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Noventa anos é o tempo de uma vida. No âmbito familiar, esse tempo permite um legado de gerações, com filhos, netos, bisnetos. No tempo de uma organização sindical, é representado pela luta por direitos, pela defesa das condições de trabalho e de vida daqueles que formam uma categoria – um legado que, no caso de bancárias e bancários, vem sendo construído e passado por gerações de trabalhadores de
bancos públicos e privados.
Somos a única categoria no país a conquistar uma Convenção Coletiva Nacional de Trabalho, instrumento que garante um patamar mínimo de direitos para qualquer bancário de norte a sul do Brasil, complementado e enriquecido pelos acordos coletivos de cada banco.
Mas direitos não chegam assim, de mão-beijada. São conquistados, arrancados, são expressão da força e da união que mostramos em nossos processos de luta.
Esta revista celebra justamente os 90 anos de lutas do Sindicato dos Bancários do Espírito Santo, tendo como foco os desafios do presente e a atuação da entidade na última década.
E foram anos de muita resistência para a classe trabalhadora. Como parte da reorganização capitalista para recomposição de seus lucros, os governos promoveram um conjunto de medidas de retirada de direitos, entre ajustes fiscais e reformas de grande impacto, como a trabalhista (2017) e a da Previdência (2019), além da lei de terceirização (Nº 13.429/2017). O projeto da extrema-direita ganhou força com
Bolsonaro que, apesar de derrotado na disputa presidencial de 2022, segue com musculatura e capilaridade Brasil afora. A ameaça democrática ficou clara em episódios como a invasão aos Três Poderes, no dia 08 de janeiro de 2023, em Brasília; o atentado à bomba em frente ao Supremo Tribunal Federal (STF), em novembro de 2024; e a recém-revelada trama golpista para o assassinato de Lula, Geraldo Alckmin
e o ministro do Supremo Alexandre de Moraes. Espera-se que o conluio golpista seja enterrado com a devida prisão de Bolsonaro e de todos os conspiradores. Por isso, hoje, é parte da agenda política dos trabalhadores a defesa da Constituição Cidadã de 1988 e a recusa a qualquer tipo de anistia para os golpistas.
Além das lutas mais gerais, destacamos aqui o difícil combate ao adoecimento da categoria, resultado das práticas abusivas de gestão de um segmento ávido por lucro. Falamos das mudanças estruturais do mundo do trabalho, que incluem a crescente digitalização no sistema financeiro, e dos impactos provocados pela pandemia, como a consolidação do teletrabalho. Trazemos um resgate da resistência de bancários e bancárias do Banestes contra a tentativa de desmonte do banco público do Estado, patrimônio de todos os capixabas, cuja manutenção do caráter público tem sido assumida como missão de
nossas lideranças por décadas.
Da mesma maneira, salientamos o empenho da categoria e deste Sindicato na defesa do Banco do Brasil e da Caixa, instrumentos de desenvolvimento social e econômico indispensáveis ao país, que têm sofrido sucessivas tentativas de desmonte através da reorientação de suas políticas para o mercado e da privatização de suas subsidiárias.
Esta revista conecta lutas do passado, os sonhos que construímos no presente e as ações que pavimentam nosso futuro. É nesse sentido que trazemos também os investimentos das últimas gestões no patrimônio da categoria, com ações que envolveram a manutenção e o cuidado com os espaços físicos do Sindicato e a preservação da memória, com a adoção de medidas para a conservação do acervo documental e de comunicação. Esta revista é, inclusive, parte desse esforço.
Esses são apenas alguns dos escritos que você encontrará nesta publicação. Esperamos que passe por todos; que, assim como nós, se detenha nos detalhes; que se encontre também nessa história, que pertence a cada bancário e bancária capixaba.
Que o Sindicato dos Bancários/ES tenha vida longa e que siga construindo um legado coerente com o seu propósito, de defesa da categoria bancária e de fortalecimento de um projeto da classe trabalhadora, pautado na justiça social, no fim das desigualdades provocadas pelo capitalismo e na transformação radical da sociedade rumo ao socialismo.
Uma boa leitura!