Neste governo golpista, lugar de mulher é em casa, cuidando dos filhos, dos doentes e dos idosos. Nada de se aposentar e sequer receber pensão por morte do companheiro. É trabalhar, trabalhar e trabalhar para todos até morrer. Essa postura ficou bem evidenciada em seu discurso para comemorar o Dia Internacional da Mulher.
“Na economia, também a mulher tem grande participação. Ninguém é mais capaz de indicar os desajustes de preço no supermercado do que a mulher. Ninguém é capaz de melhor detectar as flutuações econômicas do que a mulher, pelo orçamento doméstico”, disse Temer.
Ao enfatizar que a inflação vem cedendo gradativamente, assim como os juros, o golpista ainda tascou nova gafe: “Com a recessão indo embora, volta o crescimento, volta o emprego. Hoje, graças a Deus, as mulheres têm possibilidade de empregabilidade que não tinham no ano passado. Com a queda da inflação, dos juros, significa que também, além de cuidar dos afazeres domésticos, terá um caminho cada vez mais longo para o emprego”, disse ele, ignorando sua proposta de aposentadoria para mulheres aos 65 anos e que não respeita e muito menos leva em conta a dupla jornada de trabalho diário.
Temer disse também que a mulher ainda é tratada como se fosse uma “figura de segundo grau” e que deveria ocupar o primeiro posto em todas as sociedades.
Coube à secretária de Política para as Mulheres, Fátima Pelaes, negar que Temer tenha sido preconceituoso no discurso: “O presidente Michel é muito mais do que palavra, são fatos”.
De fato, as atitudes de Temer são bem hostis com as mulheres. Ao criar regras únicas de aposentadoria para homens e mulheres, onde todos deverão contribuir por 25 anos e se aposentar a partir dos 65 anos – com menos que um salário mínimo -, Temer estende a dupla ou até tripla jornada de trabalho da mulher por muito mais anos.
Além disso, esse desmonte da Previdência e das leis trabalhistas estimula, no longo prazo, que as mulheres deixem o mercado de trabalho formal para cuidar dos familiares que ao longo da vida necessitarem de cuidados, afinal de contas, boa parte dos brasileiros não viverá até o dia de se aposentar.
A mulher terá que escolher se quer continuar no mercado de trabalho formal ou se quer ser mãe. Exatamente como Temer deseja para as mulheres do país.
Para as que optarem pela maternidade restará apenas um subemprego, pejotização, e informalidade, sem as devidas proteções da seguridade social. E mesmo aquelas que tiverem a carteira assinada poderão ficar sem férias, licença maternidade e outros benefícios se a cláusula do negociado sobre o legislado começar a valer para retirar direitos já adquiridos.
Nestas “reformas”, mulher que for mãe terá que conciliar os ganhos num mercado de trabalho ainda mais opressor, com jornadas de trabalho extenuantes e decididas apenas pelos patrões, com a tarefa de cuidar dos filhos e dos idosos que levarão anos para se aposentar ou sequer se aposentarão. Muitos deles, nem sequer chegarão a idade em questão.
Pelas novas regras propostas, as viúvas terão que optar pela pensão do marido ou pela aposentadoria, pois não poderão acumulá-la imediatamente. Não poderão acumular com outras pensões.
É por isso que as mulheres se juntaram neste 8 de março e gritaram um sonoro “Fora Temer” em todas as capitais do país.
INTERSINDICAL – Central da Classe Trabalhadora
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Foto: Beto Barata/PR
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