O Brasil atravessa um dos momentos mais dramáticos da história recente. Quase 53 milhões de pessoas se encontram na angústia desesperadora do desemprego ou do desalento ou vivem o drama de só encontrar bico ou subemprego para sobreviver. Acompanhando a precarização, despenca a renda do trabalho, cresce o número de famílias a morar nas ruas e na pobreza extrema, ampliam-se as desigualdades sociais, a violência e a barbarização das condições de vida do nosso povo. Essa situação exige dos setores populares urgente atuação para pautar nos debates do país os interesses da população trabalhadora: empregos, educação e saúde públicas, moradia popular, transporte, creche e demais itens básicos para a garantia da dignidade humana. Isso significa tomar iniciativas conectadas ao que realmente interessa ao nosso povo, evitando os factoides de Bolsonaro que diariamente tentam desviar a atenção dos reais problemas do país com suas declarações ou decisões esdrúxulas.
No plano internacional, volta à tona o temor de uma nova crise econômica mundial, levando o imperialismo a intensificar sua ação contra a classe trabalhadora e os povos. A resistência heroica na Venezuela e em Cuba, as mobilizações populares no Equador e no Peru e as vitórias nas urnas de projetos não alinhados ao neoliberalismo, como Bolívia e Portugal demonstram que existe resistência. Por outro lado, é inegável que ainda estamos em meio a uma onda conservadora e de avanço da extrema direita em diversos lugares do mundo. Trump é a expressão disso. Deve preocupar também a utilização, por parte da direita, das mobilizações em Hong Kong, onde os manifestantes empunham bandeiras do imperialismo e dos antigos colonizadores.
No Brasil, o desmonte do Estado dá a tônica. O rentismo, o capital financeiro e sua principal porta-voz, a Rede Globo, comemoram a reforma da previdência que vai saquear a renda das famílias em R$ 5 trilhões nos próximos 20 anos ao tirar o direito à aposentadoria de milhões de trabalhadores e trabalhadoras, ao cortar em 40% o valor da pensão de viúvas e viúvos e ao reduzir fortemente o valor dos demais benefícios, principalmente dos mais pobres. O rentismo e seus bajuladores comemoram também o pacote de privatizações anunciado pelo governo, que promete entregar o pré-sal e as áreas estratégicas das empresas estatais como já foi feito com a BR Distribuidora. O governo ataca a universidade pública, a ciência, a pesquisa, a engenharia nacional, desmonta e desnacionaliza o pouco que resta de indústria nacional, como aconteceu com a Embraer. O projeto em curso trata-se da maior ameaça à soberania e ao desenvolvimento do país.
O desmonte das instituições de controle do desmatamento e a ação destruidora do governo Bolsonaro mobilizam a atenção popular em todo o mundo, diante da devastação ambiental na Amazônia. Mas Bolsonaro dobra a aposta e anuncia sua pretensão de tornar as terras indígenas novas “serras peladas”. É preciso conter Bolsonaro e seu projeto de destruição nacional.
Depois da reforma trabalhista, da terceirização irrestrita e demais medidas para desregulamentar as relações de trabalho, o governo prepara uma reforma sindical que visa pulverizar e aniquilar o movimento sindical combativo. A Intersindical rejeita o sindicato por empresa (ou por opção ideológica/religiosa) e o pluralismo pretendido pela extrema direita e os ultraliberais. A chamada reforma sindical de Bolsonaro é parte da escalada autoritária por que passa o Brasil, e assim deve ser encarada. A defesa do pleno direito de organização sindical é fundamental para a classe trabalhadora e demais setores democráticos da nossa sociedade.
O assassinato de Marielle pela milícia amiga de Bolsonaro, a prisão de lideranças do movimento de moradia em São Paulo, o assassinato de lideranças camponesas e indígenas, assim como a censura à cultura e a natureza neofascista de Bolsonaro, Witzel, Dória, acusam a gravidade da situação. As revelações do The Intercept demonstram o acerto da Intersindical e demais organizações que se posicionam contra a prisão do ex-presidente Lula, encarcerado após um criminoso processo que visava garantir a “vitória” eleitoral da agenda de destruição nacional em curso.
O projeto de Bolsonaro é de destruição das conquistas da luta social no Brasil. A continuidade de seu projeto implicará em empobrecimento e miséria para a maioria do nosso povo, além de comprometer a soberania e as possibilidades de um projeto nacional de desenvolvimento igualitário e democrático no futuro próximo. As possibilidades de derrotar Bolsonaro dependem da maioria do povo compreender o retrocesso social representado pelas políticas desse governo. O desemprego, a piora das políticas públicas de saúde, educação, moradia, transporte, assistência e demais necessidades básicas, e a possibilidade de mudar esse quadro podem levar o povo a se levantar e a lutar ao lado das organizações ligadas à classe trabalhadora e aos setores democráticos e populares do nosso país.
A Intersindical Central da Classe Trabalhadora reafirma seu compromisso com a construção da mais ampla unidade contra o desmonte do Estado e dos direitos e a escalada autoritária em curso. Nos somamos às mais diversas articulações unitárias a fim de criar, junto ao povo, massa crítica e força social para conter a escalada autoritária, derrotar o governo de destruição nacional de Bolsonaro e restabelecer a democracia e os direitos do povo brasileiro.
São Paulo, 06 de outubro de 2019
Direção Nacional da Intersindical Central da Classe Trabalhadora
ANELISE SILVEIRA RUBLESCKI disse:
Há algo de concreto planejado para tentar parar esta reforma da previdência até 22 de outubro?