa para vender o patrimônio público e colocar a conta da crise nas costas dos trabalhadores.
“O que estamos vendo é mais um capítulo do golpe dado contra a soberania nacional e contra o patrimônio público. Só conseguiremos derrotar esse pacote com muita luta”, afirma Neiva Lazzarotto, da Intersindical Central da Classe Trabalhadora.
A terça-feira (22) foi um dia de mobilização na Praça da Matriz, que acabou cercada por um forte aparato policial. Houve um incidente, entre manifestantes e seguranças do governo, junto às grades que bloqueavam o acesso ao Piratini. A temperatura do confronto entre manifestantes e policiais promete esquentar nos próximos dias.
Enquanto os servidores não recebem seus salários, o governo Sartori gasta cerca de R$ 3,5 milhões em uma campanha de publicidade para informar a população sobre a crise financeira estadual.
Neiva Lazzarotto chama atenção também para o fato de que o decreto de calamidade financeira, publicado pelo governo Sartori, abre as portas para a demissão de servidores estáveis.
O Sindicato dos Servidores da Justiça do Rio Grande do Sul (Sindjus) divulgou nota oficial destacando que “o povo gaúcho será, mais uma vez, quem pagará a conta pela incompetência administrativa da atual gestão em lidar com a crise financeira”. “Acabar com órgãos de pesquisa, como a Fundação de Economia e Estatística (FEE), e de difusão de cultura e conhecimento, como a TVE, demonstra o descaso do Piratini com a população e com o futuro do RS”, afirma a nota, que convoca os servidores do Judiciário a participar da greve geral convocada para esta sexta-feira (25).
Nesta sexta-feira (25) haverá uma jornada de protestos em todo o país contra a PEC 55, que congela investimentos em áreas sociais por 20 anos para economizar e pagar os juros da dívida pública, promovendo um verdadeiro desmonte do serviço público e retirando os direitos sociais garantidos pela Constituição.
Centrais sindicais, sindicatos e movimentos sociais promoverão um ato, sexta, às 18 horas, na Esquina Democrática. Atos regionais também ocorrerão em várias cidades do interior do Estado.
Na próxima terça-feira (29), quando deve ocorrer a votação em 1º turno da PEC 55 no Senado, está programado um novo Dia Nacional de Luta. O objetivo é pressionar os senadores em Brasília e nas bases eleitorais dos estados para impedir a sua aprovação.
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